Poesias de Retalho

direito à fala

ter direito ao microfone ㅤ
a fala da vez é minha ㅤ
preta pobre da favela ㅤ
não tem que andar na linha ㅤ
a linha quem dita é eles ㅤ
faço meu próprio caminho
corto os mato tiro as pedra
corto meio mund'e espinho
deixo tudo muito limpo,
no compasso, eu desfilo
diploma, cabeça erguida
pra quem achava qu'eu ia pra lama: ㅤ
foda-se, venci na vida! ㅤ

destrinchando os preconceito
conceito que estão firmados
se não muda, eu respeito
tem que ser mútuo. Tá interado?
eu sou quem sou, você não dita
e se ditar, vê se edita
não tem verdade absoluta
não sou a pessoa culta
mas se eu rimar, você quem surta
tava esperando eu rimar com surta com puta
mas rimo mesmo é com luta

e na luta vou seguindo
do meu cabelo que c tá rindo?
aguarda o afronte que tá vindo
vi só a poeira subindo
da luta dos capoeira
ruma de preto poderoso
armado dos pés aos dente
metralhando rima aos monte
em métrica, são excelente
os macho atrás, mulher na frente
as mina blackcheadas
vão soltando os pensamento
na rajada de palavra
sinto tanto sentimento
intensivo aprendizado
que sugiro ao Seu Facista:
mah, fica na tua calado!

aqui nós que toca o nosso baile
já tô ouvindo o pancadão
os preto revolucionário,
saca bem dicionário,
afiados pra batalha
as Rima aqui é pancada
misturada com vivência,
força, resistência e coração.

{não temos culpa
se nossa "essência"
rima dor com resistência
mesmo nos corre diário
sofrendo abuso dos otario
pra comer no fim do dia
um pedaço de pão.

ou tu tá tapando os olhos
pra tod'essa situação?}

Mariele presente
Deuselina presente
teu machismo presente
tu terá na boca ausente
os pouco dente que te resta
dobra a língua pra dizer que
a mina da esquina não presta
tu invade privacidade
mata, estupra, covarde
e ainda faz alarde
da nossa manifestação?
ela morreu com 4 tiro ou
espancada... sem sorte
mas marcado em mim está

mulher perifa e preta
não é só mulher guerreira
é mulher forte

é a voz que não se cala
nem depois da sua morte