Terríveis notícias

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No dia seguinte a sua conversa com o mensageiro estranho, Elenna amanheceu com uma aparição inesperada nas redondezas de sua casa, nunca pensara que de uma hora para outra sua vida virasse de uma simples e previsível vidinha para um dia a dia mais estranho que o outro, parecia que o controle, seus pensamentos e tudo estava fugindo de suas mãos, isso a deixava irritada e desconfortável, exatamente o que ela menos precisava agora para pensar em seu futuro.

E para dar um "jeitinho" em seu problema inesperado, Elenna logo tratou de uma solução á seu único estilo. Muito irritada e desconfiada de tudo, pegou a menina assustada para enfim descobrir suas verdadeiras intensões, sendo por vontade da própria ou não, assim a colocando numa situação que parecesse sem volta, a amarrando em tronco que usava para cortar lenha e vender nas caravanas que apareciam de vez em nunca a cada ano, mas mesmo assim a menina não facilitava, estava tão assustada e confusa que fazia mais perguntas do que as respondia, o que trenava cada vez mais a já pouca paciência de Elenna, porém com o tempo a menina logo soltou a língua para contar com palavras rebuscadas uma história mais maluca que um Druida bêbado.

-Vamos lá! Estou perdendo a paciência com esse seu joguinho idiota!! - Elenna que estava sentada na escada da sacada de sua casa com um olhar de predador, agora levanta bruscamente quase aos berros por não acreditar nas palavras inacreditáveis da pequena garota, o que não ajudaria no seu interrogatório - Eu vou perguntar só mais uma vez, e quero que escute muito bem!!!! Quem você é?! O que veio fazer nessas redondezas?!!!

- (engole a seco) Érrrr... E-Eu n-não, érr perdoe-me por parecer estar quase invadindo assim em tuas terras, juro que não era minha intenção- A garota muito preocupada com a ignorância de sua raptora por não acreditar no seu trajeto digno de uma história épica de bardos validos, então procura uma maneira de simplificar e explicar o complexo inexplicável – (Respira) ...Bom, como lhe dissera, agora de forma mais simples, eu vim da capital Nunlar, para encontrar uma maneira de ser uma Warrior, e alguma coisa me aconteceu e sofri um acidente no barco que me trazia a essa região, assim acordando neste lugar, foi só isso! agora por favor me solte daqui com gentileza se não for pedir demais...

Analisando a situação, Elenna consegue entender até certo ponto os dizeres de sua pequena invasora, mas não consegue entender porque alguém sairia de Nunlar para Ignor afim de se tornar uma Warrior, sua análise era certa, a menina continuava a tentar engana-la, mas Elenna não deixaria por isso, então mente-o a menina presa ao tronco e agora com um pano a amordaçando, já que a mentirosa não sabia o valor do silêncio, para ver se dando mais um tempo a invasora, a mesma pensaria melhor em prosseguir em sua estratégia falha.

Ainda muito desconfortável com a situação mesmo depois de tirar um tempo para pensar, Elenna observava de dentro de sua cabana em meio as árvores, como suas únicas testemunhas do que realmente aconteceu com a agora triste e silenciada pequena garota de cabelos longos, e pensava também em todas as outras vezes que invadiram seu bosque, lembrara que geralmente sentia-se da mesma forma, muito nervosa e ansiosa, gerando reações violentas como prender uma pobre garota assustada a um troco, e mesmo com dificuldade de aceitar seu erro, Elenna revia seus pensamentos e logo trata de tentar ajudar a garota, pensando sempre no que o velho açougueiro, pai de Astolffie lhe dissera uma vez "Pense sempre em como se sentiria se o que faz a alguém a machucaria em uma situação reversa".

Elenna vai até um antigo quarto de hóspedes de sua cabana, mas como sempre esteve sozinha, deu um melhor proveito o reimaginando para que deveria ser um projeto de dispensa, e lá pega uma das carnes que adquirira de seu amigo Astolffie no dia passado, e então a coloca em tigela que tirara de dentro de um barril cheio de água do rio que corre nas redondezas, uma água parada e de cheio duvidoso, ela leva essa tigela com água velha e carne para sua fogueira, que fica no primeiro cômodo de sua casa, na fogueira avia uma estrutura onde se encontrava um caldeirão de tamanho médio pendurado a cima de sua fogueira recheada de Ágatas vermelhas, assim Elenna se senta a volta do único ponto de calor de usa casa naquele momento, algo incomum já que mesmo em épocas de verão, em Ignor sempre se está úmido demais ou frio demais, mesmo assim a garota desconfortável acende sua curiosa fogueira conjurando algumas meras palavras "lapidis calorem ignis adducite mihi", e assim as pedras que estavam espalhadas, começaram se atrair como imãs até estarem completamente juntas, nesse momento as pedras unidas começam a vibrar até brilharem em uma linda cor vermelho incandescente, e a água velha que Elenna colocara em sua caldeira junto a carne, começara também a se agitar, borbulhando e soltando junto ao vapor da água um aroma mais agradável da carne se cozinhando, e logo após de Elenna dar uma bela espirrada para sentir assim o cheiro, bem ao fundo consegue-se perceber o fétido fedor do lodo do riacho que outrora Elenna avia pego essa mesma água, e sem pensar duas vezes corre para pegar um pote de gordura animal que ficava em uma das grandes estantes que ali se estendiam nas paredes do cômodo, assim para deixar o aroma mais suportável.

