re-cortes diários

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anexei aos arquivos de minha memória esquecida
um band-aid pra de alguma forma abafar minhas ferida
sorriso cansado, alma em retalho
tentei não rimar mas o meu vício por verso
fez o ato inverso invadir meu versar
às vezes eu não controlo, desmonto as paredes
que construí em meus ombros
carrego dentro de meus olhos
lá no fundo diversos assombros
às vezes dá vontade de cair umas lágrimas
enxugo engulo pra continuar
às vezes dá vontade da lavar a alma
passarinho voando ao longe levando o seu cantar
as parede daqui de casa já também nem me escutam mais
sem ouvidos, sem boca, sem olhos um vazio dentro de mim me consome
como faz se mesmo dentro de uma cultura às vezes me sinto com fome
falando em fome me olham e pensam, tão gorda mas fala de comida
eu observo vários olhares e aqui dentro minha mente martela nas mesmas ferida
as coisas não cicatrizam só porque um ou outro que quer
as palavras não são esquecidas depois das desculpas
e alguns contratos já não permanecem de pé
diariamente cansada
mente cansada
corpo se esgota
ainda lembro como se fosse hoje quando eu batia nas porta
não falo minha história, às vezes eu nego
fingindo tá bem, taco na cara um sorriso sincero
eu sou empolgada, mas por dentro quebrada
vivo com band-aid por toda minha alma
os dias se passam, os rios levam tudo
até o corpo do menino, que enfim, permaneço em luto
e o que são os frutos que vou colher quando o dia acabar?
ou será que pra colher esses frutos, o grito engulo junto com meu chorar?

Poesias de RetalhoWhere stories live. Discover now