Dinasty: Protocolo 573

I - Amigos

      Depois de um tempo, quando Kanji já estava arrumando suas coisas para ir ao seu quarto, ele escuta uma voz chamando seu nome.

- Kanji.

Sem sequer reconhecer aquele tom, se vira em direção a pessoa e vê um jovem com os cabelos loiros e volumosos, olhos azuis que lembravam o mar aberto, era uma pessoa alta e com postura. Após sua aproximação, Kanji tinha percebido que o rapaz seria quem ele teria salvo, o mesmo do grupo estranho de amigos.

- Por que veio falar comigo? E como sabe meu nome? - diz Kanji olhando para a pessoa que se aproximava.
- Eu sou da sua sala e... Aquela menina me falou seu nome. - Ele aponta para Akemi que estava se escondendo atrás da porta.
- Hmm. - Kanji olha para a porta e Akemi se esconde rapidamente. - Tem algo para resolver comigo? - Volta a olhar para o jovem.
- Eu queria agradecer por ter me salvado. - O rapaz estende a mão para cumprimentar Kanji.

Kanji olha para o jovem, olha para a mão dele e suspira:

- Não fiz mais que minha obrigação. - Pega a bolsa e se levanta para ir embora. - Ah, não conte para ninguém sobre isso, apesar de eu já imaginar que ela saiba... - Kanji olha para a porta novamente.
- Sim, ela sabe... Obrigado por me salvar. - O jovem se curva agradecendo a Kanji que estava indo embora. - A propósito, meu nome é Hayato. É um prazer te conhecer, Kanji. - Se endireita e abre um leve sorriso no rosto.
- Certo. - Kanji olha para o rapaz e segue seu rumo.

Ao sair da sala, se depara com Akemi encolhida e de olhos fechados como se estivesse torcendo para que algo desse certo. Ao sentir que alguém teria saído da sala, ela se levanta com um olhar brilhante e alegre:

- E aí, como foi? - Pergunta para Kanji quase que pulando.
- Não me lembro de ter pedido ajuda para fazer mais amigos... - Responde enquanto passava direto pela garota.

Akemi sentia novamente aquela intensa dor no peito, mas dessa vez era diferente, era algo bom, afinal, Kanji tinha dito que não queria ajuda para fazer mais amigos, uma palavra que ela nunca teria ouvido sair da boca dele e que significava que ele a reconhecia como amiga, pelo menos era o que ela pensava.
      Chegando ao seu dormitório, Kanji toma seu banho, mas durante todo o tempo ele ficava pensando "Por que eu só me meto com gente estranha?". Depois de seu banho, ele se arruma e vai para a cozinha, abre a geladeira e percebe que não tem nada além da pequena lâmpada amarelada que acendia quando abria a porta, depois de ficar um tempo perdido em seus pensamentos com a porta da geladeira aberta sem saber o que iria comer ele se lembra da loja de conveniências a qual teria tido sua primeira conversa com Akemi, ele poderia ir lá comprar algo para se alimentar. Ao abrir a porta, ouviu bem próximo alguém passando pelo corredor do andar e uma porta fechando no seu lado, aparentemente seria seu vizinho, quando Kanji termina de abrir a porta ele da de cara com um rosto conhecido, Hayato (Significado: Rápido, Ágil e Veloz) para em frente a Kanji.

- Boa noite! - Levanta a sua mão direita como se estivesse cumprimentando Kanji com um leve sorriso.
- Boa. - ele segue seu caminho como se nada de importante tivesse acontecido.

      Enquanto Kanji andava pela rua no caminho da loja, ele percebia que algo estava estranho:

- Por que está me seguindo? - Para subitamente e olha para Hayato que estava logo atrás dele.
- Aparentemente estamos indo para a mesma loja... - O rapaz leva uma das mãos para a nuca e, novamente, da um leve sorriso. - Também está sem comida em casa?

Ele ignora a pergunta de Hayato e continua andando. Quando ambos chegam a loja, os dois vão para as mesmas prateleiras, pegam as mesmas coisas, mas continuam em silêncio, até que um dos dois cria coragem:

- Que engraçado, pegamos as mesmas coisas. - Hayato aponta para a cesta de Kanji e a dele. - que coincidência, parece até que somos irmãos. - Ele dá uma risada baixa e curta.
- Por que você tenta tanto forçar uma amizade comigo? Você já tem seu grupo - Pergunta Kanji enquanto continua pegando sanduíches. - Eu não consigo entender esses seus sorrisos forçados que parecem sempre querer agradar alguém... - Kanji olha para Hayato. - Por que?