Capítulo 1 - Vida negra

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" Mas eu faria qualquer coisa, apenas para sobreviver "

O som de alguém gargalhando chamou minha atenção, um homem velho e barbudo ria enquanto apontava na minha direção, eu sentia vergonha e nojo de mim mesma, sentia-me a pessoa mais suja da face da terra, e fechei meus olhos desejando que esse show de horrores acabasse logo, ou o melhor desejei que o chão se abrisse e me envolvesse de uma vez.

Outros estavam fazendo o mesmo que o homem, me olhando com um olhar que me dava pavor, enquanto se tocavam na minha frente, sentia o vômito vindo e uma imensa vontade chorar, mas engoli o choro, dizendo pra mim mesma que faltava só mais um pouco e tudo estaria bem. Só mais um pouquinho.

Uma mulher com uma roupa indecente mas não mais que a minha se aproximou de mim com um sorriso sádico, ela era mais velha, carregava nas suas mãos um chicote da cor preta, sentir minha espinha gelada e um medo terrível tomar conta de mim e então eu sentir.

Sentir aquele pedaço de couro na minha pele, e segurei um grito, enquanto o fazia em pensamentos, foram dez vezes seguidas, os homens se divertiam com o espetáculo, com a minha dor, ninguém ligava se isso iria deixar marcas, tanto fisicamente como na minha alma, uma marca que não será apagada jamais.

- Se chorar será pior. - avisa ela em meia a uma risada sarcástica. - Esse é o preço da sua vida. Então sorria querida Erika.

E fiz oque pediu fingir está gostando enquanto sentia minha pele sendo rasgada, nua e humilhada, sem nenhuma razão para ainda existir.

- Marcos! - Ela grita o nome do seu cachorrinho, ele sempre a obedece sem questionar, porque no fim ela dá pra ele. - Jogue ela no quarto e certifique-se de que ela não vai tentar fugir, amanhã irei ganhar uma fortuna com ela.

- Sim senhora! - diz sorrindo e então me puxa pelo o braço e me leva até o quarto, quando vou entrar ele aperta firme o meu braço, segurando o meu queixo me obrigando a olhar em seus olhos perversos. - Amanhã você será de alguém sua putinha e depois será minha, irei mostrar como um homem de verdade te fode!

Ele ameaça e cola seu corpo ao meu mostrando a prova de que estava falando sério. Me sinto apavorada e com nojo.

Ele me joga no quarto escuro no fundo do prostíbulo, minha pele ardia e eu chorava desesperadamente enquanto sentia uma dor horrível nas minhas costas, uma marca que nunca sumiria.

Eu já devia ter me acostumado, afinal, estou nesse lugar desde dos meus dez anos quando meu pai se casou de novo e teve meu irmãozinho com outra mulher, me jogou fora dizendo não ter como manter quatro pessoas mesmo ele sendo um advogado e ganhando cinco mil dólar por mês, a desculpa não me convenceu, ele apenas queria se livrar de um estorvo que a ele foi infligido, nunca me quis de verdade, não me abraçava e nem falava comigo, me deixava sozinha dentro daquela casa imensa e não me deixava ir a escola, pagava alguém pra me ensinar de casa, nunca via ninguém além dos empregados, eu estava sempre sozinha, sempre num canto como um fantasma e quando ele se casou eu achei que poderia ter deixar de ser sozinha, mas não foi isso aconteceu, ela me odiava e fazia questão de provar isso, não me deixava sentar a mesa, comida era uma colher e nada mais, e quando ela engravidou ficou pior, mas eu continuava dizendo pra mim mesma que estava tudo bem, afinal em breve eu teria um irmãozinho. Gostaria de dizer que minha relação com aquela mulher tinha ficado melhor, mas...

Quando eu peguei meu irmãozinho Kaio nos braços, para acalmar o mesmo que chorava demais, e quando ele parou de chorar e sorriu pra mim eu me sentir um pouco amada, tudo bem que pelo um bebê, mas mesmo assim, só que aquele amor durou pouco aquela mulher disse para meu pai que eu machuquei o meu irmãozinho com a unha oque de fato era verdade, mas não fui eu, mas meu pai não quis escutar e me deu a desculpa de que não poderia mais cuidar de mim e me abandonou aqui, nesse lugar horrível e até hoje eu não entendi porque ele me odeia tanto.

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