Fiquei encarando o rosto pálido no espelho, comecei a questionar desde quando eu possuía olheiras tão evidentes, e desde quando a apatia tomara conta de meu olhar? A iluminação esbranquiçada do banheiro feminino deixava tudo ainda mais evidente, era óbvio que eu estava mal.
Senti meu celular vibrar com uma notificação no bolso da calça, pensei em ignorar, de repente as notificações não paravam de chegar uma atrás da outra, peguei-o sem pensar duas vezes. Era uma mensagem de Noah ainda cedo.
"Por que não esperou por mim?!" - Noah 7:30
Ao deslizar a tela, pude ver seu humor mudando para um ar preocupado e imperativo.
"Ei, está tudo bem?" – Noah 7:55
"Anne, pode, por favor, me responder?" – Noah 7:59
"Annelise, se não me responder ligarei para você agora mesmo." – Noah 8:10
Notei que encarava a tela do celular sem perceber que os minutos se passavam, antes mesmo de responder as mensagens impacientes do meu irmão, meu celular começou a tocar a introdução de "The Last Dinossaurs" . Noah estava me ligando, desliguei antes mesmo dos vocalista da banda começar a cantar. Eu sabia que estava sendo chata, mas precisava de um tempo sozinha. Decidi colocar o celular no modo avião, assim ninguém poderia ligar ou entrar em contato momento algum.
Meu corpo estava mais febril do que nunca, e meus ossos doloridos a ponto de não conseguir respirar tão profundamente. Decidi ir até a enfermaria da escola, o pior que eu poderia enfrentar seria uma agulha na veia, não poderia ser tão péssimo assim.
- Sente-se. – falou uma moça que ficava na enfermaria. Eu costumava observá-la quase toda semana, ela sempre tinha uma aparência sem humor algum, confesso que sentia certa inveja da sua postura impecável, sempre ereta. – Eu vou medir a sua temperatura e você me fala o que está sentindo, okay?
Acenei com a cabeça e ela colocou um termômetro debaixo do meu braço, sua textura gelada me fez estremecer na cadeira.
- Eu me sinto um pouco zonza e a minha cabeça dói de vez em quando, na verdade, não sei bem dizer se é somente a sensação de estar pesada ou se é dor de cabeça.
- sente enjoos? – perguntou ela atentamente.
Seus cabelos loiros se destacavam em uma trança raiz, observar a mulher de jaleco branco a minha frente, as paredes brancas e opacas daquela sala me trazia a estranha sensação de ansiedade, hospitais não me faziam bem, muito menos coisas que remetiam a doença, injeções ou medicações.
- Não. - percebi que fiquei calada por muito tempo pois a enfermeira estava com as sobrancelhas arqueadas e as mãos segurando impacientemente uma caderneta e uma caneta azul - Mas sinto o corpo dolorido e calafrios.
- Céus! Você está pegando fogo!
Olhei institivamente para as minhas mãos, completamente assustada, imaginando estar revivendo o que passara minutos antes com Alan. Percebi que minhas mãos tremiam, mas nada de fogo ou chama alguma.
- Sua temperatura está 38.7. – ela falava do termômetro, e eu nem havia percebido que já estava em suas mãos.
- Então, devo ir para casa?
- Sim, mas antes tome isso.
Ela colocou um pequeno copo com um liquido cor de rosa em cima da mesa à minha esquerda, imaginei como aquilo poderia ser amargo ruim. Engoli sem pensar duas vezes, fazendo uma careta com o gosto doce e amargo descer pela minha garganta, era pior do que eu imaginava.
YOU ARE READING
Liberdade
FantasyAnnelise Vie, sempre gostou de ouvir histórias e lendas contadas por seus pais durante a sua infância. Mal sabia ela que elas "talvez" poderiam possuir alguma verdade embutida, ao conhecer Akira Folko, suas dúvidas sobre si mesma e sua origem começa...