Eu estava tão fora de mim nos três últimos dias, minha mãe tentava conversar comigo sobre o que me afligia, mas o que eu iria dizer? Que tinha problemas com pesadelos? Que alguém estranho havia me ligado e me mandado fugir?
Ambas as coisas poderiam ser resolvidas ou concluídas facilmente. – Indo ao psicólogo ou até a delegacia – mas, não fazia o menor sentido. Para mim, havia algo a mais naquela confusão toda, algo grande, como um segredo prestes a implodir.
- Anne, querida, por que não sai com os seus amigos? Talvez a distração te tire desses seus devaneios.
- Mãe, os amigos de Noah não são meus amigos.
Enquanto falava, encarava meu reflexo na xícara cheia de café. Noah passa por mim pela cozinha, sua jaqueta jeans prende a minha atenção por um instante.
- Olha só, eu sei que você não vai muito com a cara da Sara, mas, ela é uma boa garota e... – Noah toma rouba um biscoito do meu prato.
- Sua namorada, você diz? Poupe-me Noah – Reviro os olhos em tom de reprovação. – Eu estou legal, afinal, eu tenho Diana.
- Mas você deveria sair. – Afirmou Noah com um sorriso torto.
Olhei para o relógio na parede amarela da cozinha, era 7:20, eu estava encrencada.
- Estamos atrasados para a aula.
Levantei as pressas, pegando minhas coisas para a aula de geografia.
- Ei! Espere por mim! – gritou Noah atrás de mim.
Ignorei seu pedido e corri até a porta da sala.
- Tchau mãe!
Peguei a bicicleta vermelha estacionada perto dos arbustos de casa, fazia tempo em que não pedalava. Naquele momento eu só torcia para que os pneus estivessem cheios, e para a minha sorte eles estavam. Sorri comigo mesma ao sentir o pequeno sabor de liberdade que o vento me trazia. Eu sabia que meu irmão ficaria irado comigo, mas também não poderia correr o risco de ser chamada a atenção pelo diretor pela milésima vez, sabia que precisava ser mais responsável com aquilo que as pessoas me designavam. Entretanto, eu não sabia o que estava por vir aquela manhã.
Estacionei minha bicicleta perto de outras ao lado da entrada, a escola estava aparentemente vazia. "droga, a aula já começara". Quase correndo pelos corredores encontrei Alan, ele não notou a minha presença até eu derrubar minha garrafa d'água.
- Oooi Annelise! – Acenou ele todo sorridente.
- Oi Alan. – respondi sem nem olhar em sua direção. Peguei a garrafa do chão e percebi que ele já estava a poucos centímetros perto de mim quando levantei. Ele pôs seu braço em meu ombro num abraço de mal jeito – Hum, Alan, eu preciso ir para a aula, nos falamos depois ok?
Afastei-me de suas mãos mas dessa insistentemente ele me puxou para si novamente, dessa vez, sua mão tocou minha cintura apertando rudemente.
- Na verdade, Anne. – disse ele ao meu ouvido, seu hálito cheirava a álcool, assim como todo o resto dele. Estava embriagado, sem dúvidas – Eu gostaria de conversar melhor com você.
- Alan, não temos nada para conversar. – me livrei mais uma vez de suas mãos e saí andando sem olhar para trás, estava com tanto medo que senti minhas mãos gelarem. O corredor parecia não ter fim.
Foi quando ele me puxou pelo braço, pressionando-me contra a parede.
- Alan, deixe-me ir, ou eu vou gritar. – minha voz saiu trêmula, ele riu com a minha atitude vã ao tentar empurra-lo.
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Liberdade
FantasyAnnelise Vie, sempre gostou de ouvir histórias e lendas contadas por seus pais durante a sua infância. Mal sabia ela que elas "talvez" poderiam possuir alguma verdade embutida, ao conhecer Akira Folko, suas dúvidas sobre si mesma e sua origem começa...