Como se ele estivesse sussurrando uma despedida cheia de luz

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Desde aquela noite, Taehyung não havia voltado para casa, desencadeando dias dolorosos. Partir para longe então se tornou apenas uma vaga ideia colocada no fundo da sua mente, aguardando alguma oportunidade de sair. Ele desejava que no fundo o Kim ao menos aparecesse para que pudesse vê-lo, mas não sabia se mesmo agora isso seria uma boa ideia.

Sozinho, ele não conseguia conter as novas vezes que seu corpo exigia que ele deixasse sair lágrimas e mais lágrimas. Não havia chorado tanto assim por dias mesmo quando perdeu seus pais. Era provavelmente a pior dor que já havia sentido em toda sua vida.

Taehyung era um vampiro. Por todo esse tempo ele tinha ficado do lado de alguém da espécie que jurou odiar e matar. Soava estúpido. E mesmo assim, apesar de toda a raiva, ele não conseguia se tornar indiferente ao sentimento no peito. Ainda amava tanto Taehyung, e duvidava muito que isso fosse passar logo.

Mais dois dias para completar uma semana sem ter nenhuma notícia de Taehyung, ele resolveu que tentaria aliviar a mente com a única opção viável naquele lugar, já que matar vampiros não aparentava ser a melhor opção desde o incidente com Eunji.

O bar estava cheio como sempre, com suas cores mortas e seus barulhos desagradáveis. Jeongguk estava sentado frente a bancada de madeira, o copo de uísque girando em sua mão calmamente antes que ele tomasse um pouco do conteúdo. Desceu queimando sua garganta, e quando ele sentiu o efeito passar, tudo ao redor parecia voltar novamente.

O barulho dos outros sentados em rodas e conversando alto machucava seus ouvidos, e tudo que ele enxergava parecia cansar sua vista. Como se novamente o mundo tivesse perdido a cor, e não soubesse como achá-la novamente.

Jeongguk suspirou, terminando de tomar a bebida em silêncio, levantando do banco e ficando de pé. Ele estava usando sua roupa comum de caça agora, a arma acobertada pelas roupas, porque mais do que nunca se sentia ameaçado pelos vampiros e não queria correr o risco de ser pego desprevenido e acabar como os falecidos pais.

Já estava pronto para sair quando sentiu que era observado, e isso o fez morder o lábio inferior com força por saber exatamente quem era. Agora parecia mais justificado o porquê de sentir diversas vezes a presença de Taehyung antes mesmo de encontrá-lo. Tudo parecia mais lúcido agora.

- O que você quer? - murmurou rudemente, sentindo o peito apertado por aquilo. Ele nunca imaginou que um dia Taehyung seria tratado como um desconhecido por ele.

- Deixe-me explicar... Por favor. - Taehyung pediu, quase dois metros de distância dele.

Jeongguk riu soprado, olhando para ele com desdém. Seu peito apertou ao ver o ombro ainda com o curativo, lembrando que havia sido ele que fez aquilo. O sentimento logo foi apaziguado por saber que Taehyung havia feito pior com seu coração.

- E tem algo que eu precise saber? Me parece claro o suficiente.

- Você sabe que não é verdade, Gguk-ah-

- Não me chame assim.

Taehyung deixou o ar escapar, assentindo para si.

- Jeongguk, por favor.

- Você é corajoso para entrar aqui onde há tantos humanos, sabia? Antes... antes não tinha problema, mas agora... se eu simplesmente gritasse para todos o que você é, estaria muito ferrado!

- Jeongguk... - Taehyung se aproximou, e ele viu a mão de Jeongguk descer para onde ficava a arma. Parou. - Há coisas que você não sabe, mas que eu sempre quis contar a você. Só tinha medo dessa reação... que você me odiasse. Mas você já me odeia, não tenho muito a perder. - Taehyung disse, se afastando. - Eu só peço uma oportunidade de me explicar. Depois disso... você pode fazer comigo o que achar justo.

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