Capítulo 13 - Sob a cortina de fumaça

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"I let my guard down and then you pulled the rug
I was getting kinda used to being someone you loved"

(Eu abaixei minha guarda e então você puxou o tapete
Eu estava me acostumando a ser alguém que você amava)

(Someone You Loved - Lewis Capaldi)

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Dizem que durante a nossa vida, podemos vivenciar experiências de quase-morte. Claro, é uma possibilidade mínima de isso acontecer ao menos uma vez na vida de cada pessoa, mas na minha tornou-se algo habitual. Eu já vivenciei vários momentos de quase-morte: o quase-afogamento, a recuperação do espancamento no hospital, fora tantos outros que, mesmo não estando em um estado físico grave, foram experiências de quase morte emocionais. E, neste exato momento, eu acabava de vivenciar mais uma.

O choque de ver a casa de Jo pegando fogo e a possibilidade de que meus filhos não pudessem ter escapado, com certeza se encaixa nessas experiências. E então, eu fui puxada por uma realidade de alívio, que me mostrava meus filhos são e salvos, mesmo com o susto de perder a Ellis. Mas, ao recebê-la de volta, parecia que o destino cobrava o preço alto: a possibilidade palpável e real de perder Andrew. Toda essa tensão, esse castigo dos deuses, do destino ou do que for, era demais para mim. E então eu me senti desfalecer, nos braços do Ben e na frente da Ellis. 

Eu acordei alguns minutos depois e desejei que tudo aquilo fosse um pesadelo. Assim que abri os olhos, chamei desesperadamente:

- Andrew!! Andrew!!! Andrew, por favor, Andrew!

- Calma, Meredith, calma! - era Ben, tentando sem sucesso me acalmar - nossos homens estão lá, estamos tentando tirá-lo de lá.

- Ele não pode morrer, Ben, nós temos muita coisa...nós íamos comemorar hoje, Ben...nós...temos..nossos filhos, Ben, nossa carreira... - eu falava tudo atropeladamente.

- Meredith...

- Nós vamos envelhecer juntos, Ben, ele me prometeu isso, ele não pode...

E então eu desabei em um choro desesperador. Dei graças a Deus que meus filhos estavam com Tanya e com os bombeiros, protegidos e longe dessa cena. Agora, eu não me preocupava com compostura, eu apenas queria o Andrew são e salvo. Eu ainda não havia entendido como ele tinha vindo para cá e como ele se envolvera no resgate da Ellis, mas isso não importava por enquanto. Eu só queria vê-lo do meu lado, a salvo e bem.

- Me leve mais pra perto, Ben, eu preciso vê-lo, eu preciso ver o que tá acontecendo...

- Meredith, você não pode se aproximar muito, o fogo está intenso demais...

- Ben, por favor, me leve pelo menos para perto do local onde a Ellis estava, quem sabe, quem sabe ele esteja lá...por favor, Ben!!

Eu gritava como uma louca, alucinada e nesse momento eu não era Meredith Grey, a respeitada cirurgiã, cheia de prêmios e reconhecimento, e também dona de um auto controle invejável. Eu era uma mãe que quase tinha perdido seus quatro filhos e uma esposa que só queria se agarrar nas últimas esperanças de ter seu marido, o melhor marido que alguém poderia desejar, de volta em seus braços.

Eu podia ver o olhar do Ben, destroçado. Ele também não acreditava que aquilo estava acontecendo e também tentava se manter forte, por mim. Ele me apoiava segurando meus ombros, me abraçando, e olhava para o exato local onde a Ellis surgira, na esperança de que o Andrew pudesse também sair dali a qualquer momento.

Foi então que, nesse momento, vimos um vulto, caminhando com dificuldade em nossa direção. Estava tudo embaçado, envolto em fumaça e fogo, mas com certeza, era um vulto. De um homem. Oh, meu Deus.

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