TERÇA | II Beijo

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E quando você sorri
O mundo inteiro para e fica olhando por um momento
Pois, garota, você é incrível
Do jeito que você é...

[...]

       Era já por volta das uma da manhã quando Karla já dormia e eu e Ryan ainda continuávamos vendo netflix. Sim, tinha dias que passávamos da hora de dormir mesmo e ficávamos horas e horas maratonando nossas séries favoritas.
Mas por algum motivo naquela noite eu não prestava muita atenção no que se passava na TV e pelo jeito Ryan percebeu aquilo.

-Algumas moedas pelos seus pensamentos.

Ele diz.

-Oque?-Saio do transe em que me encontrava e o encaro que se aproxima mais de mim.

-Tá tudo bem com você? Está muito pensativa hoje.

-Ah, você percebeu então...-Suspiro abaixando o olhar, passando a encarar minhas mãos.

Sua mão toca as Minhas até que ele fala:

-Quer conversar?-Aceno começando a falar.

Me sentia bem em desabafar com Ryan e ele sabia disso.

-É só que a forma que matheo falou comigo no encontro me fez lembrar o tempo de escola quando todo mundo me zuava por causa dos óculos horríveis que eu usava e também do aparelho que me fez passar vergonha muitas vezes...

-Shiii...-Suas mãos agora apertam as minhas me fazendo parar de falar.
-Rafa, esse cara é um babaca. E tem mais, você usava os óculos e o aparelho por que precisava, ninguém tem nada a ver com isso.

-Mas você sabe como eu me sentia mal, ry. Eu me sentia feia...

-Ei! Você não era e nem é feia. Feio é que eles faziam com você e tem mais: Eles são mo azarado de não se aproximarem de você. Sabe porquê?

Nego com a cabeça.

-Por que você é a garota mais incrível que eu já conheci em toda minha vida. A beleza física não é nada comparável a grande menina que você é e isso é o essencial.

Sorrio boba com todas as suas palavras, tenho certeza que estava vermelha.

-Vem cá, quero que escute essa música comigo.-Diz me ajudando a colocar os fones de ouvido.

Assim que a música inicia ele passa a cantar a mesma baixinho, bem perto de mim.

A letra dizia:

Oh, os olhos dela, os olhos dela
Fazem as estrelas parecerem que não têm brilho
O cabelo dela, o cabelo dela
Recai perfeitamente sem ela precisar fazer nada
Ela é tão linda
E eu digo isso pra ela todo dia

Sim eu sei, sei
Quando eu a elogio, ela não acredita
E é tão, é tão
Triste pensar que ela não vê o que eu vejo
Mas sempre que ela me pergunta se está bonita
Eu digo

Quando eu vejo o seu rosto
Não há nada que eu mudaria
Pois você é incrível
Do jeito que você é

E quando você sorri
O mundo inteiro para e fica olhando por um tempo
Pois, garota, você é incrível
Do jeito que você é...

       Meu sorriso ainda é maior, ele era tão fofo comigo, tão diferente que era impossivel não me sentir bem ao seu lado. A música então, nossa era magnífica! A letra parecia ter sido escrita especialmente para mim. Eu devia muito a Ryan, meu companheiro de sempre para sempre.

      Ainda cantando ele se aproxima de mim e é inevitável não olha-lo nos olhos onde há um grande brilho. Engulo em seco ao me dar conta do que estávamos prestes a fazer pois nossos rostos estavam centímetros um do outro e podia jurar que um beijo aconteceria, mas escutamos nossa amiga acordar.

-Ai, como vocês aguentam? Eu vou é pra minha cama.-Karla resmunga do chão duro onde ela tinha adormecido.

Assim que ela nos deixa a sós nos olhamos e rimos baixinho.

[...]

Na noite seguinte, 19:31 da noite...

      E lá estávamos nós pronta para mais um encontro. Dessa vez eu iria sair com Pablo, meu amigo de infância. Os pais de Pablo e os meus eram muito amigos quando éramos crianças e foi por isso que nos aproximamos. Fazia um tempo que eu não o via (mantivemos contato só por celular), desde o fundamental II pra ser mais exata, eu acho.

Toco a companhia de sua casa e é o mesmo que abre a porta.

-Rafaela?-Ele sorri de leve me observando de cima a baixo, "discretamente".

-Pablo!-Me aproximo para um abraço.

PS: Eu amava abraçar as pessoas.

-Nossa, você tá...Grande.-Diz retribuindo ao meu abraço.

-Ah, obrigada!-Dou risada.

-Entra, já vou tirar o jantar do forno.

Concordo e entro. Logo encontro com sua irmãzinha que por sinal era uma fofa, seus pais não estavam para meu alívio já que, não seria interrogada.
Ele nos serviu e sim, ele cozinhava e muito bem. Havia feito lasanha a molho bolonhesa do qual comi mais uma vez com todo prazer.

Durante o jantar conversamos até que bastante. Pablo era sério, mas se abria rapidamente se você puxasse um bom papo. Assim que jantamos, o ajudei com a louça e logo após assistimos um filme de comédia enquanto comíamos a sobremesa que por incrivel que pareça era minha preferida: Bolo de cenora com bastante cobertura.

-Vem, quero mostrar algo...-Me puxa de leve enquanto sua irmã assistia.

Ele me leva até o Jardim onde costumávamos brincar quando meus pais vinha aqui. Tudo continuava praticamente igual.

-Algo que gosto muito de fazer.-Ele fala e se deita na grama muito bem aparada. Faço o mesmo.

Nossa, tinha uma visão incrível dali!

Dava pra ver o céu bem estrelado e o ventinho fresco que fazia tornava tudo mais agradável.

-Amei, Pablo...

-Que bom.

Deitados um ao lado do outro, me aproximo para saber a resposta logo daquele beijo. Ele também se aproxima e então damos um pequeno selinho, como se fosse coisa de criança mesmo, sabe?
Nos olhamos novamente e então nos beijamos novamente, mas nada muito profundo ou com muita vontade.

Era difícil de explicar, mas algo que eu sabia distinguir bem era o carinho que ele tinha por mim, nada mais. Talvez em nossa relação estivesse envolvida à amizade mesmo, nada mais. E estranhamente, aquilo me deixou feliz. Depois de um tempo nos levantamos e como já era tarde resolvi ir embora.

-Desculpa mesmo não te levar, meus pais estão com o carro.

-Sem problemas, eu estou de moto. Se cuida!

-Você também.

E então eu voltei pra casa e como sempre meus amigos estavam a minha espera. Naquela noite a primeira a dormir fui eu, simplesmente estava morta.

Espero que a noite de quarta seja bastante animante...

5 Beijos e Uma Decisão Onde histórias criam vida. Descubra agora