Capítulo 7 - Se eu fechar os olhos agora

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"And I tend to close my eyes when it hurts sometimes"

(E eu costumo fechar meus olhos quando dói, às vezes)

(Someone You Loved - Lewis Capaldi)

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Meredith PoV

Existem dores que só amenizam quando você foge delas. Fugir de uma dor não é necessariamente um ato de covardia; é mais um instinto de auto preservação. Na noite passada eu fugi da dor nos braços de Andrew DeLuca. Escutar que sou velha, que tenho uma vida que foi imposta injustamente ao homem que eu amo e que o mercado está cheio de mulheres mais jovens e mais desejáveis para que ele pudesse se esbanjar foi algo que eu não soube lidar com muita clareza. Então, abafei minha dor e quis provar à mim mesma que eu podia sim, ser uma mulher desejável, que toma a iniciativa e sabe o que quer. Meu poder estava personificado naquela lingerie sexy que escolhi e na forma como EU conduzi tudo o que aconteceu naquele quarto. Eu estava orgulhosa de mim porque eu sabia que poderia ser o que eu quiser, em qualquer circunstância da minha vida.

No dia seguinte, pela manhã, eu me dirigi ao hospital sozinha. Mesmo com as energias esgotadas e sem ter dormido direito na noite anterior, eu sentia ainda no meu corpo cada toque do Andrew, de forma viva e intensa. Minhas pernas ainda estavam bambas e minha intimidade levemente dolorida pelos esforços intensos da noite passada. Cobri com base de rosto o chupão que Andrew deixou em meu pescoço e fiz isso sorrindo diante do espelho. Se eu fechar os olhos agora, consigo reproduzir fielmente os nossos movimentos frenéticos, nossa respiração ofegante e o prazer sobrenatural que senti na noite passada. Mais do que qualquer discurso que tentasse me desqualificar como mulher, a grande verdade é que eu me sentia viva, desejada e completamente capaz de dar e receber prazer e que só de pensar nisso eu já estava ficando excitada novamente.

Andrew levou as crianças à escola e iria chegar um pouco atrasado. Eu não poderia me atrasar, pois tinha consulta com a Dra. Dawson logo cedo. 

Adentrei o consultório dela e conversamos sobre os últimos dias. Ela estava otimista quanto ao resultado dos meus últimos exames. Não havia nenhuma alteração e a anemia que havia se manifestado já estava sendo combatida com mudanças na minha alimentação e com comprimidos de ferritina. Entretanto, a Dra. Dawson, me observando nestes últimos dias, notou que eu estava com um semblante triste e desmotivado. Tentei afastar essa observação dela, mas ela não se deu por vencida.

- Meredith, estado de depressão também pode ocasionar episódios frequentes de perda de memória. Precisa ficar atenta à sua saúde emocional.

Realmente minha saúde emocional não estava nada bem, apesar da minha autoestima ter se elevado nesta última noite. Mas eu sabia que, nos últimos tempos, ora eu me sentia a super mulher, como nesta noite com o Andrew, ora eu me deixava abater por inseguranças como a fala da Dra. Stanford que não me saía da cabeça. Prometi à Dra. Dawson que eu a procuraria caso eu sentisse necessidade em falar.

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Próxima a hora do almoço eu avistei o Andrew, parado no posto da enfermaria na ala da Pediatria. Eu cheguei, abraçando-o por trás.

- Mer - ele virou-se me cumprimentando com um beijo - te vi tão rápido essa manhã, foi uma loucura, né? Eu já estava com saudades.

- Eu também - eu disse me aconchegando nele.

- Que foi? Algum problema? - ele me perguntou fazendo carinho no topo da minha cabeça.

- Não - eu disse levantando a cabeça para beijá-lo - só feliz com as lembranças de um italiano quente que esteve na minha cama nessa noite.

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