Capítulo 1

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Alya

Encerrar o expediente após uma celebração é algo que nunca imaginei que aconteceria tão cedo na minha carreira.

Essa semana minha equipe terminou o monitoramento do último ônibus espacial, depois de uma longa e extensa temporada trabalhando exaustivamente, estávamos cansados pela falta de férias, a empresa nos presenteou com uma viagem de cinco dias para o deserto do Atacama, no Chile. Com tudo pago, iremos ficar em um hotel com o telhado de vidro, para ver as estrelas até quando os olhos não aguentarem mais. Eu não vou pregar os olhos durante toda a curta viagem. Essas são as férias do meu sonho sem dúvida.

Era tudo verdade, amanhã de tarde, minha equipe e eu estaremos em um avião para o Atacama. Quase a maior parte da equipe, não consegue acreditar, era a realização de um sonho. Ravi sempre dizia que quando fôssemos casar queria passar a lua de mel lá. Mas eu nunca imaginária ir para lá tão cedo.

O deserto do Atacama é um dos melhores lugares da terra para observar o espaço, as constelações, estrelas... Cheguei a me beliscar para ver se não estava ouvindo coisas quando recebemos a notícia.

Olho para Ravi tentando não pular de animação, mas ele não vê, estava tentando enfiar seu computador na mala. Observo por uns instantes ele, que estava com seus curtos cabelos despenteados, alguns cachos se formavam em suas pontas castanho claro. Era sempre a mesma briga com a antiga mochila, brigava com o computador que não entrava na pequena mala já cheia com seus cadernos e anotações desnecessárias.

- Alya, - Evillin chama do outro lado da sala -- você já fez suas malas?

Noto a animação em sua voz e balanço a cabeça positivamente com um sorriso radiante no rosto. Minhas malas estavam prontas a dias. Eu mal podia conter minha animação, minha mãe disse que se eu falasse mais alguma coisa sobre a viagem me trancaria em casa com meu pai e meus irmãos e iria no meu lugar.

- Agora só falta arrumar um lugar para o telescópio... -- falo estalando os dedos enquanto ela ri.

- A Alya nunca arruma um espaço para o telescópio e sempre acaba o levando na mão... -- Ravi interrompe a conversa quando se aproxima, agora com a mochila nas costas, me envolve em um pequeno abraço quando passa apenas um só braço pelos meus ombros. -- Ou na minha mala, que também acontece com frequência. -- completa e morde o lábio tentando desfaçar um sorriso enquanto me olha de canto de olho e da uma piscadinha, me fazendo segurar a vontade de revirar os olhos quando Evi ri do que ele diz. Ele tem esse "complô" contra mim. Vivem para me irritar, mas não vivo sem eles fazendo isso.

Meu olhar alterna entre eles, tento ao máximo fingir que estou ofendida, mas infelizmente não acho que tenha enganado nenhum dos dois.

- Vocês não valem nada! Sabiam disso? Enzo, preciso de amizades melhores! — Falo alto jogando a cabeça para trás, batendo-a no braço de Ravi, que nem se meche. Enzo é dos meus, mas infelizmente não estava por perto para me defender.

Ravi sorri enquanto me puxa para mais perto e em um movimento rápido beija minha bochecha.

Tínhamos regras sérias aqui dentro, nada de namoro. Todos sabem sobre nós, mas local de trabalho não é parque de diversões, mesmo esse sendo o melhor trabalho do mundo, mas Ravi e eu respeitamos isso.

- Socorro! Credo, eca, Enzo cadê você? -- Evi grita, fingindo desespero. -- Eles vão me dar diabetes, me tira daqui! -- ela sai jogando os longos cabelos escuros na frente do rosto para tentar não nos ver.

***

Ravi estaciona na frente do meu prédio, ele sempre me traz, e espera soltar o cinto de segurança para me puxar para perto dele e me beijar. Era sempre assim, não podíamos ficar juntos no trabalho, então esses dois minutos eram muito preciosos para nós.

Então ele me beija, delicado de início, depois mais profundo. Enquanto meus dedos enroscam em seu cabelo curto, sua mão está segurando meu rosto como se eu fosse desmontar ou me afastar.

- Até amanhã céu! - ele se despede assim que nos afastamos, me chamando pelo apelido que tinha me dado assim que começamos a namorar.

Ele pesquisou quando ouviu meu nome, não querendo acreditar que meu nome tinha um "significado tão infinito" - segundo ele. Disse também que, só podia ser universo nos unindo, já que o nome dele significava sol. Bom, Ravi era mesmo meu sol, o amor que sinto por ele, e ele por mim, aquece meu coração.

- Até amanhã amor. - me despeço com um beijo rápido e fecho a porta após sair do carro.

Subindo com certa pressa os degraus do prédio, até a portaria. Entro e me despeço mais uma vez dele, agora de longe, com um breve aceno. Vendo seu carro desaparecer na rua.

Até o fim do universoOnde histórias criam vida. Descubra agora