Na Estrada

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        Em 45 minutos eles já estão fora da cidade, e do banco de trás Kandecy vê os prédios mais altos da cidade desaparecerem de sua visão.

        Ela se sente aliviada e isso lhe parece estranho, pois ela sempre gostou da cidade e todos os dias tinha algo novo para que ela podesse fotografar. Talvez ela se sente assim por saber que se ficasse na cidade não conseguiria mais ser feliz, nada mais em sua volta teria aquela essência maravilhosa como era.

        Quanto mais eles se distanciam da cidade, mais árvores grandes e matas aparecem. Aquilo encanta Kandecy pois é diferente das árvores que tem na cidade, mas ela não tem ânimo para fotografar.

        Sua mente ainda está voltada para o enterro de sua mãe, e pensa no quanto poderia ter dito mais coisas. Ela se sente um fracasso.

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                     Às 11:23 horas.

- Kandecy, você está com fome? - pergunta seu avô preocupado. Ela não disse nenhuma palavra desde quando saíram do cemitério.

- Sim. - responde Kandecy depois de um tempo, mas na verdade ela não está com fome, apenas quer descer um pouco do carro.

- Eu preciso parar para abastecer o carro e enquanto isso você pode ir comer algo.

        Logo à frente tem um posto de gasolina, também é um posto diferente dos da cidade, ele é maior, tem restaurante e lanchonetes mais simples. Ao estacionarem ao lado da bomba de combustível, os dois descem do carro.

- Pegue querida, vá comer algo. Quando eu terminar aqui eu te encontro. - diz seu avô tirando dinheiro do bolso na calça e dando para Kandecy.

        Ela agradece com um sorriso, vai caminhando e entra em uma das lanchonetes na qual mais lhe chamou atenção por ter flores, pequenas esculturas de barro e madeira que deixava o lugar mais interessante. Ela não estava muito afim de ir ao restaurante, preferia um lanche mais simples e aquela lanchonete foi a escolha perfeita.

        Kandecy entra, na lanchonete tem mesas e bancos de madeiras lindos para os clientes se sentarem, cada mesa tem pequenos potes com flores, e entrando mais a fundo tem cardápios nas paredes.

- Olá moça, sabe o que vai pedir? Pode se sentar que eu irei até você. - diz um funcionário bem educado da lanchonete apontando para as mesas.

- Eu quero um capuccino e um sanduíche, por favor. - responde Kandecy se sentando em uma das mesas.

        O atendente anota seu pedido num pequeno bloco de papel, e se retira. Em poucos minutos seu avô a encontra na lanchonete.

- Já pediu algo querida? - pergunta Joe com um sorriso no rosto ao ver que Kandecy está feliz e admirando o lugar.

- Sim. E o senhor vai comer algo?

- Vou lá pedir algo. Este lugar é lindo!

- Muito. Na cidade não tem lanchonetes como esta.

        Joe vai até a bancada, faz o seu pedido e volta para a mesa. Kandecy e Joe permanecem em silêncio. Em poucos minutos o lanche dos dois é entregue em sua mesa. Joe termina de comer primeiro, e espera Kandecy terminar.

- Querida eu vou lá pagar a conta.- diz Joe e logo em seguida Kandecy lhe devolve o dinheiro. Ele se levanta e vai até a bancada pagar.

        Ele volta à mesa e Kandecy já havia terminado de comer. Os dois estavam ali observando a simples lanchonete e o quanto essa simplicidade era encantadora.

- Eu já vim aqui uma vez, com sua mãe. Ela era um pouco mais nova e ficou tão encantada quanto você. A diferença é que antes não havia os cardápios nas paredes e as mesas eram uma madeira sem brilho. - diz seu avô emocionado.

        Kandecy fica em silêncio, sem saber o que dizer. Ela ainda está triste, mas também feliz com tantas lembranças boas, feliz por saber que agora vai conhecer o lugar onde sua mãe cresceu.

        Seu avô se levanta e ela já entende que é para irem embora, saem da lanchonete e voltam pro carro, dessa vez Kandecy senta no banco do passageiro da frente.

        Em poucos minutos chegam à estrada que é apenas via dupla, e as florestas tomavam de conta de toda a visão, mas as cores das flores se destacava ao meio de tantas árvores grandes.

        Depois de um bom tempo olhando a paisagem e finalmente distraída, com a mente vazia sem pensar no que aconteceu com sua mãe, ela adormece.

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                      Às 13:34 horas

- Kandecy, Kandecy! - diz seu avô baixinho tentando acordá-la quando já estão perto de chegar. - Kandecy acorde já estamos perto.

        Kandecy acorda assustada como se tivesse tido um pesadelo, mas logo se acalma e observa a vista. Estavam passando por um vale, logo ela diz:

- É aqui onde o senhor mora? Pensei q morava distante de outras casas.

- Não querida, eu não moro dentro do vale, moro distante mesmo. Podemos vir aqui algumas vezes tem pessoas que quero que você conheça. - responde seu avô sorrindo.

        Kandecy sorri também, demonstrando interesse.

- Você parece estar gostando, fico feliz por isso. Você me lembra muito sua mãe e sua avó. - diz Joe feliz, mas um pouco emocionado.

- Por que eu não gostaria? - pergunta Kandecy sem entender bem o que ele quis dizer.

- Nada! É só que você sempre viveu na cidade, então imaginei que nada aqui fosse ser legal pra você, apenas muito simples e chato. - responde Joe um pouco tenso.

        Kandecy apenas sorri, e não fala mais nada. Os dois permanecem em silêncio.

Kandecy & ZavOnde histórias criam vida. Descubra agora