Capítulo 6

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Automaticamente sinto meu rosto corar feito uma chama que acabara de ser acendida.
–Parece que a gente está sempre se esbarrando não acha?
Ele me olha e da uma leve risada, e eu faço o mesmo.
–V-você aqui? Na minha casa?
Ele ri e coloca a mão naqueles lindos cabelos pretos e passa todos os fios para trás mas segundos depois o cabelo já volta pro mesmo lugar que estava antes disso.
– O seu namorado me convidou lembra? Ele me deixou com o endereço daqui. - "se eu já estava vermelha antes, agora eu estou totalmente uma pimenta" 
–N-NÃO, quero dizer, não ele não é meu namorado, nós somos só amigos. Eu espero que ainda sejamos na verdade... - Sussurro aquilo como se ele não estivesse ali, mas lembro e sinto minhas bochechas corarem ainda mais (se é que é possível).
– O Que você disse?
–Nada não... eu só pensei alto. -digo ainda envergonhada por ter dito aquilo em voz alta.
– Ah sim... me desculpe eu não queria te constranger...
–Não, não, não, você não me constrangeu, relaxa, só queria que não houvesse um mal-entendido. Nós dois ficamos meio constrangidos com aquela situação, e um silêncio nos tomou conta por alguns breve segundos, que pareciam ser séculos. Até eu quebrar aquela "barreira" que nós mesmos tínhamos criado.
– E então, por que sua namorada não veio?
Mudo de assunto pra ver se consigo ficar menos constrangida com tudo isso.
–Ah... Hm... ela não estava se sentindo muito bem, preferiu ir pra casa dela levar o meu cachorro pra brincar um pouco, mas depois eu vou passar lá pra pegá-lo de volta.
–Ah sim, entendi então. Bem, sinta se em casa, como diria aquela famosa frase "Mi casa és tu casa". - Ele solta uma leve gargalhada e abre um belo sorriso de dentes totalmente brancos e que deixaria qualquer uma enfeitiçada sem sombras de dúvidas " Que sorte tem a namorada dele, imagina ver esse sorriso todos os dias, acho que eu ficaria meio doida" penso.
–Sim sim, obrigada pela sua grande recepção, eu vou ali com o seu... amigo, até mais. -A forma como ele disse "amigo" parecia que tinha uma ENORME aspas, mas eu apenas ignorei.
–Tudo bem, vai lá, já já eu vou ao encontro de vocês. Só vou ir buscar uma coisa em meu quarto.

Entro dentro de casa correndo, e esbarro em mais alguém, mas não paro pra olhar. Subo as escadas correndo e ainda corro no corredor até a chegada pro meu quarto, assim que entro, tranco a porta e me jogo na cama. Lágrimas que não queria que caísse, acabam saindo contra a minha vontade. Por um instante aquele segundo parecia não ter fim. Agarro meu travesseiro com tanta força que parecia que ele iria me tirar dali, mas eu sabia que não... choro como se aquilo fosse algo ruim, choro como chorei no final de "Se eu ficar", choro como se chorar fosse a única solução, mas... por que eu estava chorando? O Leon é incrível e eu não me canso de dizer isso, porque ele é mesmo. Mas então por que eu chorava como se aquilo fosse ruim? Não é ruim, eu sei que não é. Mas por que eu acho que isso é ruim? O Leon é diferente de todos os outros garotos que eu já tinha chegado a gostar, eu nunca tinha me apaixonado, mas já tinha gostado de alguns caras que no final se mostraram grandes babacas. Mas ele não é assim, eu sei que ele não é desse jeito, ele é incrível e se ele estiver mesmo gostando de mim, por que isso me fazia chorar tanto?
E então eu lembro... lembro que todas as vezes que eu tentei ficar com alguém, namorar com alguém de verdade, até pensar em levar pra família conhecer (o que eu nunca fiz, porque ainda não achei o "certo"), eles deram uma mancada gigantesca que me fez aos poucos parar de acreditar que exista mesmo essa coisa de "amor", no fundo eu sabia que existia, sabia que todo mundo encontrava seu "amor verdadeiro", só não achava que aquilo era pra mim.
De repente, escuto algumas batidas na porta... e digo em meio aos soluços:
–Quem é?
–Sou eu Hanna, abre aqui. - aquela voz suave que na hora que eu ouvi, as lágrimas cessaram. Era Leon.
– Só um minuto. - entro no banheiro do meu quarto e vejo o estado deplorável que eu estou, mas ele continua a bater na porta então precisava ser rápida. Peguei um lenço umedecido e joguei um pouco de delineador para fingir que eu estava tirando a maquiagem. Vou até a porta e abro:
– Oi, tá tudo bem? - ele pergunta já sabendo a resposta.
– Oi!! Tá tudo sim por quê?
– Achei estranho você não estar lá embaixo com todo o pessoal.
– Eu só vim tirar a maquiagem, por causa da piscina, aí não compensa ficar parecendo um panda. - Dou um risada e ele também, mas continua com uma cara de desconfiado. Assim que digo panda, passo o lenço no rosto e acabo borrando tudo.
– Agora sim você está parecendo um panda. - ele ri da minha cara e eu faço cara de emburrada.
– Isso não teve graça. - cruzo os braços e faço "biquinho".
– Vem cá, deixa que eu limpo.
Ele pega o lenço da minha mão, dobra e começa a passar no meu rosto com todo cuidado possível, em seguida coloca meus cabelos atrás da orelha e continua limpando meu rosto, em volta dos meus olhos e ele me olhava de uma forma inexplicável. Estávamos nos encarando e nos aproximando, eu sabia que já estava perdida antes mesmo dele começar a me encarar, aquele par de olhos, eram a definição de perfeição, aqueles olhos conseguiam me fazer sorrir só por me observar, era naquele par de olhos que eu queria ver meu reflexo durante todo o resto da minha vida, eram aqueles olhos que poderiam ser totalmente para mim, mas que eu não podia aceitar. Do mesmo jeito começamos a nos aproximar, ele colocara a mão esquerda em meu rosto a caminho do meu pescoço, chegando em meus cabelos, e quando estávamos prestes as selar nossos lábios, alguém entrou no meu quarto gritando.

O Amor É Uma Merda...Ou NãoOnde histórias criam vida. Descubra agora