Me apaixonei pelo Sonho
No abismo que sibilava meu nome
E erguia a luz de tudo que é distante.
Me apaixonei pelo Sonho
No peso de pálpebras cansadas
Que não sabem o que é adormecer.
Adoeço como tudo que ama
E amo como tudo que adoece;
Esqueço algo de mim,
Como quem canta
P'ra esquecer o tempo,
Sempre que o sonho vem me chamar;
Ar de todas as coisas inanimadas,
Voo de todos os pássaros despenados
E sono na paisagem de tudo
Que é deserto de sentir —
Assim é o sonho que amo — ;
Assim é o sonho que se estende
Como um lúgubre horizonte,
Dançante no mormaço da distância;
Miragem que desenha nas pálpebras
A ilusão de posse;
E eu vejo, erguendo-se no céu,
Tudo que me falta: A bela Musa de lágrimas,
De sólido resplendor e beleza pálida —
Meu sonho! — Teu silêncio, sapientíssima,
Iluminará minha treva mais uma vez?
Ó Musa, onde estão meus demônios?
Me apaixonei pelo Horizonte,
E, em seu existir enfadonho,
Encontro-me correndo sem paz;
Me apaixonei pelo Horizonte...
Inalcançável como tudo que é sonho
E, ao abrir os olhos, se vai.
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06/06/2018
