Capítulo Sete

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Uma parte de mim é todo mundo:
Outra parte é ninguém,
perdida na imensa escuridão desse universo que estamos destinados a viver.
Designados a sofrer pelas nossas escolhas e atitudes.

Mih Franklim

O silêncio dentro da caminhonete parecia ser sólido como uma árvore, forte como um metal e árduo como as cascatas de uma cachoeira

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O silêncio dentro da caminhonete parecia ser sólido como uma árvore, forte como um metal e árduo como as cascatas de uma cachoeira. A todo momento meu pai me olha de relance enquanto dirigia, e eu permaneço em silêncio apertando a minha mochila contra o meu corpo em um abraço desesperado, clamando por um pouquinho de paciência. Existe tantas palavras presas na minha garganta, tantos insultos que tenho vontade de gritar para todos dessa cidade de merda escutarem, mas optei pelo silêncio.

O amargo e rancoroso silêncio, enquanto o meu coração grita dentro do meu peito querendo respostas.

Lamentável, nunca imaginei que não poderia confiar nós meus pais — como querem que eu tenha confiança, se eles não são capazes de confiar em mim?! Sem reciprocidade não é possível mantermos uma relação de amor e afeto verdadeira.

Também sei que nenhum amigo meu poderia me ajudar nesse momento, Hugo, Mia, Mateus e nenhuma das meninas saberiam interpretar o que eu sinto dentro de mim. Essa fera que está acordando é minha, eu preciso domá-la, preciso de respostas.

Quem eu realmente sou?

— Antonella, não fique chateada minha menininha. — meu pai resmungou mantendo o seu olhar fixo na estrada — Sabe, parte da minha mente não aceita que você cresceu tanto em tão pouco tempo.

O olhei com as sobrancelhas arqueadas, mordi o interior das minhas bochechas me contendo para não falar nada.

Não quero ser mal-educada, porque claramente estou com vontade de mandá-lo a merda. Ficar de castigo agora não me parece ser uma boa opção, se bem que eu não tenho opções. O que é a chuva para quem está dentro da cachoeira?

— Parece que foi ontem que você chegava animada em casa, correndo para me abraçar. — ele sorriu perdido em lembranças — A minha pequena bailarina, de cabelos vermelhos com aquela saia rosa exagerada.

— Tule. — sussurrei mordendo os lábios quando o seu olhar carinhoso pairou sobre mim.

— O que?

— A saia, era um Tule. — confirmei acenando com a cabeça — Bom, as pessoas dizem que aquele tipo de saia, as das bailarinas são um Tule... — ele me interrompeu.

— Filha.

— Papai, por favor. — arfei frustrada.

Ele também está sofrendo, é possível ver claramente sua expressão de dor e raiva. Talvez meu pai não queira me esconder segredos, quem sabe essa seja a forma dele me proteger do mundo que me aguarda. Céus, mas como eu poderei me defender, se meus pais não me ensinarem o que devo fazer, quem vai, a vida. Como devo agir agora, porque meu corpo está tendo essas sensações estranhas, quem eu sou, preciso ter uma base no que está acontecendo para entender o que vai acontecer.

Ela é do Supremo 1º (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora