Estou sentada na minha mesa, fazendo meia hora desde que sai da sala do meu chefe. Encaro o grande jarro de lírios rosa com manchinhas brancas, que descansa em meu balcão, pensando em como consegui derramar café no carpete e ainda ser capaz de ter causado tanto alvoroço. Bernadete está lá dentro, coitada, tentando limpar o estrago que fiz e já estou me sinto péssima por ela.
Sério? Que merda eu fiz noutras vidas para merecer um castigo desses? Era para eu estar feliz e me sentindo realizada por finalmente as coisas estarem dando certo para mim, mas tudo o que estou sentindo é indignação, nervosismo e medo de perder o meu emprego. Fecho os olhos e rezo para todos os santos praticamente implorando por clemência. Tento focar nas minhas preces, mas tudo o que me vem na mente é o momento que meus olhos se encontraram com os de Andrew. Parece tão surreal trabalhar diretamente com ele.
O telefone toca novamente e, pelo número do ramal, já sei que se trata de Beth. Observo o meu relógio de pulso e percebo que já se passou de meio-dia.
— Oi. — Já sabendo que é ela, poupo-me de formalidades.
— Bora comer? Preciso matar quem me mata, porque senão vou acabar matando o meu chefe! Porque aquele, sim, me irrita! — Ela solta um rosnado, o que me faz franzir a testa e rir ao mesmo tempo.
— Ok. Preciso sair daqui também. Bem rápido — falo já me levantando.
Encaminhamo-nos para um restaurante, que fica próximo do prédio onde trabalhamos, e entramos nele. O buffet é amplo, mas prefiro algo light. Pego uma posta de peixe, salada verde e uma colher rasa de tabule.
— Vai comer tudo isso? — Observo seu prato de pedreiro e gargalho. A quantidade de frituras e massas me deixou com água na boca. — Por isso é tão magra! — ela ri.
— Na verdade, no meu antigo trabalho, as refeições eram leves. Aprendi a comer pouco, porém, de três em três horas.
— E você trouxe comida para daqui a três horas?
— Não. — Penso na manhã estressante que tive com Gustavo. — Acho melhor eu comer mais alguma coisa. — Pego uma colher de arroz e uma concha de feijão e despejo no meu prato.
— Depois passamos em uma lojinha aqui perto e você pode comprar uma daquelas barrinhas de terra para comer mais tarde.
— Barrinha de terra? — gargalho incrédula. Beth tem um humor negro que gosto muito.
— É. Essas porcarias que vocês, modelos, fingem comer para logo depois se entupirem de chocolate! — fala enquanto nos sentamos numa mesa próxima da janela.
— Modelo? Quem me dera, trabalhei em casa de família durante anos.
— Sério? — ela pergunta e explico sobre os anos que trabalhei na casa dos Delamont. — Nossa, não me admira você ser toda sofisticada. Até os empregados deles são assim, é?
— Antes de Laura, minha amiga, sim. Mas depois que Nick e ela se casaram, muita coisa mudou naquela casa. Laura sabe que, às vezes, o simples pode ser melhor do que anos de estudo — comento enquanto tiro um filete do meu peixe.
— Cara, surreal essa parada de você conhecer o senhor Collins! Não conte isso pra mais ninguém, porque se cair nos ouvidos da Marla... ferrou! Ela, com certeza, faria da sua vida um inferno! Nem sei como ela te contratou para início de conversa. — Beth fala, depois de descobrir que eu já conhecia Andrew. — Aquilo lá é uma cobra!
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Um bebê para Andrew - Duologia Amores Intensos Livro 2 (Degustação)
RomanceEle sempre a amou. Ela nunca o percebeu. Ele está disposto a lutar. Mas, ela irá se render? "Está determinada a fugir de mim?" Maria Eduarda está recomeçando, e juntando o que sobrou do seu coração, após vê-lo destruído em um passado conflituo...