I - O Início

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- Esta é sua missão... Não ache que é fácil, só posso confiar em você para isso. Ajeite suas coisas, irá para o Instituto Kamiyama, sua sala já foi decidida, qualquer problema fale com seu professor.
- Kanji, boa sorte.

      Ao acordar de sua lembrança, Kanji (significado: Segundo filho) se depara com a vista de seu teto, ele estava no dormitório do Instituto onde todos os alunos eram alocados cada um em um quarto diferente, claro, tinha a escolha de terem colegas. No seu quarto não tinha nada além do necessário, apenas uma cama, uma mesa com luminária, uma cadeira, um armário com suas poucas roupas, uma estante de livros (cujo não tinha nenhum) e uma cozinha pequena que aparentemente nunca foi usada. - Ah! Vou me atrasar - Disse Kanji estranhamente calmo ao olhar seu despertador, aliás, é importante saber que nosso garoto sempre anda com uma cara que não parece demonstrar nada, talvez pelo fato dele não conseguir entender os sentimentos de uma pessoa já que nunca passou por isso, além disso, os olhos dele não dizem nada sobre quem ele é, apenas dois glóbulos oculares que parecem sempre estar cansados, como um peixe morto.
      Quando abriu a porta, a brisa leve da manhã que batia em seu rosto simbolizava o início da primavera e, com isso, o início do seu ano conturbado no Instituto Kimiyama.
No caminho para a cerimônia de boas vindas, ao longe já era perceptível a imensidão do Instituto que viria a frequentar, sua entrada era como se fosse guiada pelas árvores, algumas cerejeiras deixavam cair suas lindas pétalas rosas, tornando uma visão bela e aconchegante.
A cerimônia deu início no ginásio central, o maior de todos os outros 2 que tinham. As 5 turmas do 1° ano foram separadas por cadeiras e quem sentasse se tornava aluno daquela sala. Kanji, após ter encontrado a cadeira que lhe dava a sala de seu professor, sentia uma sensação estranha, como se estivesse sendo observado, o que era fora do comum já que sua aparência não chamava muita atenção, pelo contrário, ela ajudava-o a se manter discreto, deu uma olhada ao seu redor e não viu nada que viria a explicar aquela sensação, mas parecia próxima, como se estivesse do seu lado. Entretanto, algo intrigante surgiu, uma sensação mais desconfortável que a anterior, uma sede de sangue tomou conta do lugar, mas aparentemente só ele sentia isso, olhou tudo ao seu redor novamente e observou que vinha da frente do palco em que o discurso do diretor estava sendo feito, uma pessoa que aparentemente seria seu professor já que estava posicionado exatamente em frente as fileiras daquela sala, a sala 1-5.
      Depois do discurso do diretor, um aluno foi chamado, um que não estava em fileira alguma, seu nome é Hiroshi (Significado: generoso, próspero), o presidente do conselho estudantil. Sua aparência era de uma pessoa alta, cabelo liso com pouco volume e um pouco desarrumado, seus fios eram negros semelhantes ao céu noturno limpo de nuvens e estrelas, usava óculos que lhe traziam um ar de seriedade intensa. Assim que Hiroshi deu início ao seu discurso, seu olhar foi direcionado para Kanji, levando uma tensão extraordinária, apesar disso, nenhuma expressão foi tirada da pálida face e sem vida de Kanji que só pensava uma coisa:

- Por enquanto, vou manter distância desse aí - suspiro - Aliás... O quanto ele sabe?

Em seu discurso, que mais parecia uma intimidação para quem saísse das regras, era dito:

"Peço a todos que, acima de tudo, honrem o fato de vocês terem conseguido apenas pisado em nosso campus, afinal, não é qualquer um que chega até aqui. Não importa se você se esforçou até chegar aqui, se você apenas recebeu uma indicação boa e conseguiu entrar sem mais nem menos, todos aqui devem saber que o Instituto Kamiyama tem uma das maiores taxas de aprovação nas melhores universidades, entretanto, não achem que será fácil sua jornada até o último ano, qualquer um que seja pego fora de seus dormitórios depois do toque de recolher ou que esteja indo contra as regras terão consequências de acordo com o grau de suas ações. Tendo tudo isso em mente, vocês devem ir até suas salas, seus professores irão ficar aqui por mais alguns minutos"

- O que o doutor queria que eu fizesse aqui? Isto é apenas mais um Instituto comum... - Kanji pensava com si mesmo enquanto caminhava até sua sala.

