Eu sentia o seu toque, já não me lembrava dele, apertava pra não querer perdê-lo de novo, sentia-o comigo pai, até ser empurrada por você, ser empurrada pra um lugar escuro, solitário, barulhento. Uma música tocava ao fundo, quando de repente alguém surgira da escuridão e me puxara violentamente me levando a outro lugar, um lugar alto. Eu não conseguia conter os meus passos que lentamente iam se aproximando do abismo, da beirada daquele enorme penhasco. Até que então: Um um passo e falso. Um único passo que me levava ao fundo, uma caída sem fim. O vento que batia em meu rosto me levava pra longe e eu me sentia cada vez mais distante, mas então eu fechei os meus olhos. Tudo parou e eu estava de frente com você, separada por uma grande muro de água. Você Jules me encarava com desprezo, seus passos iam se afastando quando você disse: Eu tenho que ir e de repente desabando toda aquela água sobre mim, aquele peso insuportável onde eu engasgava perdida por aí. Pensei que me afogaria eternamente, perderia todo o fôlego e chegaria no fundo do mar obscuro completamente sozinha. Porém de repente tudo parou, as gotículas do mar mexiam-se lentamente e eu nadava batendo mãos e pés, nadava e nadava, até chegar a topo e tudo ficar branco, uma enorme luz que doeu meus olhos e ouvidos e me levou até aquele hospital, vazio. Eu vaguei por aquele corredor silencioso e no fundo o barulho daquele trem andando nos trilhos me assombrava. Estava congelando, eu estava com frio e com medo segurando o moletom vermelho cobrindo o meu rosto para me esconder daquelas cores monótonas. A cada porta fechada que eu ultrapassava pelo vidro eu observava memórias que existiam dentro de mim, e cada vez que eu chegava ao fim daquele corredor, mais machucada eu me via, mais hematomas surgiam em minha pele, até que enfim dei um único passo para dentro de um quarto, encontrando-me em total pedido de socorro.
Meu olho inchado expulsava as lágrimas com toda a sua vontade e molhava a minha pele escorrendo as estrelas até chegar os meus lábios. Minhas mãos tremiam e o peito esvaziou-se com um sopro gelado daquela realidade. No canto esquerdo Gia e a minha mãe choravam em desespero e logo os médicos começaram a chegar, eu parecia não estar ali, e na verdade...Não estava. Eles faziam movimentos rápidos, pegaram o desfibrilador e direcionaram ao meu peito.
Uma vez eu dançava na sala da minha casa, duas vezes eu caía por aquele penhasco, três vezes eu me afogava perdida por aí, até que na quarta vez... Na quarta vez foi quando o meu coração voltou a bater de novo, meu ar voltou de repente e eu senti uma enorme dor com toda aquela pressão da bomba que levava todo o sangue de volta ao meu corpo, toda aquelas substâncias que tentavam limpar tudo que ingeri. Eu estava de volta, eu estava de volta mais uma vez.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Euphoria : After Jules
FanfictionJules se foi, entrou naquele trem após a festa de formatura deixando Rue para trás, ou Rue a deixou ir, mas ninguém sabe o que aconteceu depois.