Hector tentava, desesperadamente, se livrar daquela aura que o envolvia. Vários guardas se posicionaram com espadas desembainhadas, lanças em riste e arcos a postos. Um esquadrão de magos do fogo juntou as mãos espalmadas invocando pequenos círculos incandescentes em torno de si enquanto cercavam o garoto.
O coração martelava no peito de Hector enviando adrenalina e medo por cada célula de seu corpo. Um guarda avançou com a lança em riste fazendo mira no coração do garoto, instintivamente ele ergueu as mãos para se defender e a aura vermelha que o cercava disparou como um raio quebrando a lança e decapitando o guarda fazendo sua cabeça rolar até os pés do rei Adrião. Outro guarda disparou uma flecha certeira que ricochetou na energia rubra que estava claramente defendendo Hector. Um terceiro ainda tentou usar a espada para perfurar Hector pela costa, mas assim que a lâmina entrou em contato com o campo de força escarlate, o guarda foi consumido por fogo. Os magos do fogo liberaram suas magias concentrando todo o calor possível em Hector. As chamas eram tão intensas que estavam quase brancas, porém, ele não sentiu nada, mas ainda estava confuso. Quando as chamas cessaram, Hector não havia sofrido um arranhão sequer.
Os olhos de Adrião brilhavam de ódio e Hector, totalmente desesperado, não sabia o que fazer. A aura de poder brilhava cada vez mais intensa ao redor dele e o rei atacou. Várias estalactites desceram do teto como uma chuva mortal, Hector ergueu os olhos e viu um enorme espigão de ferro descer diretamente sobre sua cabeça só para explodir em vários pedaços assim que entrou em contato com a aura que o cercava. O rei Adrião fez ainda duas enormes placas de ferro emergir do chão na vã tentativa de esmagar o garoto, porém, tudo que tocava a energia escarlate que banhava Hector, simplesmente se consumia em chamas e explodia.
― Hector, o que é isso meu filho?
O coração do garoto partiu-se no peito ao ouvir aquelas palavras. Virando-se em direção a entrada da sala do trono, Hector viu sua mãe incrédula lhe lançando um olhar de pena, imediatamente a aura de poder se esvaiu levando consigo toda a energia dele, a força lhe faltou e os joelhos cederam fazendo-o cair ajoelhado em meio à enorme destruição a sua volta. Hector notou que sua mãe estava algemada, junto com ela, toda sua família. Luke e Alixia também estavam entre eles juntamente com suas famílias. Adrião havia cumprido sua promessa, havia reunido todos que Hector amava para forçá-lo a assumir uma culpa que não lhe cabia. O garoto sabia que era uma atitude desesperada e inescrupulosa, mas surtiria efeito, ele não podia deixar que fizessem mal a qualquer um deles.
Hector olhava em volta atordoado demais para pronunciar qualquer palavra, fosse um pedido de ajuda ou um simples soluço de desespero. Sua mãe correu até ele ignorando os olhares ameaçadores dos nobres que não haviam debandado no meio do caos. O garoto sentiu os braços quentes e fortes de sua mãe o envolverem seu pescoço puxando sua cabeça para lhe aconchegar no colo materno. Estava fraco demais para se importar com o que quer que fosse acontecer a seguir, apenas se permitiu chorar abraçado com sua mãe até soluçar e sentir o nó na garganta doer. Hector morreria para proteger qualquer um que amasse, principalmente se esse alguém fosse sua mãe, sua doce e amada mãe.
― O que houve meu amor?
As palavras foram acompanhadas de lágrimas, Hector sabia que sua mãe estava chorando, sabia que ela estaria desesperada com a cena que viu assim que adentrou no grande salão. Ele não permitiria que nada acontecesse a ela, ao seu pai e seus irmãos, protegeria Luke e Alixia, protegeria todos. Silenciosamente pediu perdão a Helena, não poderia salvá-la, teria que confiar que ela ficaria bem. Hector enxugou as lágrimas com a costa das mãos e tentou um meio sorriso confiante para sua mãe, deu-lhe um beijo na testa e olhou no fundo de seus olhos, iria levar aquela imagem para sempre.
― Vai ficar tudo bem mamãe. Eu prometo!
Quando Hector havia ingressado nas lutas para ajudar nas finanças da casa, ele proferiu a mesma sentença para sua mãe, sabia que, na época, ela não acreditara, bem como naquele mesmo momento. Hector ficou de pé e encarou seu pai que apenas assentiu. Como um homem responsável, o padeiro Fred entendia o significado de "dever e honra", certamente odiaria o que o filho estava prestes a fazer, mas Hector precisava. Seu olhar percorreu seus pequenos irmãos tão inocentes, com grandes olhos assustados e inquietos, tentando absorver tudo a sua volta, agarrados em seu pai.
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Entre Reis e Demônios - A Filha do Tempo
FantasyHelena é a princesa de um reino mágico coberto e permeado pelo fantástico, porém, ao contrário de todos os seus ancestrais, ela jamais esboçou qualquer magia em seus dezesseis anos de existência. Acostumada a fugir do castelo para se reunir com seu...