Sétimo capítulo

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A criatura cadavérica avançava em direção a loira rapidamente, erguendo os braços finos para frente.

Danielle gritou, ignorando todas as dores das pernas e pulsos, e num rompante bateu o ombro violentamente sobre a porta, abrindo-a e atravessando para o outro lado. Ela virou o corpo, e empurrou a porta rapidamente. Um baque ecoou no momento em que a coisa bateu contra a porta recém fechada. Danielle gritou novamente, a porta não aguentaria muito tempo.

Em passos mancos, Danielle desceu pulando degraus, e viu-se diante um longo e estreito corredor. Ela sentia o frio subir do chão para os seus pés descalços, mas continuou adiante. Ela levou as mãos para as orelhas ao ouvir o som da porta se abrindo abruptamente, e mordeu os lábios, desesperada. Apressando os passos, a loira continuou adiante, até que uma mão lhe cobriu a boca, e outra lhe agarrou pela cintura, puxando a loira para dentro da escuridão.

Rebatendo seu corpo em um espaço pequeno e escuro, Danielle sentiu a mão lhe apertar ainda mais a boca, dificultando sua respiração. Ela tentou se desvencilhar, mas o outro braço que lhe agarrava pela cintura a impedia de se mover. Ela só parou ao ver a criatura cruzar o corredor, poucos centimetros de onde estava.

Um longo minuto de silêncio se estendeu até que a criatura desaparecesse pelo corredor, e então as mãos que agarraram a loira se afrouxaram, soltando-a. Ela se virou lentamente para a pessoa que lhe agarrara, e viu uma estranha com o dedo sobre os lábios, pedindo por silêncio.

- Quieta... Eu não vou te machucar. - A outra sussurrou - Qual o seu nome?

Danielle estava pálida, com os olhos arregalados e a boca contraída, olhando fixamente para a garota de maquiagem pesada e jaqueta de couro.

- Ok. - Ela sussurrou ao perceber que Danielle não lhe daria respostas - Eu sou Bia... Beatriz... Você veio sozinha?

Danielle balançou a cabeça em negação. Bia arregalou os olhos ao ver que Danielle começava a chorar.

- Hey... vai ficar tudo bem... - Ela levou a mão para o ombro da loira - Com quem você veio?

- Ele... matou... o... Eric...

- Eric... - A jovem torceu o lábio, balançando a cabeça levemente - Eram só vocês dois?

Danielle negou com a cabeça, abaixando o olhar e caindo sobre seus joelhos. Beatriz arqueou as sobrancelhas e respirou fundo, ajoelhando no minúsculo espaço e ficando cara a cara com a loira. Danielle chorava, incapaz de dizer qualquer coisa.

- Presta atenção... - Bia continuou sussurrando - Eu preciso saber... Quantas pessoas vieram com você?

- Por que? - Danielle encarou a outra, engolindo o choro - Que diferença faz?

- Porque... - Bia suspirou, tomando paciência - sozinhas não vamos conseguir lidar com todos eles. Eu preciso saber quanta ajuda...

- Ajuda? - Danielle fechou o semblante - O que você quer?

- Eu não fui clara? Eu... Esses desgraçados alimentam aquele Corpo Seco há anos, eles veneram aquela coisa como se fosse um... um... Deus... E os malditos me usaram, me torturaram e me deixaram para morrer...

- Um Corpo Seco? O que...?

Danielle balançou a cabeça. Nada daquilo fazia sentido. Ela franziu a testa, voltando o olhar para o corredor e perdendo-se em sua própria mente.

- A coisa que estava atrás de você... - Bia mordeu o lábio inferior e levantou o olhar, encarando o teto por um instante antes de se voltar para Danielle - Eu tentei dizer para a polícia, mas eles riram de mim, tentei levar aos jornais, mas a história era sensacionalista demais... Ninguém acreditou... Ninguém... Então...

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