Ao lado de fora, Sarah espera se alguma retaliação a acontecesse, repensava sobre todos seus passos até aquele único momento, se sentindo mal por escolher ir embora, e se culpada por não conseguir ser e se identificar com as coisas que todos em Nunlar esperavam da filha da Grande Mãe Regente, pensava em como sempre estragou tudo para seu futuro, talvez sua mãe estivesse certa o tempo todo, entre tanto também se lembrara que essa pequena aventura a fizera ver mais o mundo do nunca em sua vida, e conhecera pessoas com pensamentos muito ligados aos seus, como o homem calvo que outrora lhe dissera uma frase que tocou em seu ser "Claro pequena, é natural sermos completamente diferentes uns dos outros", lembrara do acidente e do clarão que ocorrera enquanto conversava, se perguntando se todos ainda estariam por ali, e acima de tudo, será que estavam bem.

Elenna então termina seu cozido e sai para ver a situação que se encontrava sua invasora, e a encontra muito deprimida, isso faz Elenna se sentir aborrecida pelo que fez, mas não deixaria isso aparente por causa do seu gigantesco orgulho, então apenas estende a tigela com cozido até o alcance da vista da garota triste, que não esboça nenhuma reação aparente causando um estranhamento entre as duas. Sarah mesmo amarrada conseguiria pegar a tigela pois só está presa dos ombros para cima, mesmo assim ainda é bizarro pensar que você se encontra situação complicada como a dela, entre tanto as duas continuavam a se encarra de formas estranhas e desconfortáveis, e isso deixa Elenna novamente sem paciência, fazendo assim ela deixar a tigela no chão para quando a menina decidir alguma coisa, que a própria se vire, e Elenna decidida a desistir da garota por hoje, vai até Ignor para checar com as bruxas camponesas, se mais alguma coisa estranha acometera.

Passando pelo bosque, e adentrando na pequena Ignor, Elenna a procura de respostas vai até a única sacerdotisa de Ignor, uma sabia com alguns conhecimentos, porém muito experiente, o que faz praticamente todos em Ignor terem muito respeito por ela, Elenna sabia que nada que aconteça Ignor deixara de passar por sua ciência, então foi andando entre todas as casas amoutadas de Ignor, até chegar na última casa antes das correntes do Rio de Fogo, uma casa que conseguia ser mais isolada que a de Elenna, uma pequena casinha de madeira fornecidas pro Elenna inclusive, e teto de sapê, localizada a beira rio, uma casa tão excêntrica quanto sua dona, a sacerdotisa Cesília do Lago, esse era seu nome, ela era uma mulher de estatura alta, e corpo esquio, por isso seu rosto era fino e possuía linhas de expressão por conta da idade, Elenna achava muito interessante seus cabelos alaranjados, e seus olhos tão azuis quanto o céu que estavam ficando cada vez mais cinzas com tempo, e Cesília curiosamente não respondeu tão depressa os chamados da garota que estava nervosa, então decidindo pro si própria dentar na casinha, e assim que projetou de seu pra dentro, um forte odor de sangue e carne queimada explodiu em suas narinas, um odor tão forte que chegou a nausear Elenna.

Preocupada, a garota pro extinto, praticamente se atirou na casa, correndo até a origem do cheiro quase aos tropeços, e percebera vários lençóis ao chão molhados a sangue fresco, baldes de água que agora eram vermelhos, até enfim descobrir o real motivo daquela imagem aterrorizante, lá no meio da casa Cesília soava de preocupação e lutava para manter vivos três forasteiros, assim como a garota de cabelos longos dissera, eles agonizavam pelas feridas, e sofriam por queimaduras assustadoramente horrendas, e nada podia se fazer muito pela dor, Cesília explicava quase aos prantos que os recursos estavam mais escassos que o normal, mesmo que já não fosse o suficiente, explicou também que tá se esforçando muito, e não conseguia fazer nenhuma medicina para ajuda-los, e que era de divina ajuda se Elenna avisasse a vila por ela das terríveis notícias. 

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