Dentro da Física, há o assunto que Eddie tanto ama, a Astrologia. E apesar de não ser fã de contas, fórmulas e equações, era inevitável que seus olhos se fixassem nas explicações físicas dos livros que Sônia entregava-lhe para estudar. A matéria que mais marcou-lhe pelo fácil entendimento, foram as Leis de Newton, mais especificamente, a terceira lei.
"Toda ação tem uma reação".
Naquele dia, o corpo de Eddie teve uma reação, mas ele não sabia qual seria a ação que provocou aquilo. Apenas Sônia sabia que o desmaio e fortes dores no rim do filho foram causadas pelos remédios desnecessários que fazia-o tomar. Ela tinha consciência de que o mal-estar intenso de Kaspbrak fora um episódio grave, mas na sua cabeça doentia, estava tudo bem desde que ele melhorasse e continuasse abaixo de seu braço como a asa de uma mãe coruja, intacto de qualquer impureza do mundo real.
Sônia havia feito um telefonema a Dr. Uris, mas obviamente reduzindo o quadro para apenas uma "dorzinha fora do comum". Como não sabia sobre a verdadeira situação, o médico apenas indicou um xarope o qual Eddie já estava acostumado a tomar para e algumas outras restrições.
Recomendado a ficar estático, Kaspbrak encontrava-se debaixo das cobertas, a borda do edredom cobrindo todo o seu corpo e rosto até o narizinho do garoto, onde mais acima estavam seus olhos vidrados no ponteiro do relógio de orelhinhas redondas. Não conseguia dormir de jeito nenhum.
Não conseguia dormir porque o gosto excêntrico de framboesa ainda estava presente na sua língua mesmo depois de muitos goles de água. Porque sua mãe havia acabado de dar-lhe um banho, e as pontinhas dos seus cachos estavam úmidas e o incomodava quando encostavam na sua nuca. Porque mesmo a dor renal já ter cessado, seu corpo ainda se recuperava da enxaqueca consequente da queda quando desmaiou sobre o chão do corredor, prestes a avisar Sônia sobre o mal estar. E principalmente, porque não poderia ver Richie, informá-lo sobre o ocorrido ou ao menos saber se ele esperava-o no telhado.
Pelo menos o relógio que encarava parecia um ursinho, e lembrava do apelido usado por Richie, Eddie Bear. Diferente do que ficava na cozinha, o qual se remetia a um gato preto com suas pupilas enormes e esticadas. Aquele olhar, por mais que não fosse real, lhe amedrontava nas refeições matinais, como se fosse tornar um felino real e atacá-lo caso não terminasse sua tigela de alguma mistura esquisita com aveia preparada por Sônia.
Já teve até pesadelos onde isso realmente acontecia, e por mais que achasse fofos, adquiriu um medo dos gatos que às vezes passavam pela janela do seu quarto e pousavam por longos minutos para encará-lo com suas orbes verdes fosforescentes.
Naquele momento Eddie escutou um forte barulho do lado de fora do cômodo, vindo da janela. Logo se assustou e se escondeu totalmente debaixo do cobertor, pensando que fosse algum dos bichanos. Quando teve coragem para deixar novamente apenas a fresta dos olhos para fora, viu que atrás do vidro havia sim uma figura escura, mas bem distinta do ser de orelhas pontudas. Era uma silhueta humana.
Ou melhor, do garoto da lua.
— Rich! — Exclamou baixinho devido à fraqueza nas cordas vocais, esperando Richie adentrar totalmente no quarto e fechar a janela novamente.
— Eddie? — Aproximou-se do garoto na cama, sentando-se na beirada da mesma. — Por que não foi lá pra cima? Tá tudo bem? — Alisou carinhosamente a bochecha do menor, olhando diretamente nos seus olhos que demonstravam debilidade.
— Estou bem sim. Só.... com dores. Me desculpa Chee, eu não consegui te avisar. — Eddie esgueirou seu corpo para sentar na cama e abraçar Richard apertadamente.
Richie não hesitou ao abraço, precisava daquilo no momento. Também porque o estado desespero que tomou seu corpo ainda não abandonou-o por completo. Desespero caracterizado pela respiração desregulada e um tremor da ponta dos dedos até sua boca ausente de uma coloração vívida por causa da atmosfera gélida no telhado, ainda mais fria quando seus olhos não avistaram Kaspbrak sobre ele — pessoa a qual deixava seu coração aquecido como a bola de fogo mais brilhante do nosso sistema solar. Teve que esforçar-se para não entrar em pânico. Parecia algo bobo para afligir-se, mas aquele dia tinha sido deplorável para Tozier, e necessitava do toque do pequeno Eddie ou ao menos ver seu sorriso caloroso. Qualquer ato do garoto tornou-se seu porto seguro.
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𝐌𝐎𝐎𝐍 𝐁𝐎𝐘, 𝗿𝗲𝗱𝗱𝗶𝗲
Fanfictiononde eddie, um garoto que nunca explorou o universo por causa da ultra proteção doentia de sua mãe, encontra o "garoto da lua" no telhado da sua casa ou onde richie subia no telhado do vizinho para fumar e colocar todos os seus problemas em cada uma...