Não conhecia a vila onde estava, mas aparentemente estava em um feudo diferente. Não sabia como chegara ali tão rápido, talvez fossem realmente dois territórios muito próximos um do outro. Não sabia o quão perigoso era para eles estarem ali, se colocavam aquelas pessoas em risco ou qualquer coisa do tipo, não fazia a mínima ideia de muita coisa. Enquanto Moisaka se recuperava do ferimento no braço Hana se ocupava em responder as perguntas das mulheres sobre a sua vida, todas pareciam muito curiosas por ter uma oiran de verdade ali naquela vila, imaginava mesmo que nunca tivessem visto uma e estavam fascinadas e perguntando seus segredos para serem tão graciosas e atraírem tanto os homens da forma que faziam, tentou o seu máximo pra explicar da melhor forma que era puramente métodos de tortura e trabalho forçado, mas todas pareceram ainda mais encantadas com aquela realidade. Quase poderia ficar ofendida, aquelas mulheres eram bem mais velhas que ela e não eram capazes de entender o que é ser forçada a fazer coisas que você não quer, mas tinha muito respeito por elas para se pronunciar, a única pessoa que parecia realmente lhe ouvir era Erika, talvez por ela ser nova demais, mas sempre que transmitia suas opiniões era calada entre as mulheres mais velhas mesmo sendo a única ali que entedia o que falava.
Em determinado momento do primeiro dia, levaram a espada de Yusuke para ela. Ainda estava suja com seu sangue e sujeira, ela passou toda a noite sob a luz de uma lamparina limpando cuidadosamente o objeto como se tirasse todos os resquícios de que aquele homem existira neste mundo com aquele ato, ela afiou ela por horas até que ao jogar uma pétala sobre sua lamina, ela se partisse, nunca havia afiado uma espada em sua vida, precisou de algum bom tempo para entender o jeito certo de passar a pedra e cortou as mãos no processo pelo menos três vezes. Havia o nome de Yusuke cravado na espada "Yusuke Mao" próxima ao cabo da espada, era bom mesmo que tivesse, assim poderia entregar o coque a espada ao Daimiô, seria uma prova indiscutível de que havia matado o homem.
Nem dormiu naquela noite, quando o sol ameaçou sair ela pegou a espada e saiu escondida do hospital, seguindo para o jardim atrás dele e se aproximando da mesma árvore que havia conversado com Moisaka no dia anterior. Segurou a espada e encarou a arvore, ajeitando sua postura e erguendo a espada, fingiu movimentos rápidos de ataque contra a madeira mas a espada ao ser lançada era tão absurdamente leve que ela desequilibrou para o lado, ao ser empunhada a Katana machucava seus ombros pelo peso mesmo que Hana segurasse com ambas as mãos, ela tentou novamente, mas desta vez com menos força o ataque e a espada simplesmente caiu para frente pesando, fazendo com que ela caíssem junto. Veja, Hana não era exatamente uma mulher com braços fortes, era magra e esguia, um pouco alta para a maioria das moças de sua idade e acima de tudo nunca em sua vida segurara uma espada ou vira uma sem ser na bainha de um samurai ou em gravuras, não sabia como manusear aquilo.
Ela tentou mais algumas vezes mas em todas ou caía, ou a espada caía, em determinado momento em pura frustração ela jogou o objeto no chão.- Que droga, por que não me obedece? – Resmungou pra espada a olhando na grama como se ela pudesse lhe responder seriamente.
- Por favor, não pare, estou adorando o entretenimento.- Zombou uma voz atrás de si, e Hana olhou por cima do ombro para ver Moisaka com o ombro ferido em pé atrás de si.
- Está aí faz muito tempo? – Perguntou a garota um tanto quanto sem jeito por ter sido pega usando a espada, mesmo que não soubesse o motivo desse sentimento.
- O suficiente pra entender qual é o seu erro. – Ele se aproximou. – Deixa eu te explicar? – Pediu, fazendo um movimento com a cabeça para que ela pegasse a espada do chão e Hana ficou parada por alguns segundos alternando entre olhar para a espada e para Moisaka, ela tinha uma escolha ali e de algum jeito ela teve a sensação de que aquilo era importante demais, aquela simples escolha seria algo que ditaria algo ainda mais importante ela não entendia como poderia saber mas no final apenas assentiu e pegou a espada do chão.
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Flores murchas
AzioneEscolhida aos cinco anos em uma casa de Oirans, que cria prostitutas de luxo, Hana sabia que sua vida seria difícil. Mesmo com um grande patrocinador ela cresceu em um ambiente onde a disciplina era fundamental e ela deveria ser perfeita, inconforma...