I- Piloto.

25 3 0
                                    

Escuto ruídos atrás de mim, sinto que minha barriga está doendo pois o tronco aonde me escondi é um tanto apertado. Espero que ninguém me veja mas, de qualquer forma, rasguei o vestido pesado que estava a usar e deixei as botas no caminho, elas continham um grande salto e eu estava começando a sentir calos se formando em meus pés. Mas eu já perdi tudo mesmo não vai ser uma simples bota que irá me deixar amuada.

Eu vou perseverar, vou correr até conseguir achar alguém de boa fé e pedir ajuda, espero conseguir sair desta grande enrascada. Reparo que finalmente um grande silêncio se alastra, permanece apenas o som das árvores e de corujas, vou saindo aos poucos desse tronco e tomando extremo cuidado com a minha pequena barriga, estava deitada de bruço e o tronco és bem apertado e quando me levanto já sinto um leve desconforto.

Coloco a mão sobre minha barriga, tocando-a gentilmente como se tivesse tentando de alguma forma saber se meu bebê está bem, mas vejo que cometi um grande erro, devia ter corrido e depois me preocupado com o meu bebê, mas desde que eu soube que estava grávida, de imediato me preocupei mais com o bem estar do meu filho, meu filho...

Ou pode também ser uma doce menina, o que estou pensando? Preciso correr. Logo em que me viro vejo que o barulho de galhos, em minutos atrás em que estava pensando no meu bebê, não era um barulho inofensivo de um animal, mas sim uma grande fera que me olha com os olhos estralados em quanto estou com a mão em minha barriga, que agora, está um pouco mais amostra já que rasguei o enchimento do vestido.

Ele abre a boca mas logo fecha, eu não sei o que faço, se fujo ou se fico parada esperando o pior acontecer, mas se por acaso eu correr e ele me alcançar? Não, não posso ser pessimista numa hora dessas. Devo correr o mais longe possível deste monstro, ele nunca aceitaria este bebê. Irá mandar matá-lo ou até mesmo a mim, mais provável que se eu ficar esperando nós dois morreremos.

Mas ao contrário dele, eu sim, quero a minha criança e vou protege-la com unhas e dentes nem que isso me custe absolutamente tudo. Reparo em seu semblante enquanto está parado me analisando friamente, ele parece estar paralisado, tentando processar tudo aquilo, aproveito sua fragilidade e corro o máximo que posso para o outro lado.

Ouço um grito ensurdecedor me fazendo levar um demasiado susto, me sobressalto e sinto um grande tremor de medo, meu corpo inteiro se arrepia.

- ROSALYN WILLER.- estremeço escutando está voz que me parece estar a alguns metros de distância, tropeço naquela grama escura e alta, começa a surgir várias lembranças na minha mente e as lágrimas começam a cair finalmente. Mas não, eu preciso me manter firme, meu filho é mais precioso e mais importante do que tudo isso.

Atravesso aquela imensa floresta até minhas pernas e meus pés começarem a latejar, minha boca está seca e não consigo respirar direito, necessito parar. Me apoio em uma árvore grande e oca, me sento ouvindo apenas o barulho do meu pulmão enlouquecido por falta de oxigênio. Mas começo a andar novamente por um mero caminho de pedras pretas, olho para cima com a mão no rosto e já vejo o sol vindo trazer mais um dia quente, estou com a boca seca de sede e minha barriga não para de roncar, sinto tanta fome. Oh, a miserável fome. Ficaria feliz por um modesto pedacinho de pão seco. Comeria como se fosse a coisa mais saborosa deste mundo.

Caminho custosamente pela estrada estreita, e vejo ainda mais curvas distantes mas nenhuma casa. Sinto que não vou poder aguentar mais, um calor tão abundante que se tivesse uma pequena poça no meio deste grande caminho, já estaria jogada dentro da mesma. Me ajoelho no chão completamente exausta, eu não...

