Isso não te pertence.

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Capítulo 3.

Luta ou Fuga. São as duas reações mais comuns em situações de perigo, é o mecanismo intrínseco em todo indivíduo. Fugir ou lutar, ambas as reações são legítimas e buscam a autoproteção.

Mas Wang Yibo não era uma pessoa que utilizava muito da palavra autopreservação, apesar de conhecer o seu significado. Portanto, em uma situação claramente perigosa, ele simplesmente escolheu permanecer parado.

Lá estava ele, entre o risco de uma queda de metros e o dono furioso da casa que acabara de invadir. Entretanto, mesmo diante de duas situações possivelmente fatais, tudo o que ele conseguiu fazer foi cravar os pés no chão.

O coração de Wang Yibo começou a retumbar furiosamente quando o homem se aproximou devagar. A pessoa à sua frente parecia ter saído de um sonho, um fantasma escuro. Quanto mais perto o outro chegava, mais parecia que tudo a sua volta se desfazia, desmoronava, deixando-o estranhamente vulnerável.

Seu olhar passeou demoradamente pelo rosto de Yibo. Por todos os centímetros dele. Uma emoção lhe atravessou a face, mas o garoto não soube identificar o que era.

O estranho esticou a mão para toca-lo na bochecha, como se quisesse testar se o que via era real ou não. A única fonte de iluminação vinha da luz do luar, e ainda assim, Yibo reparou que a mão do estranho era quase inteiramente coberta por tatuagens.

Não eram tatuagens comuns. Eram símbolos e escritas antigas feitas por uma caligrafia de letras cursivas. Em seu pulso havia pontos interligados que mais pareciam constelações, bastante semelhante aos mapas estelares.

Yibo achou aquilo extremamente interessante. Ele poderia se desvencilhar de seu toque, porém não o fez. Ele estava curioso, queria descobrir o que o outro faria a seguir.

Houve um longo e tenebroso período de silêncio e, de repente, uma espécie de fúria primitiva dominou o semblante do homem. Ao invés de tocar no rosto de Yibo, ele desviou a direção para o pescoço.

Maldição! Ele iria enforca-lo.

Em um ato reflexo, Wang Yibo pulou para trás, afastando-se. A mão do homem ficou suspensa no ar, segurando o vazio.

- Devolva o que você pegou! - exigiu ele, um ódio puro e vibrante marcando a voz.

Oh, sim. Por um breve momento hipnotizante Wang Yibo se esqueceu deste pequeno detalhe: ele acabara de assaltar a casa dessa pessoa. E pior! Ele estava com o rosto exposto para o dono da casa que acabara de assaltar.

Era uma maré de desgraças.

— Como entrou aqui?

Wang Yibo não respondeu. Aquele homem parecia pronto para ataca-lo a qualquer momento, havia uma raiva controlada no rosto, sombrio e intenso.

— Esqueça — disse o homem quando tudo o que recebeu em resposta foi o silêncio. — Apenas devolva o que me pertence.

Devolver? Nos seus sonhos!

Pela visão periférica, Yibo somou quantos passos seriam necessários para chegar à grade da varanda. No mínimo quatro, concluiu. Se agisse rápido ele conseguiria correr e saltar até o muro.

Seria um movimento arriscado e com grande possibilidade de terminar com alguns ossos fraturados. Todavia, ossos quebrados curavam bem mais rápido do que a pena judicial que ele receberia caso a policia o pegasse ali.

O homem deu um passo à frente. E mais outro.

- Não vai conseguir fugir daqui - prosseguiu ele, parecia que havia adivinhado as intenções de Yibo. - Por isso, economize o nosso tempo e não tente.

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⏰ Última atualização: Jul 29, 2021 ⏰

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