Capítulo 2.
QUINZE MIL.
O que Vincent fez com quinze mil dólares? E por que ele estava desesperado a ponto de pedir para esse bando de punks?
Por mais que pensasse nisso, era impossível para Wang Yibo encontrar alguma lógica nas ações do pai. Incrível como o homem conseguia tomar uma decisão pior que a outra. No fim, sempre sobrava para Yibo limpar a bagunça dele. Não admira que sua mãe o tenha largado, qualquer pessoa em sã consciência faria o mesmo.
Bruto o puxou para estabiliza-lo no chão, e Yibo gemeu com a dor incomoda que lentamente se apropriava do seu ombro. Um gosto característico de ferro preencheu sua boca e um líquido meio viscoso molhou a lateral do seu rosto. O sangue derramou e escorreu até a cavidade da clavícula. Aquele cheiro nauseante era facilmente reconhecível.
Droga! A pancada tinha sido mais forte do que ele imaginara. Yibo precisava urgentemente convencer esses idiotas antes que eles tentassem mata-lo novamente.
A princípio Pangborn parecia relutante em ouvir o que o garoto tinha a dizer, mas no fim acabou cedendo para a curiosidade. Ele abaixou o tronco, a mão atingida pingando sangue fresco sobre a terra.
— Fale logo, antes que eu mude de ideia! –— a ordem soou idêntica a um rosnado.
— Se conhecem a minha fama como dizem, então sabem que sou famoso por cumprir com os meus tratos — Yibo apertou os cílios e abriu um sorriso perverso. — O dinheiro, quantos eram mesmo...? Nove mil?
— Quinze.
— Eu ouvi treze?
— Não brinque com a sorte — disseram o baixinho e o brutamonte em uníssono.
— Eu assumo a divida dele. Posso conseguir — prosseguiu Yibo — só preciso de tempo.
Pangborn riu com escarnio.
— Seu pai disse a mesma coisa antes de fugir.
— Vincent é muito bom em fugir, ele vem fugindo da paternidade há anos — Wang Yibo deu de ombros, completamente indiferente ao fato, displicentemente ignorando a dor pulsante centralizada ali. — Certo, vamos supor que você o encontre, em seja lá buraco que ele está enfiado, e dê um fim nele. Assim não receberá o dinheiro e ainda correrá o risco de ser procurados pela policia, porque todos nessa maldita cidade conhecem o meu pai. Agora me responda, qual será o ganho nisso?
— O prazer de encher aquele filho da puta de pancada — adiantou-se Bruto.
— Bobagem. Dinheiro é muito mais gratificante do que chutar cachorro morto.
— Mas parece divertido o suficiente pra mim — insistiu o valentão.
Entretanto, Pangborn franziu a testa, reconsiderando. Bandidos infortunados de segunda classe como eles sempre tremiam ao ouvir a palavra "policia" ou "lei" na mesma sentença; eram os seus calcanhares de Aquiles.
Parte da raiva pareceu desaparecer da expressão de Pangborn assim que ouviu aquilo, e ele o encarou com interesse renovado. Yibo sabia se tornar extremamente persuasivo quando queria.
— Eu detesto admitir, mas Ego tem razão — resmungou Pangborn a contragosto, atraindo a atenção dos outros dois. — Viemos até aqui pela grana e não vamos sair de mãos vazias.
Bruto fez uma careta de desagrado e Wang Yibo disfarçou o riso fingindo uma crise de tosse repentina. O que ele poderia fazer? Mesmo na situação de tensão, a frase tornou-se cômica ao ser dita por alguém com, literalmente, um buraco na mão.
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Like a Ghost
Romance"Não existe inocência mais pura do que o nosso doce pecado." Wang Yibo consegue enxergar os mortos. Aos 21 anos, Yibo (vivendo atualmente sob o pseudônimo Ego), é o típico garoto do South Side. Está longe de ser o herói, e não se importa o suficient...