Capítulo 8

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Eu sou uma pessoa muito complicada, tenho total noção disso. Mas quando eu estou com o Leon é diferente. Não é complicado, não é forçado... é natural, mas eu não posso me dar o luxo de pensar nele como algo a mais. Eu tenho medo de tudo dar errado e acabar com nossa amizade. Com quem eu vou comentar sobre as séries? quem que eu vou obrigar a assistir filmes de romance? quem vai me fazer ler livros de suspense (por mais que eu tenha pavor) em troca de ver os filmes de romance?
Eu realmente não posso perder o Leon, ele é meu... tudo bem, eu não sei o que ele é meu mas eu não quero que isso que nós temos seja acabado por conta de um relacionamento que pode não dar certo, e isso influenciaria nas nossas amizades, todos os meus amigos são amigos dele, e eu não quero que — caso dê tudo errado entre a gente — eles tenham que escolher entre mim e ele.
E então me lembro que ele ainda está ali, enquanto eu tenho um milhão de pensamentos sobre ele... quer dizer... sobre nós.
–E aí garoto desconhecido que convida o desconhecido pra casa da outra desconhecida. Oliver chega (para minha salvação) rindo daquela situação, mas percebe que a gente estava se encarando e em seguida já fala:
– Desculpa gente, não queria atrapalhar vocês.
Meu olhar provavelmente está dizendo obrigada de mil formas diferentes.
– Você não está atrapalhando nada, fica tranquilo. Dou um meio sorriso para ele.
– É isso mesmo, não tem como se atrapalhar algo que nem se quer começou. O olhar de Leon é de tristeza. Aquelas palavras vieram para me dar dois tapas na cara, só que em grande estilo. Ele solta um meio sorriso também e se levanta.
– É... Eu vou... beber alguma coisa. – Ele levanta, esse tempo todo ele ainda estava em cima de mim e quando percebo isso, olho ao redor e vejo que todos estavam observando aquela cena. Ótimo! era tudo que eu precisava, eles vão me infernizar com isso mais ainda (se é que é possível). Assim que ele sai de perto de nós, eu convido Oliver a se sentar ao meu lado.
– Ei, qual seu nome mesmo? Desculpa minha mente não decora nomes, nem datas, nem a matéria de física, nem o nome dos sete anões nem... olha se você não me parar eu vou continuar, e a lista não é pequena porque eu sou realmente bastante esquecida. Digo rindo pra ver se consigo amenizar aquela "torta de climão" que estava no ambiente naquele momento.
Ele dá uma risada super sincera antes de me responder: — Meu nome é Oliver, mas pode me chamar de Oli.
— Eu sou a Hanna, mas pode me chamar de Han, ou de ruiva, ou de doida. Atendo pelos três apelidos.
Mais uma vez ele dá uma risada. Ele parece ser bobo como eu, talvez a gente se torne amigos no fim.
– Prefiro te chamar de Han por enquanto.
Eu dou risada e continuamos conversando por um tempo. Ele me disse que gostava de ler livros de terror, suspense ou de aventura. Também me falou sobre algumas séries que a gente assiste em comum, mas são apenas duas. Ele disse que prefere coisas voltadas para a realidade e eu respondi que tudo o que eu NÃO queria eram coisas que falassem sobre a realidade, já que já basta vivê-la a todo instante.
O final do dia chegou rápido. Depois da minha conversa com o Oliver, ainda dei um pulo na piscina mas não conversei mais com o Leon, ele ficava me encarando mas quando eu percebia seu olhar sob o meu, eu recuava ou virava o rosto para não me perder naquele mar de olhos. Eu não sei explicar o que acontece comigo, mas toda vez que eu vejo aquele olhar, eu esqueço completamente de tudo ao meu redor e fico perdida, ou seja, nada de encaradas longas para evitar a "perdição".
Quando chegou à noite, o pessoal já estava bastante cansado e alguns queimados (inclusive eu), decidimos pedir algumas pizzas e a confusão foi para escolher os sabores.
– Gente, por favor provem a de brócolis, ela é maravilhosa!! Mais um dia da Angel implorando para comermos a pizza dela favorita, mas nós nunca aceitamos por conta de que É BRÓCOLIS (eu amo brócolis mas pizza é pizza e brócolis é brócolis) na pizza não combina.
– Angel, aceita que nunca vamos comer essa gororoba por favor. Dan fala isso dando risada e abraçando a Angel que faz biquinho.
– Eu não sei vocês mas eu só como de frango ou portuguesa, agora qual das duas eu deixo vocês escolherem. Eu aviso para eles dando uma piscadinha para Angel.
– Han, qualquer coisa que tenha frango pra você está aprovado. Angel olha para mim com uma expressão de convencida.
– Exceto pizza de brócolis. Brócolis combina apenas com arroz e feijão e nada fará minha opinião ser modificada. Muito obrigada. Angel mostra a língua para mim e eu devolvo na mesma moeda mostrando a lingua para ela também.
– Eu apoio a de frango! O Oliver deu um sorriso para mim e eu sorri de volta.
– Você acabou de chegar no grupo, se a gente comprar a de brócolis tu vai ter que comer!!! O Dan avisa e olha para ele debochando. O Leon que geralmente mais opina sobre os sabores de pizza, estava sentado no sofá brincando com um chaveiro de carrinho que tem em sua chave. Esse chaveiro é bastante importante para ele, e eu sei que ele só mexe quando está extremamente chateado ou extremamente feliz, é exatamente 8 ou 80. E eu sei exatamente que não é de felicidade que ele está mexendo. Olho para ele esperando que em algum momento ele me olhe de volta, e é exatamente o que ocorre. Faço um sinal para ele olhar para o celular e envio a seguinte mensagem.
"Precisamos conversar... depois que o pessoal for embora, fica e vamos nos resolver de uma vez."
Eu vejo sua expressão mudar para um leve sorriso e no mesmo instante ele volta a ficar sério de novo e me responde:
"Ficarei aqui, na verdade eu sempre estou aqui."
Não consigo conter o meu sorriso. Essa noite nós vamos nos resolver. E tudo será decidido.

O Amor É Uma Merda...Ou NãoOnde histórias criam vida. Descubra agora