Capítulo 3

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Minha cabeça girava com aquela conclusão. Tudo fazia sentido de repente. As palavras dele. As mortes dos capitães. Tudo fazia sentido. Como eu tinha sido burra. 

— É melhor... — Me endireitei, a dor e a raiva fazendo minha voz tremular. — Acho que é melhor ela sair daqui. — Apontei para Serena que arregalou os olhos. 

— Numa hora você quer nos matar por causa dela, na outra quer que ela saia. Você está delirando. — George resmungou mantendo seu braço firme ao redor da minha cintura. Em outra situação eu teria o feito me soltar, mas eu tinha certeza que era sua força que me mantinha de pé. 

— Eu vou ficar. — Serena falou, seus olhar se dividindo entre eu e o marido que crispou os lábios para sua decisão. — Eu preciso saber o que está acontecendo com você, é você quem precisa de ajuda. — Ela falou agoniada e eu fechei os olhos. 

Se eu fosse alguém com o minimo de sentimentos, com o minimo de escrúpulos naquele momento eu teria chorado. Tudo tinha se desfeito. Todas as noções que eu tinha como fundamental, todos os meus norteadores. A custo dela, minha irmã tinha sofrido, mesmo que agora ela insistisse em dizer que estava feliz. 

— Eu tenho motivações fortes para acreditar que foi meu pai quem orquestrou o ataque ao comboio que me trazia para Chicago. — Falei e o silêncio se instaurou na sala. Abri meus olhos. Serena me olhava incrédula e os outros três homens pareciam frios em suas expressões. 

— Como isso pode ser da nossa conta? — Edward questionou erguendo uma sobrancelha, os olhos queimando em raiva direcionada a mim. — Você se tornou um peso e ele de te desova aqui, devíamos terminar o serviço dele. — Ele ameaçou e Serena, ainda em seus braços, agarrou um pedaço da sua camisa preta balançando a cabeça negativamente surrando um "não", quebrando.

E então eu ri. 

Gargalhei como a porra de uma psicopata, como a merda a maníaca que eu era. Eles também não sabiam. Como tinha passado despercebido por todos nós?

— Como pode ser da sua conta? — Eu questionei ainda entre risadas sem humor. — Isso é da sua conta, Capo da Cosa Nostra, porque todo esse tempo ele estava te traindo. Eu fui só uma consequência.

Os olhos de Edward injetaram em chamas, George prendeu seu braço sobre a minha cintura com ainda mais força, as palavras causando ódio até nele, o que estava mais pacifico naquele momento. Thomas acompanhou minha linha de raciocínio sem esboçar nenhuma reação sendo o consigliere perfeito que era.

— Do que você está falando? — George exigiu. 

— Estava claro o tempo todo. Estava lá. — Falei mais para mim mesma do que para eles. Ergui meus olhos. — A união entre Cosa Nostra e Outfit foi vista com bons olhos pela maioria Chefes da Outfit, mas meu pai e o tio Matteo consideraram a Bratva, eu fiquei ao lado dos Chefes, eu estaria morta antes de me juntar a qualquer um dos russos nojentos. Então foi decidido: nós nos uniríamos a vocês... 

— Então eles tentam de matar e você virou uma conspiracionista? — George questionou. 

— Então algo aconteceu... algo que eu não percebi porque parecia normal, parecia orgânico. — Falei tentando justificar para mim mesma porque eu não tinha visto os sinais. — Um por um, todos os Chefes que apoiaram a Cosa Nostra caíram. — Falei pesadamente. Como eu não tinha percebido? — Morto para outro subir em seu lugar, morto pelo próprio filho, morto em uma emboscada. Columbus, Nashville, Madison.... Todos morreram. Eu fiquei. Foi quando ele começou. — Trinquei meus dentes. 

As palavras do meu pai rodando em meus pensamentos. "Eles estão estuprando sua irmã, fazendo rodizio da minha filha", "a mantém num porrão", "está a beira da morte". 

Jogos de Ruína - Livro II [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora