Chegamos na área de embarque do aeroporto e eu estava esbaforida, tentando acalmar a ansiedade eu apertava forte a mão do Ravi ao meu lado.
Além de nós dois, estava Evillin, Enzo e Lucas, nossa equipe não estava completa porque Kátia estava afastada por conta do nascimento do seu segundo filho. Ela mais do que todos merecia estar aqui, mas disse para mim que está mais do que feliz com o nascimento do pequeno Murilo.
Nós todos tínhamos idade próximas, entre 22 e 25 anos a mais velha era Kátia com 35, mas quando estávamos juntos era como se tivéssemos a mesma idade.
***
Estávamos esperando o vôo ser anunciado, enquanto Lucas, Enzo e Ravi vão ao banheiro fico encarregada de olhar as mochilas com Evi, que estava falhando em sua missão ao mandar mensagens de texto para alguém.
- Alya, você trouxe sua câmera? –– Evillin pergunta, tiro meu foco das mochilas e olho para ela. Como se fosse uma resposta óbvia.
Além da minha paixão pelo universo, eu tinha paixão pela fotografia. Dois mundos diferentes? Muito pelo contrário, eles se encaixam perfeitamente bem.
- Por acaso eu sairia de casa sem nenhuma? –– pergunto rindo. –– Mas por quê?
Ela dá dê ombros.
- O mundo precisa conhecer as fotos que você tira. –– ela fala enquanto digita, sem levantar os olhos. Eu volto meus olhos para as mochilas, as contando. Eu sempre tenho medo de perder as coisas.
- Pode me ensinar? –– pergunta bloqueando o celular –– A tirar fotos, gravar, essas coisas... –– Evi fala completando sua linha de pensamento.
Abro um sorriso, meu cérebro gritava NÃO!, mas como eu ia dizer isso? Balanço a cabeça fingindo concordar. Espero que ela esqueça, ela sempre esquece.
Os caras não demoram para voltar, eles riem alto e conversam animados com o assunto. Posso ver Lucas empurrando Ravi e rindo. Mas o assunto morre quando eles chegam até nós.
- Saudades –– Ravi diz me beijando assim que senta do meu lado. Estranho e dou risada quando o beijo acaba, mas ele tem um sorriso no rosto.
- QUERO SER A FLORISTA! –– Evillin grita, e quando me viro para ela a vejo esfregar o braço direito com uma careta no rosto.
- Evillin, você tá doida? –– Ravi pergunta com a cara fechada. Eu juro que não entendo ela as vezes.
Evi pega o celular e balança ele.
- Minha prima vai casar gente, eu mandei um áudio para ela! –– ela explica. –– Credo, pra que esses olhares?
Eu dou risada, mas ninguém além de mim acha graça. Olho para Ravi que está olhando fixamente para sua mochila.
- O que você está olhando? –– pergunta sem me olhar.
- Alguém que de repente ficou com um mal humor. –– falo e volto minha atenção para meu celular, avisando minha mãe que teria wi-fi no vôo, para caso ela precisasse.
Confiro novamente o passaporte na bolsa e meus documentos, os que precisavam e uns que provavelmente eu nem iria usar. Também chequei a câmera, ligando e fotografando um pouco o pessoal distraído. Era engraçado a diferença entre todos.
Lucas era o mais novo, estava com a equipe a menos de um ano, mas já conhecia Enzo da faculdade e não demorou muito para se tornar da família e a paixão secreta de Evillin. O garoto era mais alto que ela, com quase dois metros de altura com o peso bem distribuído, ele não era magro, mas também não era bombado. Os olhos ela dizia ser como mel derretido.
Enzo, ao contrário de Lucas, moreno, com os olhos mais escuros que carvão e um sorriso doce. Também era alto, mas nada como Lucas. Ele já assumiu ter sido apaixonado pela Evi, mas hoje superou e tenho quase certeza de que está namorando.
Já Evi era alta, com seus longos cabelos escuros e pele clara ela chamava a atenção não só pelo tamanho, mas pela aparência delicada.Sorrindo com a foto guardo a câmera ao ouvir chamarem um vôo. Não era o meu, mas a ansiedade estava tanta que queria estar pronta. Batendo meus dedos contra o apoio do apertado banco eu chamo a atenção de Ravi que segura a minha mão.
- Não precisa ficar ansiosa, eu estou aqui com você. –– sussurra em meu ouvido.
- Então o mal humor passou? –– o cutuco olhando dentro de seus olhos.
Ele concorda com a cabeça.
- Desculpa, eu fiquei irritado com a Evillin, ela quase.. –– ele estava falando e então para, abre um sorriso doce enquanto sua mão faz carinho no meu rosto. –– ela me assustou. –– ele finaliza, me deixando sem entender mais nada.
Ele tá tão estranho comigo ultimamente, sempre que chego perto e ele está conversando com alguém seu assunto acaba e só continua quando eu saio. Não gosto de alguns pensamentos que surgem na minha cabeça por causa disso.
Nosso vôo é anunciado nos microfones, em português, espanhol e inglês. Eu salto de animação, mas sou obrigada a sentar de novo quando anunciam que vão chamar por ordem dos acentos e lembro que o meu é quase no final do avião.
Demora um pouco, mas entramos e achamos nossos lugares, Lucas troca de lugar com Ravi para que ele fique do meu lado. Nossos acentos eram na última fileira, três lugares cada fileira, havíamos ocupado o lado esquerdo e direito, mas tinha um acento vago ao lado dos meninos.
Amo o céu, as estrelas, os astros, mas tenho um medo de voar. Prefiro a segurança do chão, e eu sei que isso não me leva a lugar algum. Ravi se senta na janela, enquanto eu fico no meio me segurando nos apoios de braço, Evi está do meu lado na ponta conversando animadamente com os meninos sobre um assunto que eu nem me preocupei em prestar atenção.
Minhas mãos chegam a doer, quando Ravi volta seu olhar para mim ele segura minhas mãos, ele sabe do meu medo e prometeu que não largaria minhas mãos até que o avião fizesse a aterrissagem.
A aeromoça passa pedindo para afivelar os cintos de segurança, o avião estava pronto para decolar.
Eu o aperto o máximo que consigo e Ravi os solta um pouco.
- Você precisa respirar céu. –– ele ri enquanto afivela o cinto dele. –– Daqui a pouco você nem vai perceber que está em um avião.
Era fácil para ele dizer, não tinha medo. Mas eu aceito quando ele me oferece a mão na decolagem e também aceito soltar quando o avião se estabiliza no ar.
- Viu só. - ele sorri e da um beijo na minha bochecha.
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Até o fim do universo
Cerita PendekAlya e Ravi são astrônomos de coração, com suas vidas seguindo as estrelas. Ambos trabalham no mesmo centro de pesquisa espacial, foi lá que se conheceram e suas vidas foram se aproximando, meses depois o universo ligou suas vidas quando iniciaram...