O silêncio no lugar era aterrador, enquanto Hana se mantinha com a espada em mãos, revisando alguns golpes com o ar e MIzuno mantinha seus olhos fixos nela enquanto tocava uma pequena flauta de madeira, como se observasse uma cobra que poderia atacar a qualquer momento, preparado para qualquer imprevisto. A espada dela refletia a luz vez ou outra e batia em seus olhos, o ferro quase tão translúcido quanto um espelho não lhe incomodava, mas vez ou outra a fazia perder-se nos movimentos pré-ensaiados com tanto cuidado, os movimentos que Ryu lhe ensinou eram iguais a uma dança, era artístico e calmo, sem movimentos muito pesados e brutos, deveria manter todo o seu equilíbrio na sua espada e no peito dos pés, lhe lembrava as coreografias que ela fazia quando estava na casa de Hime. Ela se aproximava, atacava nas laterais do corpo, rodava e se afastava, tudo consistia naquilo, atacar e correr de uma forma graciosa, seus pés não faziam nem mesmo um mínimo ruído ao tocar o chão.
"Silenciosa como as águas do rio Shinano*"
Pensava nas palavras dele a cada mínimo movimento que fazia, com os olhos sérios concentrados em um alvo invisível. Nunca havia usado aquelas técnicas e mesmo admirando completamente o Mizuno Ryu como um mestre, preferia quando ele lhe ensinava jeitos de lutar mais incisivos, onde ela poderia partir pra cima do seu oponente e lhe cortar a garganta, não apenas desviar e atacar eternamente até que ele fique cansado. Ela suspirou, jogando a espada no chão e virando-se pra ele, que parou a música também, olhando-a com calma.
- Me ensine de verdade! – Ela pediu, respirando profundamente, com uma certa irritação no seu timbre. – Eu quero destruir meu oponente, eu preciso saber disso, não posso lutar apenas me esquivando.
- Eu te ensinei a atacar da melhor forma. – Ele respondeu e então se levantou, calmo. – Você quer lutar como todos os outros? Batendo sua espada até que, com sorte, consiga penetrar uma armadura e acabar com o seu oponente?
- Não sei, apenas queria um técnica a qual eu não precisasse ficar dois dias desviando e atacando em pontos não vitais... Eu até mesmo treinei com Moisaka um estilo mais incisivo de luta... – Hana dizia, um pouco irritada, não com seu mestre mas consigo mesma, com a situação. – E eu acho que o que ele me ensinou é muito mas prático do que o que o senhor me ensinou, não dá pra lutar com essa calma em uma guerra...
O homem ficou em silêncio, olhando para ela com um quase sorriso no rosto. E então deu de costas, entrando em sua casa por alguns segundo, Hana iria segui-lo mas ele voltou logo com um pedaço bambu, grande como uma espada, ele andou até a garota e então partiu o bambu ao meio, batendo-o contra sua perna, uma das parte do bambu ficou com uma ponta particularmente afiada e saliente.
- Mostre-me essa técnica então, que é tão boa. – O homem não parecia irritado. Então Hana sorriu.
- Não pegarei leve com o senhor só porquê é velho... – Brincou, nunca havia visto ele lutar, ele sempre ficava sentado e lhe dizia o que fazer, sem demonstrações visuais de sua força e ela sempre supôs que ele era um velho cansado e o álcool excessivo havia cobrado sua vitalidade.
- Como quiser, Hana. – Ele se colocou em posição de defesa, com o corpo apoiado na conta dos pés e as duas partes de bambu cruzadas a sua frente. Hana virou sua espada ao contrário, de forma que não iria atacar com a parte afiada e sim como outro lado. – Não faça isso, mostre-me seu poder, quero vê-la usando toda sua força com o lado certo da espada. – Pediu o homem.
- Mas... eu posso machuca-lo seriamente! – Protestou a menina.
- Veremos. – Mizuno Ryu deu de ombros, e Hana suspirou, hesitante ao colocar a espada do lado certo.
Ao ajeitarem suas posições, Hana não pensou muito antes de atacar primeiro, dando um passo a frente e jogando sua espada contra Ryu, mas o homem desviou com extrema facilidade, girando ao se afastar, ela sorriu e continuou, dando outro passo para frente e atacando novamente, ele desviou de novo e desta vez aproveitou sua guarda baixa pela espada estar longe do seu corpo e atacou o ombro dela com o bambu que tinha a ponta afiada, fazendo com que a garota soltasse um breve grito e se afastasse, não era como o corte de uma espada, era um corte bruto e maior, afinal era uma casca de madeira cortando sua pele. Ela olhou por um segundo para o homem, e suspirou, entendendo que ele estava levando a sério de verdade aquilo.
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Flores murchas
ActionEscolhida aos cinco anos em uma casa de Oirans, que cria prostitutas de luxo, Hana sabia que sua vida seria difícil. Mesmo com um grande patrocinador ela cresceu em um ambiente onde a disciplina era fundamental e ela deveria ser perfeita, inconforma...