moon boys don't lie

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Estrelas são astros que têm luz e calor próprios e que mantêm praticamente as mesmas posições relativas na esfera celeste, compostas majoritáriamente por hélio. São definidas também como o brilho de queridas pessoas que já não estão mais nessa vida; como realizadoras de desejos quase impossíveis; amigas que guardam os mais profundos segredos, incapazes de serem compartilhados com seres humanos e suas mentes traiçoeiras. Mas todas essas descrições pontuam um fato em comum: as estrelas estão à milhares de quilômetros da Terra.

Se para todos, essa distância é grandiosa e assustadora, imagine para Eddie, que não pode nem colocar os próprios pés para fora de casa. Sua mãe sempre dizia que quanto mais longe de seu lar e exposto ao mundo, mais machucado o garoto se sairía. E segundo o seu HQ do "Capitão Sideral", quanto mais perto das brilhantes bolas de fogo, maiores as chances de se queimar. Uma boa metáfora, não?

Eddie Kaspbrak amava a aquele gibi, e mesmo estando cansado de lê-lo todas as noites, estava mais uma vez analisando os quadrinhos coloridos de diversas cores, ilustrando os oito planetas do sistema solar.

Mas o que ele podia fazer? Era o único livro de aventura que dona Sônia permitia que lesse. Pois apesar de ter um toque de fantasia ao apresentar alienígenas de diversos planetas, era didático desde que as estranhas criaturinhas ensinavam sobre cada corpo celeste e outros segredos do espaço sideral. E ele sabia muito bem que se desobedecesse aquela ordem e lesse alguma outra ficção, sua mãe seria capaz de queimá-lo assim como ameaçou fazer com os HQs do Batman que Stanley, seu único e melhor amigo, havia emprestado caso não devolvesse imediatamente.

E pela vigésima terceira noite seguida, Eddie leu em voz alta a última frase dita pelo Capitão, "Esse foi um pequeno passo para o homem, mas um grande passo para a humanidade. Qual será o seu pequeno passo, que desencadeará a sua grande felicidade?", sorriu de volta para o homem de dentes esbranquiçados e um volumoso topete - desenhado a fim de lembrar o astro Elvis Presley -, e fechou as páginas do HQ, guardando-o na primeira gaveta de seu criado mudo.

Bom, caso ele tivesse tomado seus inúmeros comprimidos coloridos naquela noite, já estaria dormindo feito uma pedra. Mas havia conseguido despistar sua mãe e tomou apenas a balinha de vitamina C sabor morango, única coisa que gostava de sua cartela de repartições enumeradas com todos os dias da semana.

Em meio à procura de uma nova posição confortável para dormir, Edward paralisou ao ouvir um barulho alto vindo de cima do telhado. Seu quarto era no último andar, o cômodo mais alto da casa. O teto era inclinado em ambos os lados até se encontrarem em uma dobra no centro, divididos simetricamente. Um perfeito triângulo.

No primeiro instante, o garoto encolheu-se debaixo das cobertas, determinado a ficar parado como uma estátua até conseguir dormir e fingir que aquele barulho não era nada. Mas então lembrou-se da frase recém lida de seu herói favorito.

"Essa pode ser a minha chance de dar um pequeno passo, não pode? Não será uma felicidade, mas eu posso fazer uma grande descoberta!" pensou ainda debaixo da coberta.

Agora apenas com os pequenos olhinhos descobertos, cerrou-os com um olhar em direção à janela do quarto, pensando que assim sentiria-se mais destemido a enfrentar qualquer que seja a criatura causadora do barulho. Sabia que poderia estar fantasiando demais e o som era apenas um pombinho que pousara sobre as telhas para um novo ninho, ou um esquilo do pinheiro de seu quintal. Mas não custava nada se iludir e aventurar um pouco, nem que seja para ter uma história legal para contar na próxima visita de data indeterminada de Stanley.

Pegou uma lanterna que deixava debaixo do tapete para suas brincadeiras noturnas e estufou o peito, pronto para encorporar a coragem de um super-herói de quadrinhos. Afastou cuidadosamente as cortinas violetas da janela para não fazer barulho e levantou o vidro, travando-o na madeira em seguida.

𝐌𝐎𝐎𝐍 𝐁𝐎𝐘,  𝗿𝗲𝗱𝗱𝗶𝗲Onde histórias criam vida. Descubra agora