Mestiços

Doce Como O Mel

Byun

"Não estou brincando." Três palavrinhas provavam que Chanyeol não tinha a menor noção do perigo. Mas Baekhyun conseguia senti-lo, conseguia sentir o perigo correndo por suas veias. O pulso próximo da sua face fazia-o salivar. O que não parecia certo. Nunca na sua vida mordeu outra pessoa, não com a finalidade de sugar seu sangue, nem sabia como fazer aquilo, embora acreditasse que seria instintivo, como um bebê buscando leite do seio da mãe. Por que parecia tão irresistível?

Já bebera sangue humano, sangue coletado que o pai de Jongin conseguiu para si, sabia o gosto. Era difícil admitir, mas nem o mais doce mel, nem pudim de chocolate (sua sobremesa favorita), pareciam tão saborosos quanto. Nem mesmo um copo de Coca-Cola com gelo e limão numa tarde de verão.

Segurou o pulso fino e branquelo, observando as veias azuis que sobressaíam sobre a pele. Depois mirou Park, que lhe olhava por detrás dos óculos redondos. Ele ainda carregava uma expressão confiante, mas o braço trêmulo não o deixava mentir.

Sentiu as presas crescerem, e abriu os lábios para não machucá-los.

"É só um pouquinho... Se for só um pouco eu vou ficar melhor. Não vou machucá-lo", pensou enquanto encostava os caninos pontudos na pele alva. "Ah, Park, é bom que você não se arrependa".

Estava pronto, mas o destino já havia preparado algo.

— Aí estão vocês! — Ouviu a voz de Jongin.

Assustado, Chanyeol puxou seu braço de volta, cortando a pele em um dos caninos de Baekhyun, que também se assustara. Costumava sentir o cheiro do seu amigo quando ele estava se aproximando, mas naquele momento seus sentidos estavam tão bagunçados que nem o percebeu se aproximando.

— V-Vocês demoraram — comentou Baekhyun, se levantando e se afastando de Chanyeol. O cheiro do sangue dele estava lhe deixando louco.

Jongin olhou para o amigo e depois para Chanyeol, que escondia o pulso sangrando.

— Eu ganhei uma revista do Deadpool — avisou, levantando a sacola que segurava na mão direita. — Kyungsoo me deu, mas terei que esconder dos meus pais, você sabe como eles são.

Baekhyun olhou nos olhos do amigo, e tentou pedir ajuda apenas com o olhar, mas Jongin já tinha entendido.

— Minha tia mora aqui perto, meus pais pediram pra eu passar lá, você pode vir comigo, Baek? — perguntou Jongin.

— Claro! — exclamou em resposta, embora soubesse que Jongin estava mentindo.

Chanyeol se levantou e foi para o lado de Kyungsoo.

— Nós já vamos também, o ônibus vai passar logo. Vamos, Soo?

— Está bem.

Eles se despediram rapidamente, tentando soar convincentes, mesmo que todos soubessem que tinha algo errado ali, até mesmo Kyungsoo. Levou menos de um minuto e as duplas seguiram caminhos opostos.

Baekhyun andou alguns metros sem falar nada, para então sentar-se na calçada, arfando. Jongin sentou ao seu lado.

— O que aconteceu? Você ia mesmo fazer o que eu estava pensando?

Baekhyun respirou fundo e expirou com leveza, até que respondeu:

— Park Chanyeol é louco, eu não estou brincando. Ele...

— Ele?

— Ele me ofereceu seu sangue, disse que eu poderia mordê-lo se isso fosse fazer eu me sentir melhor.

Jongin começou a tossir, engasgando com a própria saliva.

— E-Ele o quê?

— Estou falando sério! E eu estava quase mordendo, não sei onde eu estava com a cabeça.