O dia em que vi com você, eu juro que não vou entregá-lo a ninguém

2.4K 400 89
                                    

Taehyung havia decidido ir para o esconderijo novamente naquela semana. Ainda fazia o esforço por saber que seus pais não gostavam muito da ideia de que ficasse por muito tempo longe. Para não causar mais intrigas, ele se esforçava para conseguir ir — mesmo sabendo que Jeongguk ficava chateado por ser deixado sozinho. E nem gostaria de fazê-lo, mas não tinha escolhas.

Assim que chegou em frente a porta, suas batidas foram altas e pesadas, não demorando para que logo alguém estivesse abrindo ela. Era um dos seus três irmãos, Jehyun.

— O meio humano chegou! — ele gritou, abrindo a porta e sorrindo para o mais velho, que bufou inconformado.

— Já disse para não me chamar assim. — O Kim avisou, caminhando adentro do esconderijo do clã.

— Mas é a verdade. Você praticamente vive com humanos agora!

— Jehyun, para de encher o saco! Taehyung, como você está? — Era a voz de Eunji, a mais velha antes dele.

Taehyung sorriu triste para ela, sentando-se no grande sofá disposto da enorme sala, ao longe conseguindo observar seus pais e mais alguns outros da linhagem na cozinha.

— Estou bem, só... um pouco cansado — justificou, e apesar de saber que nem ela ou Jehyun haviam de ter acredito, manteve assim.

— Irmão TaeTae! — a voz se fez presente no ambiente abafado, e Taehyung abriu um grande sorriso assim como os braços para acolher a irmã mais nova, Chaejong. — Você chegou!

— Olá, pequena Chae  — Taehyung disse docemente, fazendo carinho nas madeixas pretas da mais nova. — Você tem protegido nossa família enquanto fiquei fora? — ele perguntou, vendo a mais nova sempre afastar apenas para assentir veemente com um sorriso fofo.

— Chae tem cuidado de todos enquanto irmão TaeTae ficou fora!

— Muito obrigado, pequena. Eu não conseguiria fazer nada sem a sua ajuda — disse com um sorriso pequeno, vendo a mais nova ficar envergonhada. — Fofa. Jeongguk perguntou por você. Você quer vê-lo também?

— Googie namorado de irmão TaeTae? — ela disse animada, fazendo Taehyung sorrir bobo enquanto assentia.  — Chae quer!

— Ok, vou marcar um dia livre para irmos tomar um sorvete, tudo bem? — avisou, a mais nova concordando com um sorriso enorme. Assim que ele terminou sua fala, todos que antes restavam na cozinha se aproximaram, indo em direção a porta.

— Estamos indo caçar, Taehyung. Você não vem? — sua mãe perguntou, segurando a mão de Chaejong quando ela correu para lá, e todos aguardaram por sua resposta.

Taehyung abaixou o olhar, negando.

— Eu sei o porquê de você não querer ir. — Jehyun disse simplório, abrindo a porta novamente para saírem. — Se encheu de comida de gente — e depois disso, ele saiu.

Todos pareceram aceitar seu silêncio como uma confirmação daquilo. Despedindo-se de Chaejong com um acenar de mão, ele viu quase todos  deixando o esconderijo em seguida. A única que permaneceu foi Eunji, e assim que a porta foi fechada, ela se sentou do seu lado no sofá.

— Eu sinto meu corpo recusando a comida, mas não é tanto- Não é como antes. Eu posso ficar bem — ele disse rapidamente, quase como se uma trava fosse desativada.

— Ele fez você jantar com ele, não foi? Deveria colocar tudo isso para fora, Taehyung. Não é bom para o seu corpo...

— Posso lidar com isso, Eunji noona.

— Não, não pode. Da última vez fosse ficou mal a madrugada toda!

— Mas agora é diferente! Eu tenho adequado meu corpo aos poucos, e- Vê, eu não estou tão mal assim! Da última vez eu-

— Você chegou vomitando e sem forças para conseguir ao menos ficar em pé. — Ela disse com pesar, como se lembrasse bem daquele momento. — Taehyung, sei que quer... quer ficar próximo de Jeongguk mas... não é tentando se matar que vai conseguir isso. Seu corpo precisa de sangue. Você é vampiro, não pode fugir disso.

