Capítulo 11 - Eu abaixei minha guarda

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"Somebody to have, just to know how it feels
It's easy to say, but it's never the same
I guess I kinda liked the way you helped me escape"

(Alguém para ter, só para saber qual é a sensação
É fácil dizer, mas nunca é o mesmo
Acho que eu meio que gostava do jeito que você me ajudava a escapar)

(Someone You Loved - Lewis Capaldi)

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Meredith PoV

Acho que minha mente não processou muito bem o fato de Andrew abrir a porta e adentrarmos o consultório da Dra. Dawson. Minhas vistas escureceram e eu achei que ia cair, mas fingi estar bem. Eu precisava me manter forte. Não dava para fugir mais.

A Dra. Dawson estava totalmente compenetrada em tomografias e também em suas anotações no notebook. Nós entramos, a cumprimentamos e ela apenas sorriu sem levantar a cabeça. Estava concentrada demais. Eu não sabia interpretar se isso era bom ou ruim. Resolvi arriscar:

- Dra. Dawson, se tiver algo a me dizer, fale de uma vez, sem enrolação, por favor.

- Meredith, estou apenas checando uma última coisa aqui, ok? Já conversamos.

Eu olhei para o Andrew. Ele sorriu nervosamente. Meu Deus, aquilo parecia algo interminável. Eu não conseguia ficar parada, então comecei a andar no consultório da Dra. Dawson. Eu nunca tinha observado o quanto o consultório dela era bonito: algumas pedrarias decorando as pequenas mesas, dois bonsais bem cuidados e dois porta-retratos: um com a foto dela e do marido e o outro com uma foto dela com Lana no colo, no dia do aniversário de 1 aninho. Eu sorri. A Dra. Dawson poderia ser super profissional no consultório, mas quando atravessava a porta, ela era uma manteiga derretida com a nossa família. E eu tinha orgulho de tê-la recebido em minha vida, como madrinha da Lana, como nossa conselheira e amiga. Ela era uma benção.
Eu sorri.

- Meredith, Andrew, por favor, desculpe a demora. Vamos nos sentar e conversar.

Eu gelei. Eu preferia que ela falasse sem enrolações. Eu sou médica e sei que os discursos antes de anunciar a tragédia servem apenas para dar coragem a quem dá a notícia.

- Dra. Dawson, apenas diga de uma vez, ok? Por favor, apenas...diga. - eu disse falhando miseravelmente em esconder minha agitação.
- Meredith - disse Andrew olhando para mim e colocando a mão paciente na minha perna. - Vamos deixar a Lana falar.

A Dra. Dawson sorriu para ele. Ela gostava de ser chamada por nós pelo primeiro nome. Ainda mais que isso a lembrava de que déramos seu nome à nossa filha.

- Vocês sabem que eu nunca esconderia nada de vocês, não é mesmo?

Acenamos afirmativamente a cabeça. Os dois imersos em um silêncio tenso.

- Ótimo...então, tudo o que eu disser aqui, acreditem, é a mais pura realidade.

Eu suspirei e apertei a mão do Andrew. Eu conseguia ouvir meu coração bater no meu ouvido. Era como se fôssemos abrir a caixa de Pandora. Ninguém sabia realmente sobre as consequências do que estava por vir.

- Meredith - começou a Dra. Dawson - ao longo dos últimos dias, você tem passado por uma bateria de exames. Os últimos exames que você realizou foram os mais decisivos. Foram 3 testes imprescindíveis para a realização do diagnóstico de Alzheimer. Para se chegar a um diagnóstico preciso, entretanto, é algo demorado e às vezes levamos vários meses de observação de sintomas e comportamentos. 

Ela se ajeitou na poltrona. Minha mão, entrelaçada à do Andrew, suava e ele a apertava e olhava para mim me transmitindo forças. Eu escutava a Dra. Dawson,mas a agitação me dominava. Se ela não falasse logo, eu com certeza teria um ataque do coração.

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