      Ao entrar na sala, algumas pessoa já estavam com seus lugares marcados e formando seus grupos de amigos. Kanji se direcionou até o fundo da sala no canto mais próximo da janela para que não chamasse tanta atenção no meio da aula, depois de deixar sua bolsa por lá, decidiu que, como não achava necessário a socialização, foi dar uma volta pelo andar. Depois de dar todo o contorno do andar não viu nada fora do comum, a não ser por uma porta que ficava em baixo das escadas que subiam para o terraço, não parecia ter algo de importante ali dentro, mas era grande o suficiente para ser um depósito de limpeza simples. Voltando para sala percebeu que o professor não havia chegado ainda, apenas sentou em seu lugar e se perdeu em seus pensamentos.
      Pouco tempo se passou e o professor adentrou a sala, o mesmo que teria dado indícios de sede de sangue na cerimônia de boas vindas.
- Bom, faremos a chamada e quem eu disser o nome levante e diga um pouco sobre si - Disse o professor.
Enquanto o professor chamava os alunos, Kanji ainda se encontrava perdido em seus pensamentos.

- Mai.
- Aqui, bem... Digamos que eu seja uma pessoa com alguns problemas de socialização - diz enquanto se encolhia e apertava suas mãos como se estivesse nervosa - mas eu espero conseguir ser amiga de todos.
- Próxima, Akemi.
- Aqui - por um momento, todos estavam observando a linda garota que havia se levantado - não sei bem o que dizer, mas... Estou feliz por estar aqui - extremamente envergonhada volta a se sentar em sua cadeira.

Por toda a chamada, Kanji apenas olhava para a janela observando a paisagem e quem passava por ali, pensando em qual era o verdadeiro objetivo de sua missão estando naquele lugar.

- certo, próximo e último, Kanji... - ainda perdido, não responde - Kanji - nada ainda a ser dito - KANJI.

Parece que o pensamento de Kanji voltou agora a sala de aula, ele se levanta calmamente, como se o grito não tivesse lhe afetado em nada e diz:

- Aqui, não tenho o que dizer - comenta olhando friamente no centro dos olhos de seu professor.
- Bom, é isso, aliás, me chamo Yosunari (Significado: Tranquilidade). Peço que todos abram seus livros, a aula vai começar.

      Após as aulas terminarem, Kanji pegou suas coisas e, depois de esperar todo mundo, levanta e vai em direção a porta para sair da sala, mas antes disso, Yosunari lhe chama para uma conversa.

- Yamato Kanji, sente-se aqui.
- como sabe meu sobrenome, creio que não esteja na chamada - Diz um tanto quando pasmo.
- O doutor Toshio não explicou nada para você?
- Como você sabe esse nome? não acho que seja fácil ter essa informação.
- Pelo amor de Deus criança, você acha que ele apenas te enviaria para essa missão, ele me enviou para te dar assistência e também mais uma pessoa.

Aparentemente existiam mais pessoa que foram escolhidas para essa missão, Kanji não sabia disso, muito menos disse que precisava de alguma ajuda.

- Não acho que vocês teriam alguma importância para estarem aqui.
O professor abre um sorriso e continua a dizer - você acha mesmo que aquele homem cometeria um erro de mandar mais pessoas para este lugar sem ter um objetivo em mente? Se você pensa assim, agora eu sei pq tiveram que nos enviar.
- Tsc! Quem é a outra pessoa? - diz Kanji com uma cara de alguém que se encontrava encurralado.
- Tenha calma, você irá conhecê-lo quando precisar, não apresse as coisas.

Kanji se levanta novamente e simplesmente vai embora, alguma coisa está acontecendo no Instituto, o fato de terem mais escolhidos indica que não será algo simples de ser resolvido. No entanto, Kanji só pensa em passar na loja de conveniências, comer algo, ir para o dormitório e dormir.

      Depois de 3 dias de aulas normais, ao acordar, Kanji toma seu banho, se arruma e vai para a aula novamente, mas ao abrir a porta encontra uma caixa deixada ali na frente, quando olha em volta percebe que todas as outras portas também receberam o mesmo pacote, provavelmente algo da escola, ele coloca a caixa em cima de sua mesa e sem sequer abrir, segue para sua aula.
Depois de algumas aulas, como todos os grupos já estavam formados e completos, Kanji, que não estava em nenhum desses grupos, foi almoçar no terraço do colégio, antes de subir as escadas, se depara com um som vindo lá de cima, alguém já estava indo para lá, ele não sabia o que fazer já que não queria socializar, aliás, ele nem sabia como. Algum tempo depois, achou melhor subir lá, afinal, não tinha outro lugar para ele comer em paz sem ser ali, todos os outros locais estavam cheios de gente. Quando abriu a porta, ele encontrou uma menina, com os seus cabelos volumosos e castanhos, uma pessoa muito linda. Quando a porta atrás de Kanji fechou fez um barulho que assustou a garota, ela, ao olhar para trás, estava chorando.

Dinasty: Protocolo 573Onde histórias criam vida. Descubra agora