Capítulo 8

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Haru apalpou o travesseiro ao seu lado. Por que aquele espaço estava vazio?
Ren não estava na cama, não viu quando ela havia saído, mas já havia dito a ela que não fosse correr sem lhe avisar, porém ela não parecia ter a mínima disposição de obedecer.
Ela chegou um tempo depois quando estava na cozinha preparando o café da manhã.
― Ren, você pode me avisar antes de sair por favor?
Ela o olhou com cara de paisagem.
― Para que? Você sabe pra onde eu vou – disse limpando o suor do rosto com a tolha.
― Eu sei, mesmo assim eu me preocupo.
― Você se preocupa demais – ela fez pouco caso. – Eu vou tomar banho.
Haru não gostava quando ela agia daquela maneira tão fria, talvez fosse por isso que a provocasse tanto.
― Você sabe que não devia se preocupar tanto – Shima disse enquanto tomava o café e lia o jornal.
― Não posso não me preocupar.
― Ela apenas saiu para correr, o que vai fazer quando ela for a uma festa com as amigas.
Ren em uma festa? Não conseguia imagina-la confortável em um lugar cheio de pessoas que ela não conhecia.
― Ela não é como o Aki que... Onde está o Aki?
Shima apontou para o sofá onde irmão estava deitado com uma almofada no rosto com uma ressaca das bravas.
― Você não tem aula hoje? Porque voltou tão tarde?
― Eu voltei cedo, mas a Kiyoka me capturou quando estava na porta e me deu amostras grátis do vinho do bar. – ele gemeu.
― Kiyo não da nada de graça para ninguém é melhor se preparar para trabalhar um tempo de graça para ela.
― Que? – ele se sentou alarmado – Então quer dizer que meu corpo corre perigo?
― Pode ter certeza disso.
Seu irmão voltou a cair no sofá com a cara no travesseiro.
Ren saiu do banheiro apenas com a toalha enrolada no corpo e os cabelos pingando.
― Se seque logo ou vai pegar um resfriado – falou e ela o ignorou de novo.
Ele a seguiu.
― Espero que não se importe de apanhar – Shima disse antes que ele subisse as escadas atrás dela.
Já estava acostumado, pensou feliz pegando uma toalha limpa no sexto do corredor, conseguiu alcança-la antes que chegasse em seu quarto e jogou a tolha sobre a sua cabeça e esfregando para seca-la
― Você sempre é tão teimosa – ele riu.
― Pare com isso – ela reclamou.
― Ah não, isso é tão nostálgico, me faz lembrar quando você era apenas uma filhotinha brava.
― Haru! – ela reclamou.
― Só mais um pouco – esfregou mais então tirou a tolha para ver um rosto vermelho e irado com ele.
Os cabelos dela estavam uma completa desordem.
― Hum, se você quiser posso te ajudar a arrumar, adorava escovar seu cabelo quando você tinha oito anos.
― Eu já estou bem grandinha não preciso da sua ajuda – ela se soltou dele e entrou no quarto batendo a porta.
Por mais estranho que pudesse parecer, a Ren de 8 anos era mais obediente, mas ela não havia mudado muito e era quase 30 centímetros mais baixa que ele.
Levou a tolha para o sexto de roupa suja e voltou para cozinha.
O tempo realmente havia passado?
Ren teve trabalho para deixar o cabelo apresentável depois da bagunça que Haru havia feito.
Já estava brava com ele pois no dia anterior quando estava se arrumando para ir a escola caiu no sono e ele não a acordou, ligou para escola para avisar que ela não iria, por um lado era bom já que não estava nem um pouco desposta a enfrentar os questionamentos de suas colegas, mas não adiantava muito já que de qualquer maneira teria que ir.
Pegou sua bolsa e desceu, Aki estava meio morto no sofá não tinha ideia do porque. Foi até o balcão pegar sua marmita.
Haru não estava lá será que já havia ido para o café?
Levou um susto quando ao se virar para sair ele a abraçou.
― Estava querendo ir embora sem se despedir de mim?
Foi esmagada entre seus braços.
― Não consigo respirar – se queixou.
Ele abriu um sorriso enorme e lhe deu um beijo na bochecha.
― Até mais tarde Ren – ele piscou.
Definitivamente queria mata-lo.

― Elas estão apenas esperando a hora do intervalo para atacar. – kiri cochichou para ela.
Estreitou os olhos, podia sentir que estava sendo observada.
Quando o sinal tocou ainda teve esperanças de sair correndo e se trancar no banheiro, mas foi cercada.
― Kaido-chan podemos sentar com você? – A de franja perguntou. Qual era seu sobrenome? Takato?
― Mas só se sua namorada não se importar. – a outra disse.
― Quem? – kiri e ela se entreolharam.
― Todo mundo diz que vocês duas estão juntas. – Takato disse.
― Mas é claro que estamos juntas somos amigas – Kiri apontou.
As três conversaram entre si.
― Ontem algo muito interessante aconteceu, na aula de educação física você desmaiou e um dos garotos do outro prédio ajudou a levar você.
― Juuzen – disse.
― Vocês já foram vistos conversando juntos algumas vezes. Ele vive nos dormitórios e o que dizem é que ele é um bad boy.
Ela e Kiri se entreolharam de novo. Juuzen um bad boy? Ele parecia uma ovelhinha apesar da aparência.
― O melhor ainda está por vir, - a outra disse empolgada – depois você foi vista saindo da enfermaria nós braços de um estrangeiro gost... Bonitão.
Kiri e ela se entreolharam mais uma vez.
― Dizem que ele já foi visto aqui algumas vezes, quem é ele?
― Haru Kaido – disse sem emoção – meu irmão adotivo.
Elas soltaram um grito.
― Ele é estrangeiro?
― Ele é modelo? 
― Ator?
― Haru nasceu na América, mas viveu a maior parte da vida no Japão porque o pai dele era japonês. Ele não é nenhuma dessas coisas que vocês disseram.
Não disse que ele era Dono de um café ou elas apareceriam em peso por lá.
― E você? – Takato perguntou.
― O que tem?
― Sua mãe e seu....
A garota levou uma cutucada da outra.
― Eu não tenho mãe nem pai, a mãe do Haru foi como uma mãe pra mim, mas...
Tinha falado demais e eram coisas que não falaria normalmente, mas pensava que se não falasse elas a perseguiriam até...
Se levantou e saiu.
― Ren!
Kiri foi atrás dela
Ela se sentou no vazo do banheiro.
― As vezes eu me pergunto se não ter as memórias da minha infância é uma benção ou uma maldição.
― Eu não sei como você se sente, mas não é como se não tivesse uma família. Haruko-san, os gêmeos e o Haru são sua família e mesmo que eu apenas seja sua amiga também sou sua família se quiser.
― Obrigada – disse com certa emoção na voz.
Então ela a abraçou.
Aquilo foi estranho, mas de certa maneira confortante. Não estava acostumada a receber carinho de outras pessoas e achou que a primeira vez que acontecesse seria desconfortável, mas era fácil, seu coração não doía quando a abraçava porque não esperava mais nada dela.
Arregalou os olhos quando viu que suas colegas estavam olhando da fresta da porta.
― Desculpa – pediram se curvando – Exageramos com as perguntas, não queríamos fazer com que você se sentisse mal.
― Não tem problema – deu de ombros.

Aquele foi um dia cansativo.
― Você não parece bem – Kiri apontou.
― Estou cansada.
Ela riu.
― Eu ficaria depois de sofrer um questionário da morte.
Ela não estava provocando para que ficasse com raiva. Era apenas para distrair.
― Kiri – chamou sua atenção – Eu gosto de você.
― Eu também gosto de você Ren – ela lhe abraçou de novo.
― Nós vemos amanhã.
Quando chegou viu Haru com uma menininha no colo.
― Você é muito bom com as crianças Haru-chan – uma das clientes dizia a ele.
― Cuidar de meninas é diferente que de meninos – ele disse sorrindo – É um pouco mais trabalhoso, mas meninas são tão fofas.
― Haru-san a Ren Ren chegou – Ikuyoshi – anunciou.
Ele colocou a menina no chão e veio até ela.
― Bem vinda Ren – disse lhe dando um beijo na bochecha – Vá lá atrás vou te servir o lanche.
Não respondeu apenas foi.
Fechou os olhos quando se sentou, porque se sentia tão cansada? Era o calor? Ainda estava doente?
― Ren você está dormindo? – ouviu a voz dele.
― Não.
― Ainda se sente mal?
― Eu estou bem.
Abriu os olhos para vê-lo lhe encarando.
― Algo anda mal, porque tem rugas entre suas sobrancelhas estragando o seu lindo rosto – disse afagando o lugar com o dedo indicador.
Afastou sua mão com um tapa.
― Eu sinto muito por ser uma garota e te dar tantas preocupações – disse sem olha-lo.
― Ah, mas eu não importo com isso, se você fosse um menino eu também me preocuparia.
― Isso é mentira eu não vejo você preocupado com o Aki e o Shima.
― Eles já são quase adultos – ele apontou – E você...
― Se você completar a frase eu vou te bater – avisou.
Ele sequer fingiu preocupação apenas sorriu e aproximou o rosto do dela.
― Tem algo que eu possa fazer por você.
― Algo que eu queira que você faça? – sussurrou.
Com o rosto tão próximo só poderia pensar em algo. Se ergueu para beija-lo.
Aquilo era bom, sentir as mãos dele em sua cintura e a maciez do seu cabelo entre os seus dedos.
Porque não poderia ser assim sempre?
Seus pensamentos foram interrompidos quando sentiu um baque.
― Então você veio matar trabalho para assediar sua irmã mais nova? Que vergonha – Aki brigou com ele – Volte ao trabalho!
Ele foi embora batendo a porta.
― Você se machucou? – perguntou.
― Ah não, já estou acostumado com as explosões do Aki – disse esfregando a cabeça então se levantou e foi até a porta – Ren.
Ele a chamou com um aceno.
Ela foi até lá.
― Ali está a razão do tempestade do Aki.
Ele apontou para o lado de fora do café onde Shima estava sentado com uma garota.
― Shima está dando aulas particulares para Ai-chan. Os pais dela se divorciaram e ela foi morar com seus avós que são vizinhos dos Sagamis. Ao que parece ela não está indo bem na escola por isso está tendo aulas.
― Mas porque o Aki está com raiva? Não entendo.
― Ah é porque ele está com ciumes Ai-chan está caidinha pelo nosso irmão.
Enquanto ele falava foi impossível não se lembrar de suas colegas de classe. Ele parecia muito animado em contar uma fofoca.
Olhou mais uma vez para a garota sentado com Shima, seus cabelos eram curtos, mas apesar disso ela era feminina. Os olhos dela pareciam brilhar ao olhar para ele então não duvidava de que ela estivesse afim dele, mas...
― Eles estão namorando?
Haru riu.
― Claro que não, ela apenas está no ensino fundamental.
― Mesmo que ela esteja no ensino fundamental a diferença de idade deles é menor do que a nossa.
O riso no rosto dele morreu no mesmo instante.
― Ren eu...
― Preciso fazer minha lição nos vemos mais tarde.
Almoçou sozinha e foi para o seu quarto.
Precisava fazer outra redação dessa vez sobre as comidas que gostava.
Aquilo poderia parecer fácil, mas se fosse começar a pensar em arroz e no que sentia quando Haru preparava para ela, seria um problema.
Sopa de legumes com arroz, suspirou colando a testa na mesa. Naquela época sempre pensava naquele rosto gentil e como era tão fácil gostar dele.
O clima estava quente, realmente quente. Provavelmente detestaria os verões japoneses como Haruko.
Rolou para o lado esbarrou em alguém. Abriu os olhos surpresa. Estava no quarto de Haru e ele estava dormindo tranquilamente com os lábios entreabertos.
Suspirou e deitou sobre a barriga dele.
― Está quente.
― Hum? Então porque está em cima de mim? – ele pegou o controle do ar-condicionado e deixou mais frio.
Ainda estava quente, mas não disse mais nada.
Ele pousou a mãos em sua cabeça e acariciou o seu couro cabeludo com a ponta dos dedos.
Haru a estava tratando como um filhotinho de cachorro de novo, mas não iria se queixar dessa vez. Já estava quase dormindo quando escutou os gritos de Aki.
― Mas que... – Haru se interrompeu e se levantou – Qual é a desse cara.
Se levantou também e foi atrás dele.
Aki e Shima estavam brigando.
― Aki isso não são horas para gritos, você acordou a Ren.
― A culpa é do Shima, a princesa Natsukawa fugiu de casa e ele acha que tem a obrigação de leva-la de volta!
― Eu não posso deixar uma menina sozinha no meio da noite. – ele argunmentou.
― Cuidar dela não é a sua obrigação!
― Aki já chega – Haru o silenciou – Faça o que tem que fazer Shima, volte logo.
― Eu estou indo – ele disse.
Antes de sair olhou para Aki que lhe deu as costas e foi ao pro quarto.
Ren seguiu Shima com os olhos pela janela pode ver ele conversando com a menina.
― Vamos Ren você tem aula amanhã – Haru lhe chamou.
Depois daquilo não conseguiu dormir.
Não achava que Shima realmente tivesse algum interesse na menina, mas a diferença de idade deles não era tão grande.
Se tivesse essa mesma diferença com Haru, já teria 18 anos, e ele não poderia agir com ela como se ela fosse uma criança.
Apertou a mão na sua.
― Ainda não dormiu? – ele perguntou.
― Dormi.
Ele riu.
― Perdoe o Aki, ele é muito escandaloso as vezes.
― Eu não me importo com os gritos do Aki.
― Tudo bem, então pode dormir.
Ele lhe deu um beijo no alto da cabeça e de novo pôs-se a acaricia-la.
Se aquela menina gostava do Shima não achava errado que ela tentasse chamar sua atenção, mas não achava que aquela maneira era correta.
Mas havia alguma maneira correta ou incorreta de se conquistar alguém? Ainda mais quando esse alguém já era mais velho?
Será que tudo que fazia ou falava não soava ridiculamente imaturo para Haru?
Mas ele continuava cuidando dela, continuava ao seu lado, e agora finalmente o sono vinha devagar com sensação boa de tê-lo lhe tocando.
Mesmo assim não foi capaz de dormir muito, se levantou e encontrou Shima deitado no sofá.
― Porque você não foi pro seu quarto?
― Ah, se eu fosse Aki provavelmente começaria outra briga.
Aquilo era bem provável.
― Shima, posso te fazer uma pergunta?
― Pode – ele pareceu intrigado.
― Ser professor da Ai te faz responsável a ponto de ter que sair correndo no meio da noite para ajuda-la?
― Não, mas ela está passando por uma fase difícil, sei como é não ter os pais por perto nessa idade.
Agora as coisas estavam ficando claras.
― Então você a ajudou por que ela se parece com o Aki e não por você mesmo.
Ele ficou um instante em silêncio.
― Ah, agora eu também entendo muitas coisas.
― O que?
― Nada de mais – ele desconversou – Você vai correr?
― Estava pensando nisso, mas eu não estou desposta hoje vou fazer café, você quer?
― Não obrigada, eu vou dormir – ele se levantou – espero que tenha um bom dia.
Assentiu.
Quando Haru acordou Ren não estava ao seu lado. Será que ela havia saído para correr de novo?
Ouviu um ruído vindo da cozinha, deveria ser ela.
Se levantou e foi até lá, ela estava parada em frente ao balcão encarando a panela no fogo.
― Bom dia Ren, você não dormiu?
― Eu dormi, mas ainda tenho sono.
― Está fazendo o café?
― Algo assim.
Logo colocou a água fervendo na cafeteira e perfume do café tomou conta da cozinha.
― Parece bom, faz tempo que você não faz um café pra gente – disse animado – aposto que está maravilhoso!
Ela não respondeu, pegou uma xicara e serviu para ele.
Mas ignorou um pouco o café, ela parecia pálida.
― Você está doente de novo? – perguntou tocando seu rosto.
― Não estou – ela lhe deu um tapa na mão.
Que teimosa que era ela.
Haru provou o café e arregalou os olhos
― Está Horrível eu sabia – ela disse sem emoção.
― É o melhor café que já tomei – elogiou – Quero tomar o café da minha Ren para sempre.
Achou que ela fosse ficar feliz com o elogio porém ela lhe lançou um olhar assassino.
Mas não disse nada, agora não podia entender o que ela estava sentindo ou pensando, na maior parte do tempo ela era muito simples, porque agia de forma prática e direta, mas agora não podia entender o que estava acontecendo.
Ela deu a volta no balcão para sair.
― Você não vai tomar o café?
― Depois eu tomo.
Queria perguntar qual era o problema, mas e se a deixa-se mais irritada e se falasse algo que ferisse seus sentimentos?
Era mais fácil fingir que não tinha entendido, pensou desistindo.

Ren se sentia cansada, não havia dormido bem a noite, mas não era só aquilo era?
Haru era um idiota, ela não era sua Ren, não do jeito que queria pelo menos, ela não era dele e nem ele era dela.
― Senhorita Kaido! – escutou o professor chamando.
― Ah Ito-sensei qual é o problema?
― Bom, eu soube que tem tido aulas extracurriculares com os professores palestrantes, e um deles acabou me relatando que teve que tomar um remédio de gastrite por sua causa.
― Porque?
― Acho já falamos dessa sua maneira desleixada para se expressar, agora mesmo você deveria ter falado “Em que posso ajudar Ito-sensei.”
― O que tinha de errado no que eu falei?
― Talvez nada para uma ocidental, mas o Japão é bem diferente do ocidente. – ele explicou – Já decorou os rostos e os nomes dos suas colegas?
― Apenas os nomes, a maioria delas tem um rosto muito parecido, todos os japoneses tem.
― Assim você não vai fazer amigos.
― Mas eu tenho amigos, Kiri e Juuzen. – descordou.
― Sua lista de amigos está pouco diversificada, a senhorita Kondo é uma aluna exemplar, mas não parece ser o tipo que pode te ensinar a ser mais sensível. Enquanto Kurosaki é um idiota.
― Eles são amigos sinceros – disse agora realmente irritada.
Ele não os conhecia de verdade.
― Não estou dizendo que não são, mas a vida social de uma adolescente não pode se resumir a dois amigos.
― Ren! – Kiri vinha com Juuzen – Vamos almoçar.
― Esperem um pouco – pediu – O senhor realmente acha que isso é importante?
― Eu acredito que sim – ele parecia muito certo disso – Já tentou sorrir alguma vez?
― Para que?
― Parecer simpática.
― Isso não me diz nada, não quero parecer simpática. Me parece ser muito artificial.  – apontou.
― Um sorriso não é apenas para fazer com que os outros se sintam bem, tem a ver com você mesma também.
― Acho que nisso o Ito-sensei tem razão – Juuzen disse – Porque não tenta Ren?
Olhou para Kiri.
― Porque não tentar – ela deu de ombros.
Ren respirou fundo e tentou, mas deve ter saído um desastre por que eles ficaram chochados.
― Tudo bem tudo bem eu me desculpo – o professor a interrompeu – não tente sorrir quando obviamente você está irritada, é melhor tentar quando acontecer ou estiver pensando em algo bom. Não teve vontade depois da ultima redação?
― Eu gosto de arroz, mas não significa que vou sorrir para o prato enquanto como.
O professor gemeu.
― Bom temos tempo para melhorar isso, pode sair com seus amigos.
Isso sim era um motivo para sorrir, não aguentava mais aquela conversa.
― O Ito-sensei pegou pesado com você não foi – Juuzen riu.
― E vocês ajudaram – ela apontou.
― Em minha defesa, não achei que fosse tão difícil pra você sorrir – Kiri se desculpou.
― Eu sei de algo que pode faze-la sorrir – Juuzen disse convencido.
― Não sei o que poderia ser.
― O professor esteve falando sobre lugares e comidas que você gosta, mas e pessoas?
― Pessoas?
― Você gosta da gente não gosta?
― Se não gostasse não estaria sentada com vocês.
― Eu sei, apesar da maneira insensível como você diz isso.
― Onde você está querendo chegar com isso Kurosaki? – Kiri perguntou.
― Ei Ren –  ele disse animado – não sente vontade de sorrir quando vê o seu irmão mais velho.
― Quando eu vejo o Haru? – balançou a cabeça negativamente – Não é tão simples assim, eu obviamente me sinto feliz por poder estar com ele, me sinto feliz em ser elogiada e quando recebo carinho, mas esses sentimentos não são transferidos em forma de sorriso.
― Mas e se você....
― Já chega Kurosaki já bastou o Ito-sensei ela não precisa mais disso. – Kiri o interrompeu.
― Eu só queria ajudar...
― De boca fechada você ajuda mais – ela disse.
― Você nunca vai, conseguir um namorado agindo desse jeito!
― Eu não preciso de um namorado, eu vou me formar e ter uma carreira brilhante. E se eu decidir me casar com certeza vai ser com um homem tão bem sucedido quanto eu – ela disse confiante.
― Você vai morrer sozinha!
Ren não prestou mais atenção neles, tratou de comer seu almoço, esperando que eles não se matassem.
Era irônico que havia barulho em todos os lugares que ia, mais estranho era que no fundo não detestava isso.
Quando chegou em casa Haru e Aki estavam “correndo” de um lado para o outro. Iriam receber a noite uns amigos do Haru que estavam fazendo aniversário de casamento. Então ele se desculpou por não poder jantar com ela.
― Pode esquentar o jantar pra você e o Shima? Nós vamos demorar aqui.
― Eu posso fazer isso.
― Boa menina – ele sorriu despenteando seu cabelo.
Teve que usar todas as suas forças para não morder a sua mão.
Shima chegou mais tarde e explicou porque Aki e Haru não iam jantar.
― Soube que você está tendo aulas especiais na escola. – ele disse enquanto comia.
― Estava, foram canceladas porque o professor decidiu que eu precisava aprender a falar e sorrir apropriadamente.
Ele a encarou pensativo, mas não disse nada. Shima era muito diferente dos outros irmãos, nunca o viu gritar ou perder o controle como Aki e Haru.
― No lugar disso, - continuou desanimada – tenho que entregar um registro diário.
― Um registro diário?
― Uma dissertação, para falar fatos do cotidiano, principalmente das coisas que eu mais gosto. Ele acredita que vou conseguir melhorar meu japonês com isso. I'm not sure about that.(Não estou certa sobre isso)
― Ren, quem te ensinou a usar os hashis? – ele mudou de assunto.
― O seu irmão mais velho – respondeu.
― Eu imaginei, você os segura como ele.
Ela encarou os hashis.
― Não foi apenas isso que ele me ensinou. Falar se eu estivesse triste ou feliz, tomar banho todos dias, comer as três refeições, dormir na cama em casa. Pedir desculpas e agradecer como é devido. Coisas felizes e nem tão felizes, o Haru me ensinou tudo isso em um verão.
Não esqueceria nunca e toda a importância que a insistência dele teve em sua vida.
― Ah, está me esperando? – Haru perguntou ao entrar no quarto já de banho tomado.
― Não, eu apenas não conseguia dormir.
Era mentira, estava quase dormindo, não teria resistido por muito mais tempo.
― Ah que cansaço – ele caiu de cara no colchão.
― Eu posso te ajudar?
― Não se preocupe, minhas costas estão doendo um pouco, mas vai passar logo.
― Se você quiser eu posso fazer uma massagem – sugeriu.
Ele ficou por um instante calado então suspirou.
― Se não for incomodo pra você pode fazer.
Subiu nas costas dele, não sabia fazer uma mensagem, mas não poderia ser tão difícil.
― Onde está doendo?
― No meio.
Apertou e apertou.
Ele gemeu.
― Um pouco mais embaixo.
― Aqui? –  Foi até o fim da coluna.
― Isso bem ai, pode colocar mais força não precisa ser delicada.
― Eu não sou delicada.
― Claro, claro – ele riu – Me desculpe por não ter jantado com você hoje.
― Não tem problema, você estava trabalhando. E eu não jantei sozinha, jantei com o Shima.
― Tenho dificuldades em imaginar uma conversa entre vocês dois.
Fez uma careta.
― Normal, estávamos falando de você.
― Estavam falando mal de mim? – ele se virou quase a derrubando.
― Sua consciência está tão pesada assim?
Ele tossiu.
― Não mude de assunto, sobre o que vocês estavam falando?
― Que foi você quem me ensinou a usar os hashis, que você me ensinou muitas outras coisas.
― Ah – ele sorriu – Deu um pouco de trabalho, mas no fim você se deu por vencida e me ouviu.
― Você era muito insistente. Quase podia ouvi-lo dizer:
“Ren! Não pode dormir suja!”
“Ren! Já comeu?”
“Ren, se não está se sentindo bem pode me dizer, eu vou cuidar do seu coração gelado”
― Que cara assustadora, eu achava que essas eram boas lembranças pra você.
― Eu não disse que não eram.
― Então porque continua com essa cara? – ele perguntou, mas não respondeu. Ele riu – Ainda que faça essa cara eu estou feliz e orgulhoso porque aquele filhotinho bravo cresceu tanto.
― Eu não cresci quase nada – disse infeliz.
Ele riu de novo.
― Isso não importa – segurou suas mãos – você é fofa e continua sendo fofa. Você foi a minha aluna mais aplicada, quando olho pra você sinto que meu trabalho não foi em vão.
Ele beijou as suas mãos.
Ren não conteve a vontade de abraça-lo e o abraçou.
― O que foi Ren?
― Você sempre está sorrindo e eu não entendo porque, essa é a única coisa que não pude aprender de você.
― Mas você não precisa se forçar a sorrir – ele disse.
Ela se afastou para olhar naqueles olhos brilhantes.
― O que foi Ren?
Aki e Shima nunca haviam lhe pedido para sorrir, Haru também não. Porque eles sabiam que forçar um sorriso era doloroso.
Quanto manter um sorriso no rosto havia sido doloroso para Haru quando todo o seu mundo havia sido feito em pedaços?
― Haru – segurou seu rosto e lhe deu um beijo na testa – desculpe eu não tinha percebido o quanto você vem se esforçado.
Haru a abraçou, antes que pudesse ver sua expressão.
― Que tipo de ataque surpresa é esse?
― Do que você está falando?
― Que você é a criatura mais fofa da face da terra – ele gemeu.
― Você é um...
Se interrompeu quando ele a derrubou na cama a abraçando com mais força.
― Eu não consigo respirar.
― Apenas me deixe te abraçar, me sinto bem assim – sentiu o sorriso na voz dele – Pode dormir Ren.
Não precisava de mais um convite, apesar de ser um abraço apertado se sentia assustadoramente confortável, mas não era uma surpresa só dormia bem quando estava com ele, e assim gradativamente dormiu presa em seus braços.
Haru sabia que não iria conseguir dormir. Ela parecia muito confortável depois do que havia dito e feito, mas a culpa era sua por ser tão arrogante achando que era o único que tinha algo oferecer, mas o seu coração estava abalado era inegável.
Se levantou com cuidado da cama e foi até a sala onde Shima e Aki estavam assistindo um filme, aparentemente haviam feito as pazes.
― Posso me sentar aqui com vocês? – se sentou entre eles sem esperar a reposta.
― O que foi a adrenalina no sangue ainda não baixou?
― Aumentou depois do ataque surpresa da Ren.
― Ela finalmente pegou você e fez o que queria? – Shima perguntou.
― Como você pode dizer uma coisa dessas?
― Bom, ela é uma garota que sabe o que quer – Aki apontou – e o que ela quer é você.
Ele escondeu o rosto com as mãos.
― Ela é tão fofa, quase me fez chorar – choramingou.
― Deve ter sido uma cena deprimente – Shima disse.
― Não diga deprimente, eu não posso evitar eu a amo.
― Você diz isso agora? – Aki apontou.
Era algo que ele já sabia, mas não podia dizer em voz alta. Nunca achou que pudesse se sentir tão vulnerável com o toque de alguém e tão querido.
Não se importava se preocupava por ela não sorrir, sabia que quando acontecesse seria como uma flor desabrochando.

No dia seguinte...
― Eu não acho que isso seja uma boa ideia – Aki se queixou com Haru encarando a mesa onde estavam Ren e Ai.
― Qual é o problema? – ele perguntou – O Shima está na faculdade, e a Ren se ofereceu para ajudar a Ai-chan de livre e espontânea vontade já que você não iria fazer isso.
― Porque eu não faria não é como se eu detestasse a menina, mas não consigo ir com a cara dela.
― Talvez porque vocês dois sejam parecidos – Haru apontou.
― Não me compare com uma colegial.
― Ok, ok, mas qual é o problema com a Ren ajuda-la? – ainda não conseguia entender qual era a implicância dele com isso.
― Você é muito lerdo mano, não consegue pensar em nada que as duas tenham em comum?
― As duas tem o cabelo curto?
― O que?! Ah esquece eu desisto de você – ele bufou e foi atender os clientes que haviam acabado de chegar.
Haru olhou para as duas de novo, não parecia haver nada de anormal ali, Ren não fazia contato com as outras pessoas tão fácil então aquilo só poderia ser uma evolução certo?
― Eu não queria incomodar, obrigada por me ajudar hoje Ren-chan.
― Sem problemas – deu de ombros.
― Também queria me desculpar por ter causado problemas ao Shima-sensei, meus avós disseram que vocês já tinham problemas demais, por terem perdido eles quando ainda eram crianças.
― Eu não me lembro bem deles, mas imagino o quanto deve ter sido difícil para os gêmeos e o Haru.
― Hum, o Shima-sensei disse alguma coisa sobre mim? – ela perguntou ansiosa – ele deve ter me achado tão egoísta.
Ren a encarou. ela não era tão diferente de si mesma quanto pensava. Não no que se referia ao medo que sentia de pensar em qual era o conceito que a pessoa amada tinha dela.
― Você ama mesmo o Shima? – perguntou.
― Eu amo sim! – ela gritou se levantando da cadeira ganhando os olhares dos clientes.
Ela corou ainda mais.
― Eu amo estudar, como eu amo – riu sem jeito e se sentou dando tapinhas no próprio rosto.
― Se você o ama de verdade não deveria desistir.
― Hã? – ela arregalou os olhos – Então ele disse alguma coisa? Eu tenho alguma chance?
Ela tinha mesmo um gênio como o de Aki, agindo pela emoção e com reações exageradas.
― Ele não disse nada, o mais provável é que te enxergue como uma criança que ele tem a obrigação de cuidar.
A empolgação dela se transformou em desânimo e seus ombros caíram.
― Mas isso não é motivo para que desista, você não será uma criança para sempre e pode ser que um dia ele mude de ideia.
A garota arregalou os olhos e depois de um instante de silêncio, perguntou:
― Ren-chan... Você também gosta de uma cara mais velho.
Ren não respondeu.
― É claro que gosta – ela segurou suas mãos – Você não parece do tipo simpática, mas está me dando sua aprovação porque sabe como me sinto. Obrigada, eu não vou desistir, mas não vou fazer mais coisas estúpidas como a do outro dia.
― Não precisa me agradecer – disse um pouco incomodada com a energia que ela segurava sua mão.
― Claro que sim, e é bom nos darmos bem, já que um dia vamos ser cunhadas – ela disse muito confiante – Ah, quem é o cara de quem você gosta? Aposto que ele é bonito.
Ren viu Haru servindo as mesas e fez uma careta.
― Bonito demais para o seu próprio bem.
Ela seguiu seu olhar.
― Que?!
― O que foi? – perguntou confusa.
― Mas ele é...
― Eu sou adotada ele não é meu irmão.
― Acho que vou precisar de um tempo para me recuperar dessa informação. – Ai disse bebendo água.
Ren nunca entenderia os japoneses, ela não estava praticamente na mesma situação que ela? De que precisava se recuperar?
― Não é que eu esteja criticando, mas pra mim vocês são tão parecidos.
Não, definitivamente não se parecia com ele.

Notas da autora: o Capitulo ficou grandinho, mas é isso hahaha se tiver alguém lendo gostando, por favor avisem a autora, aquele incentivo é sempre bom ❤ eu não tenho dia pra postar mas sempre to atualizando, fiquei mas de uma semana tentando faze...

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Notas da autora: o Capitulo ficou grandinho, mas é isso hahaha se tiver alguém lendo gostando, por favor avisem a autora, aquele incentivo é sempre bom ❤ eu não tenho dia pra postar mas sempre to atualizando, fiquei mas de uma semana tentando fazer com que ficasse bom esse capitulo e espero que tenham gostado kkkk ❤
Até a proxima pessoal o/

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