não há estrelas visíveis
no céu que eu vejo pela janela.
a vasta escuridão das árvores,
fazendo contraste com a leve
claridade do céu, me desmonta.
meus lábios estão secos e a
minha mente enevoada.
minhas mãos dançam pelos lençóis,
procurando algum método de calmaria,
que seja capaz de calar os nervos,
tão enlouquecidos que quase gritam.
as palavras estão caladas,
ao mesmo tempo em que giram,
sem formar uma frase concreta.
e eu não sei.
não sei o que acontece
a cada vez que algo sai por
entre meus lábios, a cada vez que a
inteligência escapa por entre meus dedos
e eu sinto como se estivesse catatônica,
presa dentro de um corpo onde
não sou capaz de proferir o que é certo.
o errado toma conta do meu redor
e dele faz a sua moradia,
se arrastando e empurrando
por todo o canto,
até estar espremido entre as quatro
paredes do pequeno quarto retangular.
minha cabeça está girando
e meu coração está sangrando.
mais uma vez, ah, mais uma vez.
o que diabos acontece e
onde está o auto controle que me falta?
eu sinto que quero gritar,
soltar isso que está preso
em minha garganta,
até arranhar as cordas vocais
e não sobrar voz para ser ouvida.
mas ao invés de gritar,
os meus olhos varrem a
escuridão do recinto,
encontrando a mesma imagem
que eu sempre vejo pela janela.
está gelado,
mas não há vento nessa noite,
e eu observo,
pedindo para que no fundo
isso tudo acabe.
— 22 de novembro, 2019.
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Cor Mortem
Poetry𝗆𝗈𝗋𝗍𝖾 𝖼𝖺𝗋𝖽𝗂𝖺𝖼𝖺. | o gosto amargo da morte em meus lábios e o coração explodindo no peito de tanto sentimento. #15 em poesia (09.11.2019) ♡ #11 em poesia (21.02.2020) ♡ #09 em poesia (22.02.2020) ♡ #02 em poesia (23.02.2020) ♡
