Capítulo 6

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Liriel Izegora

Eu não passo o natal com a minha família.

Uma verdade universal sobre qualquer Izegora é que desde a descoberta sobre meu irmão bastardo, as coisas desandaram no quesito união familiar. Lembrava-me bem vagamente de como eram as animadas reuniões familiares de antes de Stephen chegar as nossas vidas revolucionando tudo. Eu não podia julgá-lo, muito menos a mãe dele quando meu pai era o único errado naquela história.

Desde meados da minha adolescência, por causa do escândalo que nos abateu justamente nas festas de fim de ano, minha família parou de fazer uma grande comemoração, então, não é como se meus pais tivessem se importado muito quando comuniquei que passaria o natal em companhia da família D'Ávila. E eu nem sabia porque tinha aceitado aquela proposta considerando os meus recentes contatos com Lorenzo.

O editor só pode ser definido em uma única palavra: abusado.

Não acho que decretar que a pessoa deve sair consigo seja a melhor forma de conquistar alguém. Porém, o que realmente era mais estranho nisso tudo é que eu gostei da atitude autoritária. Como uma boa leitora apaixonada, talvez eu realmente aspire um homem que exale autoconfiança e controle. Meu eu cadelinha literária entrou em surto. E, sim, essa era a única desculpa que eu podia inventar para justificar o fato de que eu estou extremamente ansiosa para o bendito jantar.

E o pior de tudo isso é que eu sei que Daniel vai farejar esse nervosismo assim que eu colocar os pés na casa dele essa noite. Às vezes eu não queria que Daniel fosse tão bom no que faz, aquele cretino. Tenho uma leve pena dos futuros genros do meu querido amigo porque não existe uma só pessoa, pelo menos que eu já vi, que Daniel não tenha conseguido ler com uma precisão cirúrgica, então, se algum garoto fizer algo com Thaline, Daniel não irá demorar a perceber.

Isso com certeza só pode ser sinônimo de um pacto com uma vidente. Sorrio maldosa. Como uma ótima amiga com uma maturidade invejável, vou aproveitar a primeira oportunidade para atentar a paciência do psicólogo. Daniel é bastante cético em alguns aspectos. Bem diferente da maioria dos homens com quem vivo e conheço. Não só por isso obviamente, tudo naquele homem grita a perfeição, foi moldado para ser o melhor dos partidos e isso só mostra o quanto Marie teve sorte em ter sua chance de conto de fadas.

Se parar para pensar, Lorenzo e Daniel podem até se passar por irmãos gêmeos graças à semelhança gritante em suas aparências, mas bastava conhecer um pouco de suas personalidades que uma diferença gritante surgia entre os dois herdeiros D'Ávila.

Daniel é calmo como um rio, Lorenzo é temperamental como o mar. Dois italianos completamente diferentes. Com certeza eu prefiro mais o abusado e com jeito de dono do mundo. Fazer o que se eu tenho uma quedinha por leitores vorazes? Entretanto, toda essa petulância encravada naquele sorriso presunçoso no canto da boca perfeita não vinha exatamente de um bom lugar. Isso me irritava. Era mais que óbvio que ele tinha puxado esse traço de personalidade da cobra peçonhenta que carinhosamente chamava de mãe. Na verdade, chegava a ser uma ofensa às pobres cobras serem comparadas àquele ser de caráter duvidoso e superioridade latente.

Mar revolto e furacões são figuras que na minha mente podem parecer muito semelhantes. Ambas podem causar desastres e destruição, mas se contidos dentro de seus próprios limites, as coisas podem dar certo. Não conseguia encontrar nada que descrevesse os tempestuosos olhos claros do editor que não fosse o oceano. Ele todo parecia com um. Sim, a metáfora ideal para descrever aquele D'Ávila era isso.

Existe um certo alivio em saber que não vou passar o natal com perguntas inconvenientes sobre meu finado relacionamento. O máximo que pode acontecer é um novo ataque de Frida D'Ávila. Se bem que esse inconveniente não é muito melhor que o outro, mas com certeza dói bem menos. E, bem, a simples existência de Lorenzo já é um inconveniente.

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⏰ Última atualização: Feb 12, 2021 ⏰

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