Sebastian Verlac

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      Eram 09:00 a.m quando cheguei à Estação Gare d’Austerlitz, em Paris, meu primeiro pensamento foi que tinha que encontrar Sebastian Verlac. Eu só não sabia como. Andei pelo local, admirando a estrutura ao mesmo tempo simples e complexa. O teto era amplo e ornamentado com metal e vidro. A estação era aberta, alguns dos trens posicionados para saída. Outros voltando do seu destino. E eu já estava absurdamente entediado.

      Foi quando ele apareceu.
      Verlac tinha mais ou menos a minha altura, olhos escuros e cabelos negros. Salvo por um nariz aquilino, não éramos fisicamente muito diferentes.

      Perfeito, pensei.

      — É muito bom ter alguém como eu por aqui. — Falei, mantendo a voz baixa, me aproximando dele. Fingir ser amigável, charmoso. Esse era o truque.

      Ele se assustou e se virou de forma brusca, o olhar procurando instintivamente os meus, depois seguindo para minha mão, onde a Marca da Clarividência era visível e em seguida para o cinto de armas, invisível para os mundanos com uma runa, claro. Uma expressão de reconhecimento traçou seu rosto. Sorri.

      — Autre Chasseur d'Ombres? — "Outro Caçador de Sombras?" Sebastian murmurou, em francês, indagando o óbvio. Seus olhos viajaram novamente até os meus cabelos. — Você é...? — Disse, em inglês dessa vez, já que era a língua oficial de Idris.

      — Suíço. — Respondi rapidamente. — Estava viajando, conhecendo alguns Institutos. Era a vez de Paris quando recebi o chamado de Idris.

      Se ele havia desconfiado de algo, não deixou transparecer.

      — Então suponho que nos conheceríamos de toda forma. — Sebastian ergueu uma das mãos, estendendo-a para mim. O anel ornamentado com a figura de serpentes brilhou em seu anelar. — Eu sou Sebastian. Sebastian Verlac.

      — Jonathan. — Murmurei, ocultando propositalmente meu sobrenome, agarrando a mão estendida para mim em um cumprimento.

      — Jonathan. — Verlac sorriu. — Eu estava justamente indo para Orleans, onde encontraria um feiticeiro que abriria um portal para Idris. Que bom que você apareceu, já tenho uma companhia. Vamos?

      Eu assenti, me mantendo pouco passos atrás dele, arrastando minha bagagem. Ele estava caindo direitinho na armadilha.


⚜️⚜️⚜️

      Pegamos o trem das 11:00, a estação nos deixaria em Orleans, onde, pelo que eu entendi, encontraríamos Ivanna Linn, uma feiticeira recomendada pelo Alto Feiticeiro de Paris. A viagem era um pouco extensa, então resolvi conhecê-lo melhor.

      — Você disse que nos conheceríamos de toda forma? — Comecei o assunto, mantendo sempre a voz calma e reconfortável.

      — Sim. Eu moro no Instituto de Paris, com a minha tia.

      — Entendi, então seus pais estão em Idris? — Perguntei. Parte para não morrer de tédio e parte para obter informações sobre Sebastian.

      — Meus pais foram mortos em um ninho de demônios perto de Calais, no norte da França... — Ele colocou uma perna em cima da outra e entrelaçou seus próprios dedos. Fiz um esforço para parecer condescendente. Ele deu de ombros e, com um sorriso torto, continuou: — Está tudo bem, isso foi há muito tempo. Minha tia me levou para o Instituto de Paris e desde então moro com ela.

      — E como é ela?

      — É uma mulher rígida, mas também sabe ser amável. Ela é irmã de Patrick Penhallow, meu tio. Suponho que você conheça os Penhallow, certo?

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⏰ Última atualização: Mar 29, 2020 ⏰

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