Capítulo 10

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Estou muito nervosa. Eu sei que o Leon e eu nos conhecemos desde crianças... na realidade quase todos os meus amigos se conhecem desde crianças. Sempre moramos perto um do outro, e frequentamos o mesmo colégio desde o fundamental. E alguns deles estiveram comigo nos piores momentos, principalmente o Leon. Quando minha mãe ficou internada por conta de um problema respiratório, ele estava lá, junto comigo. Ele ia todos os dias depois da escola, e ainda levava a matéria para eu estudar e depois entregava para os professores. Já fazem dois anos desde esse momento. Foi muito difícil para o Henry e eu passarmos por tudo isso. O caso da minha mãe era grave, e alguns médicos diziam que ela não poderia sobreviver sem as máquinas... Mas tudo ficou bem, hoje ela não tem nenhum problema, se recuperou quase que cem por cento. Mas essa não é a questão. O meu grande problema de agora é: o que eu vou fazer com o Leon? eu sei que ele não é capaz de me machucar, e sei que esse sentimento que ele tem por mim não é de hoje. Ele sempre solta alguns comentários como: "você sempre foi a mais linda de toda a escola, Han", "eu não sei como alguém poderia vacilar com você" por conta das minhas tentativas em supostos relacionamentos anteriores. Ele viveu todos esses momentos comigo, chegava até a querer ir tirar satisfação com os garotos e outras coisas do tipo, porém eu nunca permiti, sempre disse para ele que eu sabia me virar sozinha, mesmo que na maior parte das vezes, quem segurava toda a barra era ele, eu já perdi as contas de quantas vezes eu já chorei naqueles ombros largos e desajeitados dele. Mas mesmo assim, eu não sei se quero arriscar toda a nossa história como melhores amigos, com um namoro que pode não dar certo, então decido o que vou fazer.
Nos sentamos no chão do gramado, a lua estava cheia e a luz iluminava aqueles lindos olhos verdes que só o Leon tem, é incrível a capacidade que ele tem de me fazer ficar completamente perdida. Nos sentamos um em frente ao outro e por um instante eu fechei meus olhos, aquele momento definitivamente ficaria marcado em nossas mentes independente de qual fosse o resultado dessa nossa conversa. Leon começa falar e eu abro meus olhos. Ele me olha e coloca uma mecha dos meus cabelos atrás da minha orelha. Eu sorrio por conta desse ato dele, ele sabe que eu não gosto dos meus cabelos nos olhos, eu disse isso uma vez e ele jamais esqueceu.
– Você está tão linda hoje. Ele fala e eu dou um leve sorriso.
– Linda e queimada né? to quase da cor dos meus cabelos. digo pegando uma mecha comparando a mesma com a minha bochecha. Eu nem estou tão queimada para falar a verdade, mas queria fazê-lo rir antes de nos aprofundarmos no grande assunto.
– Como você é exagerada, mas mesmo super, hiper, mega, ultra queimada você continua linda.
Agradeço por já estar com as bochechas coradas, caso contrário essa frase (que contém grande sarcasmo), me deixaria tão queimada quanto um tomate. Paro de encara-lo e olho para a grama verde em que estava sentada.
– Por que você sempre recua quando eu elogio você?
– Porque eu tenho medo. Ele puxa delicadamente meu queixo para que eu volte a encara-lo.
– Do que você tem medo Han? você tem medo de mim? Ele pergunta e eu sinto um leve tom de tristeza em sua voz.
–Não! claro que não tenho medo de você, Leon. Eu sei que você não é capaz de machucar nem uma mosca, mesmo que ela esteja fazendo barulho no seu ouvido. Não, eu não tenho medo de você. Como você pode pensar isso? dou um leve soco no ombro dele, para tentar descontrair.
– Primeiro, eu super seria capaz de matar uma mosca okay? já matei várias. Ele olha para mim e eu dou risada.
– Leon, eu já te vi salvar uma mosca porque segundo você, "ela estava se afogando e isso não é jeito de se morrer". Ele faz uma cara de indignado.
– Mas não é mesmo! engolida por sapo tudo bem, mas ficar agonizando... imagina o pulmão dela que horrível!
– Eu acho que moscas não tem pulmão...
– Você não sabe disso. Ele diz e me encara.
– Hm, eu tenho quase certeza que elas não têm pulmão. Digo pensativa... será que moscas tem pulmão?
– Quase não é certeza... Ok, chega desse assunto. Você só está me enrolando.
– Ei, não estou nada! você que é os heróis das moscas. Só estava comentando. "Droga, fui descoberta" penso olhando para o chão.
– Han, okay já entendi, sou um sentimental bobo que não consegue deixar as moscas se afogarem porque sinto dó. Agora vamos falar do que realmente importa... Por que você tem tanto medo disso? Ele faz um sinal com a mão apontando para mim e em seguida apontando para si mesmo.
– Porque eu tenho medo disso - faço um sinal de explosão com a mão - se tornar isso. Eu gosto demais de você e eu não quero que tudo isso que a gente construiu ao longo de tantos anos acabe... eu não quero ter que olhar para você e não encontrar o meu melhor amigo, eu não quero que isso dê errado e fazer todos os nossos amigos ficarem envolvidos nisso, eu não quero...
De repente eu sinto os lábios de Leon nos meus, ele me pega de surpresa e involuntariamente eu correspondo, fechando meus olhos e entrando em sincronia com ele. O gosto dos lábios dele é de bala de hortelã... acho que talvez ele já imaginava que esse momento aconteceria.
Paro o beijo e o afasto com uma mão.
– Leon... o que foi isso? eu ainda estava tentando te falar os motivos da gente não poder ser um casal e você faz isso?
– Han, desculpa mas eu não aguentei... e eu sei que você iria falar, falar e falar, mas eu precisava ter certeza que não era isso que você queria realmente. Mas agora, eu percebo que talvez você só esteja escondendo essa verdade dentro de você. Você sabe que eu estou aqui Hanna, na realidade eu sempre estive aqui ao seu lado, em todos os momentos. E eu não vou sair daqui Hanna, eu sempre estarei aqui por você. E não é só como um melhor amigo. Você e eu sabemos que é mais que isso.

O Amor É Uma Merda...Ou NãoOnde histórias criam vida. Descubra agora