Entre Tintas e Flores | Hopekook

Capítulo 6

“A magia só floresce em almas raras. Ele tinha razão, e suas intenções não eram tão ruins. Ele queria proteger aquilo que era precioso. Queria parar de ter que se esconder como ratos em esgotos, ele queria não ser mais visto como monstro. Porque aquilo que o ser humano não conhece, teme e inveja, ele abomina e queima. Te colocam em uma pira de palha, te prendem a uma estaca de madeira e atiram fogo, enquanto te chamam de bruxa ou bruxo — como se fosse algo ruim —, e se regozijam com os gritos injustiçados, enquanto os queimados sentem a dor latejante por terem a magia arraigada em suas entranhas.
Eles são expostos a tantos conhecimentos, mas parece que ficam mais burros. Tudo a nossa volta irradia magia e sabedoria, chamam a todos. Mas eles dizem; não, isso é loucura, magia? Isso não existe! Você está sendo guiado pelo demônio!
Ah! Certamente que sim, é sempre o demônio…

Porém, Grindelwald arrancou sua própria alma, então seus erros se tornaram maiores que suas boas intenções.

Será?

Talvez o certo nem sempre seja o certo, e o errado nem sempre seja o errado.
Bom, isso quem decide é você. Não irei interferir na sua capacidade de distinguir as coisas.”

— Bem interessante, e profundo… mas acho que você não deveria mostrar isso para um católico.
— Você é católico? — Hoseok virou a cabeça para olhá-lo.
— Tem sorte que não. — riu. — Porque gravou isso? — disse Jungkook indicando o gravador em sua mão, e depois colocando-o ao lado de si, no sofá.

Hoseok deu a última pincelada na tela, terminando o esboço que fazia, e suspirou longamente.

— Eu havia acabado de ler sobre Grindelwald e sobre as mulheres queimadas, e talvez eu tenha ficado com um pouco de raiva da humanidade…
— Entendo… mas você falou de magia como se ela realmente existisse.
— Mas existe ué. — falou distraído enquanto analisava a tela à sua frente. Até que estranhou o silêncio repentino de Jungkook então se virou para olhá-lo, encontrando-o com uma expressão confusa e incrédula.
— Que foi? Ta olhando pra mim como se eu fosse maluco…
— É… então… v-você é algum tipo de feiticeiro? Mago ou bruxo, sei… — foi interrompido pela risada escandalosa de Hoseok.
— Não ria, me explique direito, garoto.
— C-certo. — disse tentando controlar a risada e respirando fundo. Se acalmou, foi até Jungkook e sentou-se ao dele, virou de frente para olhá-lo e sorriu.
— Para mim, de certa forma, ela existe. Ela está na terra, nas árvores, nas folhas, nas flores, nos animais, no céu, sol, lua, e em cada estrela, em toda a natureza, ela está em tudo. Mas em nós, seres humanos, — apontou para ele e para Jungkook — só está em alguns. — Encostou com o indicador na testa do outro. — Na mente… — colocou a palma da mão sobre o peito dele. — No coração… — aproximou-se mais de Jungkook, colocando a mão sobre a bochecha do mais velho, encostou suas testas e sentiu as respirações se misturarem. Roçou seus lábios com os dele, vendo Jungkook respirar fundo.
— E na alma… você só precisa enxergar — falou baixinho dando um carinho na bochecha de Jungkook, que parecia hipnotizado e um pouco ofegante.
— Eu acho… que já estou enxergando — avançou lentamente sobre Hoseok, tocando seus lábios nos dele, delicadamente.

Não tinha dúvida nenhuma de que aquele garoto era mágico, porque em cada toque, em cada gesto e fala dele, sentia algo vibrante crescer dentro de si, algo eufórico e incontrolável. Talvez estivesse enfeitiçado, sentia uma necessidade enorme de aprofundar aquele beijo. Queria sentir o gosto dele, mas não só isso, queria saber como era o seu ritmo, e como ele gostava, queria descobrir e desbravar todos os cantos daquele garoto. — Desprendeu seus lábios dos dele, se afastou um pouco, e enfiou seus dedos entre os fios castanhos de Hoseok. — Eu quero sentir como é o gosto dessa boca, garoto. Me deixa te beijar de verdade? — Hoseok arfou. Via o nítido desejo nos olhos de Jungkook. Isso o deixou um pouco assustado, mas ansioso pelo o que viria. — M-me beija… de verdade, Sr. Jeon… — Jungkook não esperou muito. Quando avançou e seus lábios tocaram o dele intensamente, sentiu a pulsação do coração acelerar. Entreabriu os lábios para que o lábio inferior de Hoseok encaixasse entre os seus, e o beijou com vontade. Passou a língua pelo lábio do mais novo para que abrisse passagem e deixasse sua língua passar. Hoseok gemeu baixinho quando suas línguas se encontraram, e Jungkook deu um leve aperto em sua nuca, fazendo Hoseok se arrepiar ainda mais. Era um beijo lento, porém intenso e forte, e Hoseok sentia como se tivesse uma descarga elétrica de adrenalina em seu corpo, que o fazia tremer. Jungkook comandava o beijo e o mais novo o seguia cegamente. Para Hoseok era como se estivesse conhecendo o mar pela primeira vez, e era incrível. Para Jungkook era como se estivesse percebido a beleza do grande oceano só agora. Estavam imersos e entrando em combustão, e antes que queimassem, Jungkook interrompeu o beijo com breves selares.
— Precisamos continuar com a pintura, garoto. E assim não vai dar.
— S-sim, precisamos. — sentia seu rosto queimar, e mordia o lábio, para descontar o misto de vergonha e ansiedade que sentia.
— Só não faz isso, senão vou ter que te beijar de novo… — disse, enquanto passava os dedos pelos lábios dele. Hoseok apenas balançou a cabeça em concordância, com um meio sorriso, e Jungkook sorriu mais ainda.