Capítulo 28

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Minha mãe me deixou na porta de casa depois de terminar tudo.

-Tem certeza que não quer ir ao enterro?- eu havia saído do carro e ela conversava comigo com a janela aberta.

-Não, mãe. É muita coisa pra digerir.- meus olhos estavam ardendo e ao pronúnciar essas palvras, senti o cansaço pesar os ombros.

Vi o carro dela distanciar-se até sumir no fim da rua, depois atravessei a rua e me sentei no banco da praça.

Já passavam das duas, lembrei-me de ter checado no carro a poucos minutos atrás.

Fiquei encarando a carta de Ian em minhas mãos, tentando criar coragem para abrí-la.

Respirei fundo, tentando não chorar e rasguei o envelope com os dedos.

"Não sei se ainda tenho direito de te deixar uma carta, não sei também se irá ler a mesma. Sei que te magoei muito, mas não foi minha intenção, prometo que por meio desta, possa entender todos os motivos e talvez me perdoar. Estava estudando em um colégio interno, lá não permitiam usar celular, por isso não vi todas as suas mensagens. Quando terminei os estudos, comprei um novo. Você me deixou uma mensagem de voz, eu quis te ligar, mas achei mais apropriado conversar pessoalmente, já que minha mãe e eu estaríamos voltando para sua cidade, achei minha oportunidade. Então esperei. Quando fui te procurar, lhe vi com um garoto, deitados na grama, pensei ser seu namorado, por isso não quis te incomodar. No dia do tal baile eu passei na sua casa e sua mãe me disse que estava no baile com aquele garoto. Percebi que ele devia ser mesmo seu namorado, por isso fui e armei aquele 'teatro', queria que me esquecesse e fosse feliz com ele. Foi o único motivou que pensei em poder te afastar com êxito de qualquer ligação comigo. Por esse mesmo motivo que vou hoje de madrugada pra casa do meu pai, em outra cidade, pra te deixar bem. Eu não conseguiria ficar sem te ver, mas te magoaria mais se ficasse aqui. Descobri isso no dia do jantar.
Daquele que ainda te ama e te quer ver feliz.
xxIan."

Em poucos segundos a carta já estava lotada de lágrimas, a firmei contra o peito e lhe abracei.

Eu não conseguia enxergar mais nada, minha visão havia sido embassada pelas inúmeras lágrimas que brotavam de meus olhos.

Chorava mais que no enterro. Chorava mais que no dia do baile.

Aos poucos comecei a soluçar.

Ele ainda me amava. Era o mesmo.

Chorava de cabeça baixa. Até ouvir uma voz que reconhecia.

-Oi, Kate. Vim falar contigo...- ele parou, estava na minha frente.- por que.. Você tá chorando?

A preocupação era evidente em sua voz. Eu o olhei, não sabia o que fazer, precisava de colo.

-Colin.. me abraça.. -Disse quase sem voz, me curvando para baixo e soluçando mais.

Ele se abaixou e me pegou nos braços, o abracei o mais forte que podia, não conseguia dizer nada.

Meu Anjo Sem AsasOnde histórias criam vida. Descubra agora