Capítulo 1

5.3K 210 13
                                    

Primeiro dia de aula do meu último ano do ensino médio, mas a mesma escola desde quando eu estava na sétima série. Eu deveria estar enturmada, infelizmente, este não era o meu caso.

As vezes eu pensava que o fato de ser a mesma escola, era o que me deixava isolada.

Estava no refeitório da escola, com o meu lanche, o qual eu mal havia tocado, rabiscando algumas coisas em um caderninho. Aqui continua tudo igual, o mesmo papel de parede descascado nas pontas com uma listra vermelha no meio, o chão gorduroso, o local lotado e sentada em uma mesa redonda cheia de marcas e rabiscos, estava eu, virada para a janela.

Aquela mesma rotina tediosa, sem falar com ninguém, passando desapercebida como se fosse um nada.

Comi um pedaço da maçã e o sinal tocou.

Corri para o meu armário, peguei o meu caderno e entrei na sala. Era aula de literatura, a única com a classe diferente. O que talvez poderia ser algo que incomodasse, mas ainda tinha esperanças de ser aceita.

Todas as cadeiras estavam cheias, menos uma, no final da sala que fazia dupla com um menino. Merda, pensei.

Ele tinha uma cara de metido, parecia aquele tipo de garoto que daria problemas.

Nunca lhe tinha visto na escola antes.

Me sentei e não disse nada, virando pra frente. Até ouvir umas risadinhas e me virar pra ele.

-O que foi garoto?- Acabei me alterando.

-Chegou atrasada, princesinha?- O tom foi exageradamente irônico.

-Não enche!- Gritei, grossa.

Quem ele achava que era? O imperador da China? Pelo amor de deus!

Tentei passar o resto da aula prestando atenção no professor, o que foi impossível. Aquele moleque irritante continuava me tirando do sério.

Dizem que se você faz um amigo no primeiro dia, o resto do ano é ótimo. Mas no meu caso eu tinha achado um babaca pra me irritar.

Após o termino da aula, eu fui para casa à pé, ela era bem perto. Amarrei a blusa de frio na cintura e coloquei meus fones.

Tinha uma brisa, algumas folhas caídas pela beirada da rua e o sol escapando por entre as brechas que as árvores davam. A música me deixava com uma sensação única, só aquela me deixava assim. A voz do vocalista do The smiths mexia com os meus sentimentos, a melodia se chamava How soon is now?, e fazia-me lembrar de Ian.

Meu Anjo Sem AsasOnde histórias criam vida. Descubra agora