Capítulo 24

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Eu ia dizer para ela que eu ia me arrumar, mas ela já estava indo, então a segui. Quando chegamos à porta, no entanto, me surpreendi o tanto quanto minha tia: meu tio estava lá.

- Arthur?- Ela estava realmente chocada, olhos arregalados, como se ela achasse que era um sonho. Meu tio quase nunca parava em casa, nem conseguia chegar a tempo para o aniversário dela, somente no natal e ano novo. O negócio é que ele não sabe esse lado que ela me trata com desgosto, ele acha que ela uma simpatia em pessoa, nunca tive chance de contar para ele porque sempre que estamos juntos ela fica em cima dele quando ele vai conversar comigo, não tenho nem como tentar.

-Sim, meu amor! Feliz aniversário!!- Ele abriu um sorriso gigante, ela se emocionou, limpando seus olhos das lágrimas que caíam de saudades dele e pulou nele em um abraço apertado.

-Nem acredito, meu amor. Você veio por mim. No meu aniversário.

-Sim, já que estou há muitos anos na empresa, consegui finalmente convencer ele a me dar esse tempinho para ficar com minha família. Esmeralda! Você também está aqui? Que saudades de você!

-Também, tio! Faz muito tempo que não te vejo, como está?

-Sabe como é, né? Sobrecarregado de trabalho e sempre em viagens, uma hora cansa.

-Deixa de ser bobo, querido, ela não tem a menor ideia do que é isso.  Nossa Esmeraldinha está só concentrada nos estudos e os shows. Tem tempo em excesso em suas mãos.- Eu ia abrir a boca para negar, mas o olhar de minha tia me calou. Ainda assim tenho que ser controlada por ela, mais fácil eu virar um robô mesmo.

- Acho que ela sabe sim, eu só na escola já me sobrecarregava, imagine com shows? Nossa, seria um peso para mim. E eu conheço a Esmeralda, menina esforçada que nem ela só ela. Falando em esforçada, cadê minhas meninas?- Depois que ele colocou ela no chão, ele ficou com o braço ao redor do ombro da minha tia.

-Elas estão na escola, amor.

-O que a Esmeralda está fazendo fora da escola, então?- Bingo, lá vem a desculpinha.

-Ai, querido, você sabe como ela é, ela acordou cedinho para preparar meu café da manhã surpresa de aniversário e eu falei para ela que eu ia fazer uma festinha para comemorar, ela se voluntariou para fazer os salgados, eu insisti que eu ia comprar, mas você sabe como a menina é determinada, ela insistiu que ela iria fazer até me assustei o quão persistente que ela foi.

-E as meninas não podiam faltar para ajudar ela?

-As meninas falaram que tinham uma matéria importante hoje.

-É mesmo.- Olhei para baixo, quase chorei, esqueci. Espero que a Kelly tenha anotado para mim.

-Viu? A Esmê nem sabia disso, devia ter insistido mais para ela ir.

-Desculpe, querido, eu só descobri no carro. Elas me contaram lá só. Nem passou em minha cabeça sobre ela.

-Depois converso com as meninas para você recuperar a matéria, ok? Vou fazer que nem eu fazia já faz muito tempo: Pegar o quadro e elas vão ensinar, você lembra disso?

-Faz tanto tempo, que saudades.-Sorri, fazendo-o sorrir também. Sempre que ele estava envolvido, eu me dava bem com minhas primas.

-Está combinado então. Depois, meu bem, somos nós dois.-Falou para tia Fabi.- Deixa eu falar um oi para minha sobrinha que não vejo a tanto tempo.- Ele me abraçou e fiquei mais tranquila.-  Mostrei as músicas para meu chefe, sabia? Agora ele mostrou para a filha dele e ela te ama agora, acredita?- Ele disse depois de me abraçar e voltar para a sua posição inicial.

- Meu orgulho.- Minha tia chegou perto de mim e me abraçou de trás. Eu dei um pulo, mas já abri um sorriso falso.

-Fico sempre feliz de orgulhar você, tia. E obrigada tio, pode ter chances de eu conhecê-la.

-Seria uma boa para meu emprego.- Ele piscou e demos risada. Minha tia parou de me abraçar e quase dei uma respirada de alívio.

-Meu amor, o papo está muito bom, mas já está no tempo de buscar nossas filhas.

-Uma delas já está aqui.-Fico feliz que não sou filha da tia Fabi, mas bateu uma saudade dos meus pais. Eu sorri para ele, mas internamente bateu uma insegurança de não estar nos braços deles.

-Vou só ficar pronta, já venho.

- E eu vou trazer minha mala para dentro. Depois te dou o seu presente de aniversário, viu amor?

-Não dê imediatamente que eu quero ver, hein?

-Claro, Esmê, vejo que a curiosidade que você tem mudou nada.- Ele deu uma risadinha.

Por isso que eu gostava tanto o tempo que ele vinha. Tenho uma ideia de como nós seríamos como uma família se ela não me tratasse mal, eu prefiro esse lado dela.  Sem raiva, sem discussões mas principalmente quando ela, até se ela é falsa sobre isso, me olha com meiguice ao invés do olhar de "aja como eu quero" que aparenta que só ela sabe fazer. Me arrumei, pensando no quanto eu gostaria que agíssemos como uma família bem estruturada e saber qual seria o motivo de ela me tratar tão diferente de todo mundo. Prendi o cabelo, colocando uma camisa bege básica com uma jeans, com minha sapatilha de laço preto, e já estava pronta.

-Olha como você cresceu, Esmê. Parecida com a sua mãe, alguns traços do seu pai. Eles realmente eram um casal bonito.- Meu tio me disse, quando cheguei até a porta.- Admiro você demais, Esmeralda. Tenho até um presentinho das minhas viagens, depois te dou.

-Obrigada, tio.- Sorri. Lá vinha minha tia, arrumada demais, um vestido amarelo até o tornozelo, cheio de elegância.

-Uau, olha só minha rainha. Você está linda, amor.

-Obrigada, meu bem. Você está muito elegante também, meu rei.- Ela deu uma risadinha como daquelas meninas adolescentes de filme que estão apaixonadas e vi como ela se transforma quando está com ele.

Esmeralda- A Famosa CinderelaOnde histórias criam vida. Descubra agora