Ela permaneceu deitada por quase uma hora inteira. O único som que ouvia era o dos insetos noturnos, e o pio distante de uma coruja. Sua respiração inflava seu peitoral lentamente, enquanto, de olhos fechados, recuperava forças para se levantar. O cabelo loiro estava úmido pela terra, sujo o suficiente para grudar alguns fios em sua testa, o seu corpo todo tinha o cheiro metálico de seu próprio sangue, já seco. Mas naquele momento ela não ligava para seu próprio estado. Tudo o que Danielle queria era conseguir escapar dali.
Com joelhos trêmulos, se ergueu lentamente e puxou uma garrafinha de água para si, bebendo todo o líquido em apenas três goles. Ela secou o queixo com as costas da mão, e nesse instante sentiu a dor pela ausência de um dedo. Gemendo, segurou o choro, pressionou a mão ferida com o tecido de sua camisa suja e iniciou a caminhada rumo à trilha.
Era escuro demais. Por duas vezes a loira tropeçou em pedregulhos, e em outro momento, pisou em falso em um buraco, sentindo os músculos do tornozelo doerem por isso. Danielle mancava, sem mesmo saber se pelo tiro ou pelo tornozelo torcido, mas continuou adiante. Um passo atrás do outro e lentamente.
Ela deveria seguir por uns quarenta minutos até chegar ao local em que estacionaram os veículos, e isso fazia com que Danielle contasse cada passo que dava. Lágrimas desciam pelo seu rosto inchado, e ao chegar na metade do caminho, mais lágrimas saíram pelos seus olhos ao ouvir sirenes ao longe. Eles a ouviram! Ela chorou e sorriu e continuou caminhando adiante, acelerando seus passos pela trilha.
Poucos minutos mais e viu as luzes vermelhas por entre a mata. Eles estavam se aproximando! Danielle sorriu mais, e se apressou mais. Um passo, dois, três. Ela torceu o pé novamente. Gemeu e xingou de dor. Mas continuou.
Ouvia e via as sirenes, e mesmo longe, percebeu que eles estacionaram seus veículos em algum lugar adiante. A loira continuou rumo às luzes. Vermelho. Azul. E de repente, preto. Danielle nem sequer percebeu quando pisou em uma dispositivo e uma estaca lhe perfurou o olho, parando ao atravessar sua nuca. O corpo da loira tombou em meio a trilha escura, e seu sangue escorreu lentamente pela terra molhada.
— Os Lorenzetti sempre foram os mais ricos e importantes da cidade, seguindo uma longa linhagem de filhos únicos e homens. Henrico herdou a pedreira quando o pai faleceu em um acidente, e sempre foi um homem bastante reservado... Ninguém sabia dizer ao certo sobre sua vida privada além de rumores e fofocas. Mas... todas as mais pesadas eram sempre silenciadas.
Bia olhava para uma parede descascada, os braços cruzados, o corpo escorado em uma caixa de madeira. Alice, Amanda e Pedro estavam defronte à ela, escorados na parede oposta.
— Ele teve um filho e adotou outros dois quando a esposa faleceu, um menino e uma menina. Os seus três filhos cresceram e ajudaram o homem a manter o império Lorenzetti, e se esforçaram sempre em se manter longe dos holofotes e das notícias. Discrição era um sinônimo para Lorenzetti. Mas as fofocas sempre vinham, e vieram com força quando a filha adotiva dele teve um bebê sem um pai. Ninguém sabia quem era o pai e ela nunca contou... Henrico pelo visto trancafiou a filha pelo desgosto dela ser mãe solteira, mas, quando ela teve um mais uma garotinha sem um pai, pelo visto Henrico morreu de desgosto... Ele foi encontrado morto logo após o nascimebto da netinha.
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Noite Sangrenta
Ужасы[História interativa] [+18] Um grupo de jovens universitários decidem acampar em uma mata isolada, a fim de comemorar o aniversário de um deles. O que eles não esperavam era que cruzariam o caminho de uma família de assassinos cruéis, que farão de t...