DEVIL IN THE MIRROR

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Alexander Lightwood acreditava solenemente que se tivesse tido o peito rasgado pelas garras venenosas de um demônio, a dor que estava sentindo nos últimos três meses teria sido mais amena do que essa dor vazia e irritante que se alastrava por seu corpo depois que Magnus o deixou. Ele não se eximia da culpa, foi ele o culpado por magoar o bruxo. Na verdade o que o jovem Caçador acreditava que tudo mudou depois do infeliz incidente que resultou na morte de Jocelyn Fairchild, ele poderia ter sido possuído, mas foi pelas mãos dele que a vida da mãe de Clary se extinguiu e isso resultou em um carma ruim na vida de Alec.

Clary lhe disse que não o culpava, porém, seu olhar contava outra história, a história de uma menina que tinha que olhar constantemente no rosto de um assassino. Jace, seu Parabatai, seu irmão, também o olhava de forma diferente, as vezes Alec sentia como se não o conhecesse, mesmo quando ele apertava seu ombro ou sorria para ele, era diferente, parecia falso, ensaiado. Mesmo Izzy parou de chama-lo de 'irmão mais velho' e passou a chama-lo de Alec. O que chamou a atenção do Caçador foi Simon, o vampiro que Alec sempre ignorou parecia ser o único que o tratava da mesma forma. Alec comentou sobre suas impressões com Luke, mas o lobisomem disse a ele que isso era causado por seu próprio sentimento de culpa. Era mentira, ele sabia.

Com todos estes sentimentos ao redor pressionando sua alma, ainda havia seu relacionamento com Magnus Bane, o Alto Feiticeiro do Brooklin, a morte de Jocelyn trouxe à tona sentimentos conflitantes, tanto para Magnus quanto para Alec. Ela era amiga de longa data do bruxo e mesmo que um ser obscuro tivesse possuído seu corpo, seu namorado a tirou dele, o Caçador também começou a perceber pequenas fissuras surgindo entre eles. Alexander Gideon Lightwood não sabia nada sobre o passado de Magnus Bane, o bruxo se esquivava sempre que alguma pergunta surgia, então a única informação consistente eram os incontáveis relacionamentos dele ao longo dos séculos o que incomodava o jovem e inexperiente Caçador, trazendo suas inseguranças a borda. Alec se pegou várias vezes olhando para o bruxo sem realmente prestar atenção nele, mil coisas passavam constantemente por sua mente, ele amava o bruxo, mas ele se lembrava da história de um livro que Clary estava lendo, ele não chegou a ler, ela comentou com ele sobre o dilema de uma jovem humana Bella que amava um vampiro que se recusava a transformá-la, como ela sofria pensando que envelheceria e morreria enquanto o tal Edward permaneceria jovem para sempre. Ele entendia agora, Magnus era imortal e permaneceria vivo e jovem ao passo em que ele envelheceria e morreria, a imortalidade de Magnus se tornou o elefante branco na sala.

Camille Belcourt, a vampira foi namorada de Magnus e Alec teve a péssima ideia de fazer um acordo com ela para que lhe contasse sobre Magnus e como eles poderiam ficar juntos para sempre. Eles tiveram alguns encontros e Camille disse a Alec que não havia meios de torná-lo imortal, mas havia um livro que tinha um feitiço que poderia tornar Magnus mortal, em troca ele teria que matar Raphael Santiago. Nem mesmo o Caçador acredita que ele chegou a considerar o acordo. Mesmo que Alec tenha recusado o pacto, a vampira contou tudo a Magnus que esperava por ele no local do último encontro que teria com a vampira. Magnus terminou seu relacionamento e Alec ficou em pedaços, seu coração parecia que iria explodir nas costelas. Magnus o olhou com olhos decepcionados, disse que o amava e lhe pediu para tirar suas coisas de seu loft.

Alexander foi destruído naquela noite, ele não dormiu, não comeu ou tomou banho por semanas, ele ligou compulsivamente para o bruxo, deixou tantas mensagens chorosas, explicações e declarações. Jace e Izzy o deixaram ter seu tempo, mas eles também estavam cansados e irritados com ele, então, Jace destruiu seu telefone para impedir que ele continuasse seu ciclo de auto flagelo e humilhação. Alec voltou a treinar, a comer, a dormir, a caçar, era automático como uma pequena e polida máquina que funcionava cheia de remendos por dentro, mas por fora estava intacta. Ele não queria perturbar seus irmãos e agora ele decidiu fingir, fingir estar melhor mesmo que faltasse metade de sua alma, fingir que seu coração ainda estava lá, fingir que ele era o irmão que eles precisavam, fingir que ele ainda se importava em viver. Fingir que não percebe que tudo mudou em todos os lados que olha. Era por isso que ao invés de estar no quarto se lamentando, ele estava vestindo jaqueta de couro e botas de combate, sua aljava em seus ombros, eles foram chamados para uma missão.

Limbus - KlalecOnde histórias criam vida. Descubra agora