Quarto capítulo

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Danielle não queria morrer, e para ela, obedecer uma estranha armada seria assinar sua própria sentença de morte. Fugir também era arriscado, ela deveria correr muito rápido, além de contar com a sorte para que a mulher não conseguisse lhe acertar um tiro. Correr... Zigue-zagues... Por favor, Deus. Essas palavras vinham em um mantra em sua mente.

Em um rompante, a loira se virou para a saída e iniciou a sua corrida. Um passo, um disparo. O projétil atingiu a parede da gruta, soltando faíscas.

Dois passos, outro disparo. Danielle sentiu o ombro ferver. O impacto do tiro lhe acertando o ombro esquerdo fez com que ela caísse no chão gritando de dor. Danielle se desesperou ao sentir o sangue quente escorrer pelo ombro, encharcando-lhe a blusa.

Por favor, Deus!

Girando o corpo no chão, ela apoiou todo o peso do seu corpo sobre o seu braço direito, tentando se levantar rapidamente, e então ouviu o terceiro disparo. A loira caiu de queixo no chão quando o tiro lhe dilacerou a mão direita, arrancando o dedo mindinho. O grito de dor de Danielle se misturava com as gargalhadas da menininha.

— Lilith... — A mulher chamou a atenção da menina. — Vai procurar o seu irmão.

— Mas... Mãe!

— Não. — A mulher disse firme — Vai, agora.

Com o rosto colado no chão rochoso, Danielle viu pelo canto dos olhos a menina sair em passos pesados e braços  cruzados. Quando a menina desapareceu do seu campo de vista, sentiu o cano quente da arma passando lentamente pela parte de trás de sua coxa, indo do joelho até a virilha.

— Não! Por favor... — Danielle gritou, com a voz falhada.

A mulher sorriu, balançando a cabeça para os lados.

— Sabe... Minha filha é muito curiosa, mas tem momentos em que uma mãe deve se atentar para que suas crias não vejam algumas coisas. Você entende?

O cano da arma já estava entre as pernas de Danielle, e o clique do destrave ecoou pela gruta.

— Não! Aí meu Deus!

— Deus? Se você tivesse me obedecido, nada disso teria acontecido, meu anjo.

A mulher levou os dedos frios pelas costas de Danielle, indo pela nuca até os cabelos dela, e então ela puxou os cabelos loiros violentamente, virando o corpo da jovem e colocando-a sentada no chão. A mulher encarava o rosto sujo de terra de Danielle com um sorriso malicioso, e Danielle chorava ao encarar aquele rosto maligno a um palmo de distância de si. Ela tremeu o corpo inteiro e gemeu em desespero ao sentir o cano da espingarda tocando entre suas pernas novamente. Num movimento desesperado tentou se desvencilhar da mulher, em vão.

— Um anjo, tão lindo... Mas tão... Tão... — A mulher tinha decepção em seu olhar — Você ia mesmo deixar o seu namoradinho pra trás?

— Não... Por favor... — Danielle chorava de dor e pânico.

— Isso é tão feio. Acho que você engana as pessoas com esse rostinho tão bonito.

Num movimento brusco, a mulher soltou o cabelo de Danielle, recuou o corpo levemente e girou a espingarda no ar  para, violentamente, bater com a arma contra o nariz da loira. Danielle caiu no chão com a coronhada, sentindo o nariz fervendo e o sangue lhe crescer pelos lábios, mas antes que pudesse reagir, outra coronhada lhe acertou no queixo. Um terceiro golpe lhe acertou novamente no nariz, e a loira ouviu o som de algo se quebrando.

A mulher então se ergueu e deu dois passos para trás, assistindo enquanto a loira, estirada no chão, balançava a cabeça de um lado para o outro completamente atordoada.

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