Capítulo 5

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As vezes algumas borboletas entravam pelas abertas janelas de vidro da estufa, procurando pelo amado néctar, e ele deixava que elas se alimentassem. Também haviam as mariposas, as lindas mariposas, que sempre o deixavam impressionado com o tamanho de suas asas. Era bonito de se ver, gostava de contemplá-las. Porém esses lindos seres — que na visão de Jungkook pareciam mágicos — sempre deixavam uma bagunça para trás, uma pequena peripécia. Voavam de flores em flores, felizes em ver tanta variedade, se lambuzando em polén e deixando que caíssem pela terra. E era assim que nasciam cravos entre astromélias e lírios entre as peônias. E agora ele avistava um pequeno girassol entre as rosas vermelhas. Era engraçado ver como eram absurdamente diferentes. Amarelo e exultante, vermelho e elegante. Contrastavam tanto… mas era um contraste bonito. E ainda que fossem tão diferentes, havia uma coisa em comum.

Eram flores.

Mas teria que tirar o girassol dentre as rosas. Então pensou que poderia levá-lo para Hoseok, em uma nova tentativa de se comunicar com ele. Mas estava sendo difícil chegar perto do garoto. Seria uma proeza se conseguisse.

Jungkook havia tentado falar com Hoseok de todas as formas. No curso; porém ele fugia como se estivesse fugindo da morte. Por telefone; mas ele nunca atendia. Ligou e mandou mensagem tantas vezes que mal podia contar, e até na casa dele, Jungkook se atreveu à ir, mas não fora atendido. Hoseok estava fugindo dele e fugindo muito bem.

Jeon sabia que o garoto estava envergonhado, e provavelmente se sentindo culpado. Precisava dizer que a culpa não era dele, precisava dizer que… que queria aquilo tanto quanto Hoseok parecia querer, e que a culpa era inteiramente sua. Mas na verdade não podia dizer.

Mas ele havia começado aquilo, ele que não conseguiu se controlar, ele que quis toca-lo e finalmente sentir como era a textura, a forma, a sensação... e era perfeito.

E enquanto sua mente dizia que nenhum ser humano poderia ser perfeito, seu coração dizia que talvez ele não fosse humano.

Estava completamente perdido.

Se sentia angustiado. Porém, lá no fundo dessa angústia, havia algo doce, algo… cor de rosa, que lhe fazia sorrir e sentir uma euforia gostosa dentro de si em meio àquela bagunça. Talvez estivesse ouvindo demasiadamente o som de seu próprio coração, e estivesse cometendo erros terríveis, mas ainda sim, era doce e puro.

Pensando nisso, foi atrás de uma caneta e pegou um dos cartões que eram disponibilizados aos clientes. Então pôs-se a escrever.

Precisava falar com ele de alguma forma, mesmo não sabendo o que viria depois disso.

Apenas faria.

As linhas difusas que se formavam na tela, espelhavam sua bagunça. Era como uma chuva em branco e azul, que caía vorazmente sobre o asfalto em um dia cinza, onde o sol se encondera atrás das nuvens carregadas. Pegava no pincel com uma elegância e calma que a mente não tinha. Estava se segurando tanto, tentando se manter no eixo, na linha. Ele queria explodir e gritar o que tinha dentro de si, queria bradir aos quatro ventos o quão idiota era. A frustração iminente por ainda assim sentir algo bom no seu ego, o enlouquecia. Mas como não enlouquecer?

Ele havia beijado a lua.

E o fez trair as estrelas…

Era tão contraditório, porque ainda que se sentisse um grande idiota inconsequente, sentia também como se tivesse tocado em algo muito precioso e sido agraciado por uma felicidade momentânea que não conseguia esquecer, e isso lhe fazia tão bem.
Era salgado e doce, como seus biscoitos preferidos. Que haviam acabado em poucos dias, pois sua ansiedade os comeu.

Entre Tintas e Flores | HopekookOnde histórias criam vida. Descubra agora