Rue entregou para Hana um pano e um pouco de água para limpar o sangue dos lábios, das mãos e do rosto. Havia um corte em sua sobrancelha e o quase cicatrizado e profundo corte em sua bochecha havia sido aberto novamente durante briga, sangrava um pouco, a garota sentia seu corpo dolorido mas não se arrependia do que havia feito, nem um pouco. O mais velho se sentou do outro lado da mesa, em frente a ela, ele estava com alguns machucados no rosto também mas não pegou nenhum pano pra limpar.
- Você deveria limpar o sangue do seu rosto também. – Ela torceu o pano que já estava um pouco sujo com o sangue dela e então jogou em direção do garoto, que o pegou no ar.
- Obrigado... Sabe, o que você estava pensando? Quem ataca um homem duas vezes o seu tamanho? – O moreno começou, rindo e negando com a cabeça. – Você é insana, mulher. Não consegue escapar de problemas nem por um único dia, não é mesmo?
A garota deu de ombros, sorrindo e cruzando as pernas, realmente arrumar confusão era tudo que fizera desde o dia da sua cerimônia. Havia matado Yusuke, fugido de Shimabara, se aliado a outro senhor feudal e agora havia atacado o filho do mestre de armas e provavelmente lhe dado uma cicatriz que ia durar pra sempre. Não conseguia se arrepender de nenhuma das suas decisões então não estava se sentindo mal por isso, não é como se fosse louca e atacasse pessoas sem motivos e as pessoas que ela havia machucado haviam feito coisas antes para merecerem isso.
Uma criada apareceu repentinamente para deixar um pouco de chá em cima da mesa e levar a bacia com água suja de sangue, a mulher pareceu tomar um susto ao olhar Hana mas não fez nenhum comentário a princípio.- Então, o que você queria tanto falar comigo que a fez aparecer do nada em minha casa? – Rue cruzou os braços enquanto encarava a garota, que estalou a língua e pendeu a cabeça para o lado, tinha esquecido por um momento que haviam coisas importantes para ser feitas ali, não apenas agredir o irmão mais velho do amigo.
- Preciso de alguém pra me treinar, o daimiô disse que eu deveria fazer isso sozinha mas infelizmente eu não conheço ninguém nesse lugar. – Explicou a garota enquanto apoiava-se em cima da pequena mesa, ignorando o chá e as xícaras ali, não se interessava em beber ou qualquer coisa do tipo, precisava de ajuda e esperava que o garoto pudesse lhe oferecer isso.
- Você quer que eu te treine? - Ele riu, negando com a cabeça enquanto servia para si próprio um pouco de chá. – Não sou um professor, então agradeço a oferta mas não.
- Não estava falando de você me treinar, homem. – Ela negou rapidamente com a cabeça. – Estava falando sobre você me ajudar a encontrar alguém disposto a fazer isso, a me treinar. Eu não posso simplesmente chegar em qualquer um e pedir para ser treinada e como você é filho de alguém importante talvez as pessoas reconsiderem o meu pedido caso você esteja comigo... Além do que, também não conheço ninguém que possa me treinar e você mora na cidade então deve conhecer e...
- Tudo bem, tudo bem eu já entendi o que quis dizer. – Ele disse ao ver que a garota estava um tanto quanto perdida ao tentar explicar exatamente o que queria, não a julgava, imaginava que sua posição era mesmo confusa e de certa forma sentia empatia por Hana além de estar grato por ela ter tentado lhe defender mesmo diante do próprio senhor feudal. – Bom, vai ser difícil achar algum samurai que aceite treinar uma mulher e ainda com já quinze anos, o treinamento samurai começa aos sete anos de idade então você está bem atrasada, sabe? Talvez se você ainda fosse uma criança os mestres menos convencionais ficassem tentados a assumir o desafio de treinar uma mulher... Mas ainda podemos ir até eles. Existem cerca de sete grandes mestres em Hiyokuna, podemos ir até eles. – Rue parecia pensativo enquanto falava e explicava o que ela precisava fazer, bebericando o chá ao final de sua fala, ainda pensativo. Hana ouvia atentamente a cada palavra que ele proferia tentando gravar o máximo possível já que sabia que aquilo era importante, tinham sete pessoas em toda a cidade que poderiam lhe treinar. E isso lhe dava sete chances, imaginava que pelo menos um entre esses homens aceitaria esse desafio.
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Flores murchas
ActionEscolhida aos cinco anos em uma casa de Oirans, que cria prostitutas de luxo, Hana sabia que sua vida seria difícil. Mesmo com um grande patrocinador ela cresceu em um ambiente onde a disciplina era fundamental e ela deveria ser perfeita, inconforma...