— Eu odeio ser isso.

Eunji suspirou pesadamente, apertando a mão no ombro em consolo.

— Sim, eu sei bem disso. Mas não pode mudar isso, Taehyung. Você é o que é. — Ela afirmou, levantando do sofá e oferecendo a mão para ele, que frustrado, aceitou. — Agora vamos colocar toda essa comida para fora.

— Eunji noona, por favor... Deixe eu pelo menos tentar... — murmurou. — Eu não me sinto ruim, de verdade! Eu acho que meu corpo está aceitando melhor a comida.

— E se você passar m-

— Se eu me sentir mal, prometo a você que não tentarei mais fazer isso.— Taehyung disse, olhos brilhando com sua promessa. — Por favor, só dessa vez.

Eunji olhou fixamente para ele, tentando encontrar alguma brecha para conseguir tirar aquela ideia da cabeça do mais novo. Quando não achou, ela apenas suspirou pesadamente, concordando.

— Eu confio em você, Taehyung. Não me faça me arrepender disso.

— Não vai. — disse veemente. — Por que não foi com eles?

— Eu queria falar com você sobre algo e também te passar uns novos nomes. Seu namorado vai adorar isso.

Taehyung sorriu triste.

— É, ele vai.

Juntos, eles foram para o quarto de Taehyung, onde o mais novo fez sua higiene, indo para a cama. Vampiros não dormiam, mas Taehyung tinha aquele hábito desde que conheceu Jeongguk. Ninguém mais o interrogava por aquilo.

— Aqui estão os nomes. Eles tem caçado humanos nas zonas que eu sou responsável. — Eunji entregou para Taehyung que deu uma rápida lida antes de colocar debaixo de sua almofada. — Dirá a ele amanhã?

— Sim, provavelmente.

— Escuta, Taehyung — Eunji iniciou, vendo seu irmão olhar atentamente para ela. — Você realmente... você realmente quer continuar com isso?

Taehyung franziu a testa, sem entender.

— O que quer dizer?

— Não sei, Tae. Olhe para você. É como Jehyun tem dito. Você... É mais humano agora.

Taehyung deixou o corpo cair por completo na cama, olhos fechados. A imagem de Jeongguk foi a primeira a surgir, como se tudo que habitasse ali fosse ele. Seu coração batia mais acelerado apenas por pensar no mais novo, uma sensação boa apossando dele.

— Eu o amo, Ej noona. Desde o primeiro momento que vi, eu sabia que era ele. Mas há uma barreira enorme que nos mantém longe mesmo que não vejamos, e é essa barreira que eu quero quebrar.

— Vampiros e humanos, em? Que história triste a que você vive, meu irmão. — Ela murmurou com pesar. — Mas, você sabe, certo? Em algum momento, ele vai descobrir isso. E você, o que fará?

Taehyung engoliu, mordendo o lábio inferior com força.

— Ele nunca vai descobrir, e viveremos bem assim, como temos vivido.

— Você o subestima.

— Isso não é verdade! — disse levemente alterado. — Ele é muito bom no que faz, noona. Bom... demais. Eu preciso ser ainda melhor para evitar que ele descubra algo, e é assim que temos ficado bem por todo esse tempo.

— Sei do seu esforço, Taehyung. Gosto de Jeongguk, ele te faz feliz como nunca foi antes dele. Mas você é minha prioridade. Se um dia, algo sair do controle... o que acontecerá? Jeongguk te matará ou te deixará partir? — Eunji disse enquanto levantava, se afastando da cama. — É disso que tenho medo.

— Se algum dia chegarmos nesse momento, Eunji noona, eu confiarei em Jeongguk.

— Eu espero que isso nunca aconteça. Mas se acontecer... — Eunji abriu a porta, saindo do quarto. — Já saberei sua resposta.

Eunji deixou o quarto, e Taehyung não conseguiu evitar se afundar em um mar de pensamentos. E infelizmente, ele não era humano o suficiente para conseguir dormir.

Passaria a madrugada pensando.

ROADS | taekookOnde histórias criam vida. Descubra agora