Prólogo

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Fred

Entrei no flat e senti o cheiro de limpeza. Gostava de ter os lençóis e toalhas sempre trocados, tinha certo TOC quanto a isso. Caminhei direto para o quarto e retirei a roupa, passei para o banheiro da suíte e entrei debaixo do chuveiro. Ao terminar o banho, coloquei um dos roupões que estava sobre a bancada e voltei à sala, preparando uma dose de uísque e, na sequência, acendendo um charuto. Andei até a sacada e observei o horizonte. A noite estava agradável, e eu já começava a sentir ansiedade. Planejara aquele encontro, desejava aquilo e me irritava por me sentir assim. Peguei o celular. Ela estava 15 minutos atrasada. Mas que porra! Digitei uma mensagem:

Você está 15 minutos atrasada!

Ela visualizou, mas não respondeu. Isso me deixou puto.

Da para ter a decência de responder a porra da mensagem!?

Ela visualizou e começou a responder.

Tive problemas, Fred.

O caralho que ela iria me enrolar! Queria ligar e esbravejar. Entretanto, me contive. Eu aguardava com ansiedade para ter aquela boceta, então baixei a guarda.

Mas você virá?

Mandei a mensagem, e nada de ela visualizá-la. Que porra! Ela está me fazendo de palhaço, só pode! Perdi a paciência e liguei. O telefone tocou uma, duas, três, quatro vezes. Na quinta, já estava saindo faísca dos meus olhos. Na sexta, vociferei:

— Filha da puta!

— Fala! — sua voz desdenhosa soou do outro lado da linha, deixando-me ainda mais irritado.

— Porra! Por que não atende essa merda!?

— Eu já estou na sua porta — respondeu seca.

Fui até a entrada, escancarando a porta e me surpreendi com a roupa que ela trajava.

— Eu já estou aqui — sua voz era fria.

Seus cabelos castanhos estavam presos em um rabo de cavalo, seu rosto, sem nenhuma maquiagem, e ela vestia calça legging, camiseta e tênis. Em nada se parecia com uma garota de programa. Normalmente elas exalam sensualidade e extravagância, tanto no uso das roupas quanto em suas abordagens. Contudo, aquela garota me intrigava, visto que ela não tinha o perfil de uma profissional do sexo se apresentando ao seu cliente pela primeira vez.

— Entre — fui seco. Odiava atrasos.

Ela passou por mim e parou no meio da sala.

— Onde posso deixar a minha bolsa?

— No sofá.

Ela apoiou a bolsa sobre o assento e permaneceu em pé sem nada dizer.

Aproximei-me e a peguei pela cintura, puxando seu corpo para junto do meu. Passei minha língua em seu pescoço, e ela permaneceu quieta, estática como uma pedra. Parecia até mesmo não respirar. Tentei colocar a mão por baixo de sua blusa, e ela me freou, falando:

— Primeiro o dinheiro.

Dei um sorriso.

— Você é dessas? Sabe que o valor que estou pagando é uma quantia exorbitante? Nunca uma puta me foi tão cara, e eu vou querer que você faça valer cada centavo investido.

— O dinheiro? — Ela não me encarava.

Fui até minha pasta, que estava no sofá, e de lá retirei o envelope com os 30 mil reais.

Inverno intenso ( CAPÍTULOS PARA DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora