Segunda Feira - 16 de dezembro

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        Kandecy está a dormir, quando acorda às 2:43h da madrugada com o telefone tocando. Ela se recusa a levantar da cama, mas o telefone insiste em continuar tocando, logo, irritada Kandacy decide se levantar e vai até a mesa da cozinha atender.

- Boa noite, aqui é do hospital Duke University. Kandecy está? - (diz a moça no telefonema).

- Sim, sou eu mesma. - (afirma Kandecy já com uma dor no peito em receio a sua mãe que está internada nesse hospital).

- Peço que venha de imediato. - (informa a moça com um tom trêmulo).

- Mas o que aconteceu moça?! Minha mãe, como ela está? - (pergunta Kandecy quase chorando).

- Sua mãe faleceu. Kandecy eu sinto muito, você tem que vir já. Estamos lhe aguardando. - (contou-lhe a terrível notícia sem muitos detalhes).

        Kandecy desliga o telefone e permanece em silêncio, em choque. Seu corpo perde as forças e ela cai aos prantos no chão, está tremendo, corpo gelado, pálido e seu coração bate em um ritmo lento, mas com tanta força como se fosse saltar pela boca. Ela permanece ali, parada e com os pensamentos embaralhados sem acreditar naquela notícia. Por um momento o mundo parece parar.

        Sua mãe era professora de balé, chama-se Marlene. Uma mulher alta, pele clara e de olhos verdes, 41 anos de idade. Há poucos dias havia sido diagnosticada com câncer colorretal que já estava no estado avançado, passou por algumas cirurgias e ficou internada, apresentava melhoras.

Kandecy nunca conheceu o pai, ele morreu em um acidente de moto poucos meses antes dela nascer. Então, sempre viveu sozinha com a mãe, apesar de tudo elas viviam super bem na cidade. Kandecy ama fotografias, paisagens e rotina, coisas simples sempre foram o suficiente pra ela.

        O trauma de uma perca dolorosa do qual jamais vai se esquecer acaba de mudar sua vida e se torna a chave para o que está por vir.

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Às 2:56h da madrugada - está a chover.

Kandacy não foi passar esta noite no hospital com sua mãe, pois teve de ficar em casa para resolver afazeres acumulados.

- É MENTIRA!! NÃO PODE SER VERDADE! - (ela reage, grita se levantando as pressas para ir até o hospital usando as últimas forças que ainda lhe restava).

Kandecy desce as escadas de seu prédio rapidamente e segue até a avenida principal onde avista um táxi, toda molhada da chuva ela entra de um jeito grotesco no carro assustando o motorista.

- Meu deus do céu garota! - (diz o motorista com o tom de voz ofegante).

- Preciso ir o mais rápido que puder até o hospital Duke University. - (diz Kandecy friamente, tirando do bolso uma quantia de dinheiro para dar ao motorista. Ele não questiona e logo dá partida).

        Em 7 minutos chega ao hospital. Ela desce do táxi desesperada com as pernas trêmulas e corre para dentro do hospital em direção à ala de internação.

         Na porta do quarto 06 está duas enfermeiras e um dos médicos que acompanhava todo o processo de sua mãe, esperando por Kandacy. Sem dizerem nada ela soube que era tudo verdade, que sua mãe tinha partido. O corpo de Marlene está sobre a maca, coberto. Kandecy se aproxima com pequenos passos, e ao tocar na pele gelada de sua mãe falecida, ela chora alto e sente uma dor inexplicável.

        Permanece ali por um bom tempo, segurando a mão fria e pálida de sua falecida mãe pensando o que seria dela agora. Às 3:30h entram na sala três caras e colocam o corpo em uma maca de necrópsia, logo se retiram da sala levando o corpo de Marlene. Kandecy senta no chão chorando, suas lágrimas ardem em seu rosto. Neste momento ela está completamente perdida e vazia.

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Às 4:16h da manhã.

        A outra médica que acompanhou desde o início o caso de Marlene não estava no hospital quando ocorreu a morte, soube da triste notícia há meia hora atrás e acaba de chegar ao hospital. Ela entra no quarto e ao avistar Kandecy diz:

- Venha, está frio para ficar no chão, deixe-me te ajudar.

        Kandecy não responde, ela simplesmente está em choque e sem forças. A médica a levanta pelos braços e a carrega por dois grandes corredores vazios do hospital até uma sala onde há poltronas e uma mesa de centro, é uma sala de descanso e não havia ninguém. A médica conduz Kandecy até uma das poltronas e sentam lado a lado, por alguns minutos permanece ali um silêncio intenso.

- Você tem os olhos de sua mãe. [...] Sinto muito Kandecy, eu acreditei muito na recuperação de Marlene, ela apresentava melhoras e de repente se agravou, muito pior do que antes. [...] Não precisa se preocupar, cuidaremos de tudo. Descanse, se precisar me procure eu estarei por perto. Me chamo Cleo. - (diz a médica que se levanta e deixa Kandecy sozinha que permanece em silêncio).

         Fora o barulho e o vento da chuva o hospital está em completo silêncio. A cabeça de Kandecy doí com os pensamentos a milhão, mas aos poucos com o cansaço e sonolência ela vai se acalmando. De repente, ao longe ela começa a ouvir vozes baixas como sussurros estranhos indecifráveis, como almas que estão vagando ali conversando entre si. Parece loucura, mas Kandecy não está delirando e isso não a deixa surpresa, pois a sua dor gritava tão alto ao ponto de não se importar com o seu exterior.
    Às 4:47h Kandacy adormece.

Kandecy & ZavOnde histórias criam vida. Descubra agora