(...)







Um clarão intenso se instala em meus olhos e vejo que estou em um quarto, humilde, mas com certeza bem iluminado, ou talvez seja meus olhos que estejam sensíveis. Escuto um ronco alto vindo da minha barriga e piora ainda mais quando sinto o leve cheirinho de comida fresca, talvez beterraba ou... Hum, hum... Tomates?

Esfrego meus olhos com as mãos e pisco pausadamente, minha visão está péssima mas logo que me recupero fico tentando saber aonde eu possa estar, mas não identifico nada conhecido. Vejo ao meu lado um pote aparentemente feito de barro, contendo uma sopa espetacurlamente cheirosa. Ataco aquilo sem pensar se está quente ou não, apenas a bebo e quando percebo que está um tanto quente começo a bebericar suavemente.

- Oh menina, já está despertada? A senhorita continha uma aparência tão pálida, que estava a acreditar que só iria acordar no próximo dia.- ouço a voz aveludada e um pouco rouca ao meu lado, e quando viro o rosto vejo ser uma senhora sorridente apoiada a porta, me parece ser uma alma boa, eu espero.

Me levanto para pedir desculpas por qualquer incômodo mas uma forte dor de cabeça me para e me seguro no criado mudo aonde continha a sopa.

- Mas por Deus menina, não está disposta ainda, é melhor sentar ou dormir mais um tanto.- a senhora me olha preocupada e eu só consigo dizer "perdoe me".

(...)








Ouço vozes no quarto ao lado e começo a abrir os olhos vagarosamente, sinto o meu corpo inteiro dolorido mas tento sentar na cama de solteiro macia. Poderia ficar desacordada por mais um bocado de tempo mas lamentavelmente a realidade é está. As vozes estão cada vez mais alta e começo a prestar atenção no que estão debatendo.

- Está mulher não irá ficar aqui! Não estás a enxergar? Ela contém um bebê em seu ventre, cadê o pai desta criança? Deve ser uma vergonha, a jogue aonde a encontrou.- ouço uma voz grossa proferir essas barbaridades, me aparenta ser a de um rapaz noviço.

- Já basta! Meça bem as palavras quando for falar comigo rapaz. Seu avô ficaria muito desenganado. Irei ajudá-la e está será minha palavra final.- ouço a senhora de horas atrás se pronunciar, e um vasto sentimento de esperança e felicidade se alastra dentro de mim.

Ouço mais alguns passos em direção ao meu aposento mas fico sentada aonde estou, esperando algo bom acontecer, o que acredito ser difícil se suceder.

- Vejo que está acordada novamente, queria apenas dizer que poderá ficar aqui o tempo que precisar. Perdi meu marido faz alguns anos e até então moro sozinha, se desejar a porta estará aberta para você.- a senhora diz com um sorriso no rosto, mas de qualquer jeito estou achando tudo isso muito esquisito.

- Sem querer escutei a vossa conversa e desde agora peço perdão, mas seu neto tem razão, estou carregando um filho sem pai, isso trará vergonha a sua família.- falo com a cabeça baixa extremamente envergonhada.

- Pode confiar em mim menina, não tenho mais nenhum parente vivo e não tive mais nenhum neto além de Stefan. Ficarei mais do que grata em te ajudar a criar está criança. Sou apenas uma velha carente.- ela ri meio acanhada mas logo em seguida sorri docentemente, parece que contém verdade em suas palavras, mas oque estou querendo exigir? Até ela chegar em minha pobre vida não existia ninguém por mim, ou que se propusesse a me ajudar. Então acredito que toda ajuda verdadeiramente sincera será bem vinda.

Sinto uma sensação imensa de alívio em meu peito, estou a acreditar fortemente que tudo ficará melhor, que agora estaremos bem, eu e meu bebê teremos possibilidade de sermos felizes, com ele ou sem ele.

Ascensão Real Onde histórias criam vida. Descubra agora